Seja lá de que maneira for,
ir aos figos é sempre muito agradável - goste-se ou não dos ditos.
Neste caso a referência
pretende ser literal. É fruta que,
sempre que posso, não dispenso. E viver num lugar onde as figueiras abundam e
deixam cair os ramos, e os frutos, para fora dos quintais, é um privilégio.
Todos os dias passo por
várias. Observo-os, aos figos, e penso que com ou sem companhia lhes hei-de
deitar a mão - assim que amadurecerem.
Já consegui saborear dois.
Eu sei, é coisa pouca. Mas prefiro deixá-los amadurecer um pouco mais. Prefiro
que absorvam todo o sol que puderem porque a fruta, tal como o amor, é boa
quando está madura e alberga, dentro de si, o calor e a energia de um raio de
sol.
Mas nem tudo é como se
espera e os figos, cujo crescimento tenho vigiado, os figos pelos quais
pacientemente tenho esperado, estão a sucumbir a esta chuva fora de horas.
Esta água que cai do céu
desprevenida e despropositada retrai os frutos e fecha-os, como aos homens, dentro
de cascas mirradas deixando-me sem figos e sem homens mas na esperança, sempre
na esperança, que haja quem sobreviva às intempéries e, sem medo, amadureça
para mim.
1 comentário:
Podes não colher muitos figos, mas o aroma da figueira esse não se esconde e é delicioso.
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