"O apego
fere a alma da mesma forma que a traição fere o corpo. Ambas as exacerbações ou
desequilíbrios geram violências. A violência à alma é contra a própria vida, e
responde pela depressão; ao corpo, por sua vez, se expressa contra o mundo
externo, no ódio e na vingança."
Bonder, Nilton, A Alma Imoral
E quem é que se pode gabar de nunca
ter sentido uma e outra coisa?! O apego é a forma mais primitiva de amor, a
mais brutal, aquela que leva infalivelmente à traição, já que nunca é
correspondida porque só pede, só exige, e pouco ou nada dá. Quem ama assim é
sempre atraiçoado, mesmo que não seja.
Poucas coisas são tão difíceis na
vida como a conquista de um equilíbrio entre a depressão, o ódio e a vingança,
de forma a podermos caminhar rumo ao desapego e à aceitação da inevitabilidade,
e até da importância, da traição. Sem ela não há evolução. Sem eles - o
desapego e a traição -, não há evolução.
Só quando traio o status quo, quando tenho a coragem de questionar a ordem vigente é que me liberto, é que saio do meu conforto para o
desconhecido. Só traindo cresço e, para isso, tenho de aprender a amar, tenho
de sair de mim, do meu papel, daquele papel que atribui a mim mesma ao longo da
vida pela forma como me fui vendo, a mim, aos outros e ao mundo.
Tenho de sair de mim e olhar tudo com
um novo olhar. Tenho de reescrever a minha história. Só assim crescerei. Só
assim serei feliz e farei feliz quem me rodeia.
1 comentário:
~~~
~ As emoções de ordem psicossomática...
É impossível fazer uma leitura tão linear e
racional, como fez o rabino Nilton Bonder.
~ Gosto da sua dissertação, em especial o
que concerne ao último parágrafo.
~~~ Dias muito agradáveis. Beijinho. ~~~
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