sábado, 29 de março de 2014

Génio Precisa-se

As crendices, mas também o génio, ficam sempre mais arreigados em períodos de grande aflição, de crise profunda, de desnorteio, terror e sofrimento.


Bons exemplos disto são a Idade Média e o Renascimento, sofrivelmente retratados na série “Os Demónios de Da Vinci”. Foi, porém, essa mesma série que me despertou a vontade de escrever sobre isto já que ao observar a ignorância em que se vivia e o terror por ela despertado; ao observar o poder que advém do conhecimento quase exclusivo, senti que nos tempos que correm o medo está a voltar porque a ignorância, ainda que a outro nível, afinal mantém-se. Porque o conhecimento, agora exigentemente muito mais vasto, contínua a ser símbolo de poder e a permanecer quase exclusivo.


De pouco serve, ao que parece, termo-nos transformado em povos mais cultos se a cultura que nos têm vendido nos molda a seu favor. De pouco serve se nos continuam a esconder conhecimento – e continuam. Tal e qual como na Idade Média. Mas, pior do que isso é este retorno vestido de cores um pouco mais garridas. Este retorno do medo; das crendices; das doenças endemoniadas. Este desespero que nos faz recorrer de tudo o que promete alívio – ainda que fugaz. E o desespero que passa por cima do desespero alheio – que esquece moral, que esquece ética, que esquece amor, amizade, virtude, confiança, carinho...que esquece tudo porque só se lembra da dor, do sofrimento e corre, corre por cima de tudo e de todos os que se atravessarem à frente e busca, cheira, como um predador, a aflição alheia para dela se aproveitar.


Se isto não é um regresso ao pior que Idade Média teve para nos oferecer, não sei o que será.

Eu, rezo para que o novo Renascimento chegue - se não a tempo para que eu dele desfrute, ao menos para os meus filhos. Que o novo Renascimento chegue ainda no tempo dos meus filhos. Porque se a História se repete - e tudo indica que sim -, vai haver um dia em que ele chegará.


segunda-feira, 24 de março de 2014

Toca mas é a acordar!

A História é feita de pequenas histórias que se vão sucedendo num tempo e num espaço que, afinal, nos são alheios ou nos passam despercebidos. Centramo-nos no nosso – tempo e espaço – e lá mumificamos, nascendo, vivendo e morrendo sem nos termos praticamente mexido. Os mesmos. Sempre os mesmos. Crédulos num destino incontornável; conformados com todas as realidades que nos são oferecidas - a maior parte das vezes sem nos consultarem, sem saberem, até, de que é que gostamos, com que é que sonhamos - ; presos por “verdades” que não são as nossas, sendo que essas ou já esquecemos ou nem sequer chegámos a lembrar.

Até que ponto adormecemos nas constantes distracções do dia-a-dia? E se Jesus Cristo tivesse razão? E se nós fossemos muito mais do que isto? E se, dentro de cada um de nós existisse, latente, o divino?


terça-feira, 18 de março de 2014

O grito do Ipiranga em versão tuga

A vida não está nada fácil e o dinheiro, que é cada vez mais escasso, parece composto de matéria volátil que se esvai em menos de nada - não há muito tempo cheguei mesmo a temer bolsos rotos mas depois percebi que nem todas as peças de roupa têm bolsos e que mesmo que os tivessem não é lá que guardo os parcos tostões com que me remedeio até ao final do mês.

Ora, como se isto não fosse suficiente, tenho à perna certas entidades credoras de somenos importância como, por exemplo, a ONEY e o seu cartão Jumbo+ cuja única e verdadeira vantagem é a de me poupar às filas intermináveis das caixas registadoras. Ora, estes simpáticos e prestáveis amigos a quem pago religiosamente todos os meses sem nunca – NUNCA -, em todos estes anos, que já são bastantes, ter deixado de o fazer, dizem-me agora que precisam que volte a preencher os papelinhos porque entendem, depois de uma análise cuidadosa não sei bem a quê, que talvez – TALVEZ -, eu constitua um risco financeiro.


Pois bem, dado que a vida, como comecei por dizer, não está nada fácil e o meu desejo de liberdade é cada vez maior, creio bem que será mais uma entidade à qual fecharei as portas, sendo que, devagarinho e ao ritmo das minhas possibilidades, as fecharei também ao banco com os seus cartões de crédito, de débito e do raio que os parta a todos, eu seja cãozinho se não for capaz de me libertar desta gente.

quinta-feira, 13 de março de 2014

E se...

...de repente, e finalmente, compreendêssemos e manipulássemos todas as possibilidades?

Se, de repente, e finalmente, conseguíssemos moldar o mundo, o nosso mundo, o mundo de cada um de nós, à nossa maneira, à maneira de cada um de nós?

Quão assustador isso seria?! Que monstruosa liberdade! Que insuportável responsabilidade!


O que faria cada um de nós se descobrisse, de repente, essa possibilidade? Descansaria tranquilo? Fugiria? Esconder-se-ia? Enrolar-se-ia sobre si mesmo? 

Ou, com toda a coragem e determinação, mudar-se-ia a si e ao seu mundo?