Dos refugiados sírios
Há coisas que não podem ser
levadas de uma forma leviana e esta é uma delas.
Esta gente anda a fugir de
uma guerra sem quartel. Anda a fugir da morte, da maior das misérias, do horror
que uma guerra semeia, e fá-lo com os filhos às costas.
Esta gente luta para salvar
a prole da guerra e da fome. Há até
quem defenda que esta guerra começou exactamente com uma seca sem antecedentes
na história da Síria que transformou a zona agrícola num verdadeiro deserto.
A Síria era um país estável.
Onde se vivia normalmente apesar da ditadura. As pessoas trabalhavam, alimentavam-se, divertiam-se e
criavam os filhos pacificamente.
Dos portugueses
Por cá não há guerra. Mas
também não abunda o trabalho. O desemprego cresceu consideravelmente e as
pessoas passaram a ganhar menos e a pagar mais impostos. O número dos
sem-abrigo aumentou e desconhece-se o número real daqueles que passam fome
porque continua a existir, por aí, muita pobreza envergonhada.
Somos um povo que viveu uma
ditadura de quase 50 anos de que poucos se lembram mas que continua no nosso imaginário colectivo, deixando-nos de
pé atrás. Afinal de contas, e apesar dos pesares, somos hoje um povo livre que
pode rezar a quem quiser, vestir o que quiser, dizer o que quiser mesmo que
sejam disparates, e não queremos perder essa liberdade. Aliás, não o saberíamos
fazer. Pelo menos eu, pela parte que me toca, estaria disposta a morrer por
ela.
As mensagens que recebemos
sobre o povo muçulmano em geral, venham elas de onde vierem, não são as
melhores. A forma como esta religião trata as mulheres é, em certas zonas do
mundo, absolutamente escabrosa; o fundamentalismo de certas facções muçulmanas é
medieval, e as notícias constantes sobre terroristas que entram disfarçados na
Europa onde montam, muitas vezes, quartel, leva muitos de nós a questionar até
que ponto corremos riscos com esta entrada em massa, não apenas no nosso país
mas na União Europeia.
Da humanidade
Cristãos, islâmicos, hindus, budistas, jainistas, confucionistas e mais as outras
centenas de fés que eu não conheço, têm uma coisa em comum – são humanos.
Pertencemos todos à mesma espécie e, apesar de ser creio que a única a matar-se
a ela mesma ao ponto do genocídio, é também a única capaz de coisas
extraordinárias como a extrema humanidade onde se alberga o amor infinito e a
compaixão.
Do medo
Eis o único mal que pode dar
cabo de toda essa humanidade! O Medo! O Medo é, tantas vezes, a nossa desgraça.
Aquilo que nos impede de sermos maiores, de irmos mais longe. Pensem em todos
aqueles que o conseguiram e vejam o que é que eles deixaram de ter: Medo.
Nós não estamos em guerra.
Não sabemos sequer o que é ter a guerra instalada no nosso país, ver as cidades
e os campos destruídos, as nossas crianças mortas nas ruas.
Estes refugiados, estes
migrantes vêm de uma situação pior do que a nossa. Uma situação que eles
próprios não previram como nós não previmos aquela em que estamos agora e não
podemos prever aquela em que estaremos amanhã. Sejamos então humanos. Sejamos
fiéis à fama que sempre tivemos de povo acolhedor, de bom anfitrião. Afinal de
contas não é a primeira vez que nos entra gente pelo país adentro e nós
continuamos por cá.
E se, por qualquer estranho
acaso, no meio deles entrarem terroristas, nós estamos aqui para lhes fazer
frente. Afinal somos ou não somos descendentes de Viriato?
1 comentário:
~~~
~~~~ Concordo.
~~ Grande abraço.
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