As
crendices, mas também o génio, ficam sempre mais arreigados em
períodos de grande aflição, de crise profunda, de desnorteio,
terror e sofrimento.
Bons
exemplos disto são a Idade Média e o Renascimento, sofrivelmente
retratados na série “Os Demónios de Da Vinci”. Foi, porém,
essa mesma série que me despertou a vontade de escrever sobre isto
já que ao observar a ignorância em que se vivia e o terror por ela
despertado; ao observar o poder que advém do conhecimento quase
exclusivo, senti que nos tempos que correm o medo está a voltar
porque a ignorância, ainda que a outro nível, afinal mantém-se.
Porque o conhecimento, agora exigentemente muito mais vasto, contínua
a ser símbolo de poder e a permanecer quase exclusivo.
De
pouco serve, ao que parece, termo-nos transformado em povos mais cultos se a cultura que nos têm vendido nos molda a seu favor.
De pouco serve se nos continuam a esconder conhecimento – e
continuam. Tal e qual como na Idade Média. Mas, pior do que isso é
este retorno vestido de cores um pouco mais garridas. Este retorno do
medo; das crendices; das doenças endemoniadas. Este desespero que
nos faz recorrer de tudo o que promete alívio – ainda que fugaz. E
o desespero que passa por cima do desespero alheio – que esquece
moral, que esquece ética, que esquece amor, amizade, virtude,
confiança, carinho...que esquece tudo porque só se lembra da dor,
do sofrimento e corre, corre por cima de tudo e de todos os que se
atravessarem à frente e busca, cheira, como um predador, a aflição
alheia para dela se aproveitar.
Se
isto não é um regresso ao pior que Idade Média teve para nos oferecer, não sei o que será.
Eu, rezo para que o novo Renascimento chegue - se não a tempo para que eu dele desfrute, ao menos para os meus filhos. Que o novo Renascimento chegue ainda no tempo dos meus filhos. Porque se a História se repete - e tudo indica que sim -, vai haver um dia em que ele chegará.
1 comentário:
~
~ Eu vislunbro nos alicerces de todas as manifestações de desequilíbrio, o medo que persiste na humanidade.
~ Um sentimento muito primitivo, animal, relacionado com a conservação da espécie: o medo da falta de sustento, de abrigo e de paz.
~ Precisamos, sim, de um génio que resolva o problema humanidade, mas não ao nível do conhecimento que já dispomos a um clique eletrónico, mas de uma inteligência raríssima, capaz de resolver o problema da Economia mundial.
~ Quando todos tiverem assegurado o essencial e uma vida digna, a humanidade conseguirá uma época verdadeiramente renascida e iluminada. ~
~ ~ ~ Abraço. ~ ~ ~
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