Todos nós somos antagónicos. Todos procuramos, incessantemente, dentro e fora de nós. Todos somos múltiplos. Neste espaço, é a minha multiplicidade que se manifesta.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Ao meu filho
Coração de mãe
Pois eu ontem tropecei. Tropecei logo de manhã quando acendi a televisão à hora do pequeno-almoço, como sempre o faço para ver as notícias, e vejo que no Chile houve mais um terramoto. A Terra não se cansa de nos assustar! E o meu filho está por lá, por aquelas paragens. Sem telefone; só com a Internet, que não é pouco se a ela tivesse acesso diário, mas não tem.
Passei o dia a olhar para as páginas do Facebook, à procura de notícias; a imaginar caminhos; a tentar perceber onde estaria ele aquando da tragédia. De mais esta tragédia.
Só hoje tive notícias: «Sobrevivi ao terramoto…», diz ele e eu acredito. Mesmo sem o ver acredito porque senão como estaria a escrever. Mas o meu coração pede mais – ouvir a sua voz pelo menos, que há tanto tempo já que não a oiço.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
O mito de «no meu tempo não havia nada disto»
Saio dessas aulas mais cansada por eles do que pelo professor a quem, afinal de contas, pago para que me canse. E não se pense que se paga pouco só por se tratar de uma Instituição Estatal! paga-se, e paga-se bem.
Pelas conversas são espécies recentes, já que há alguns anos atrás um aluno universitário era já um adulto responsável e atento a tudo o que se lhe quisesse ensinar, sendo que para um professor com falta de paciência estaria fora de questão dar aulas noutra instituição que não fosse superior.
Hoje em dia, ao que parece e segundo consta, muitos já fogem a sete pés das licenciaturas, principalmente dos primeiros anos. Muitos professores, bem entendido.
Por questões profissionais tenho em mãos uma obra, que sairá em breve, da Penelope Fitzgerald – A Flor Azul.
Sugiro que o Instituto da Educação da Universidade de Lisboa contrate, para este tipo de gente, um professor de olhos esbugalhados porque, ao que parece, o mal não está nos tempos mas tão só em certas pessoas. Ele, o mal, é intemporal. Tal como a falta de educação e o desrespeito.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
A inexistência do amanhã
«A única coisa que há a temer é o amanhã. E eu não vivo no amanhã.»
Da mendicidade
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Solidariedade
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Ele há coisas que nem título merecem...
O dia foi tão cheio de merdas, e eu que nem sou pessoa de dizer asneiras hoje disse uma muito pior do que esta que aqui vos deixo, que eu nem sei se as hei-de enumerar ou deixar-me ficar calada, até porque recordar é viver e ele há coisas que não vale a pena viver duas vezes.
Portanto fica aqui esta breve síntese porque desde os xicos espertos que às sete e meia da manhã passam por dentro da bomba de gasolina só para ganharem uns quantos lugares numa fila onde os restantes tansos esperam o dobro por causa deles; a passar pelo escandaloso serviço da Vodafone Empresas, e ponham escandaloso nisso e a acabar no enterro do candeeiro da sala que pifou de vez (o resto fica espalhado pelos entretantos), o dia foi cheio, oh se foi!
domingo, 21 de fevereiro de 2010
sábado, 20 de fevereiro de 2010
O que eu queria mesmo
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Toda A Verdade
Porque é que pensam que a pianista Maria João Pires se foi embora?! E a morte súbita da Rosa Lobato de Faria?! Ah! Pois é! Ary dos Santos previu isto tudo! Diz-se até que quando morreu as suas últimas palavras foram: «Não digam que não vos avisei!» Ele já sabia! Porquê?! Porque este Governo já existe na sombra há muitos anos meus amigos! Há muitos anos! Isto está tudo planeado desde o início! E vocês vão ver o que ainda aí vem! Vão ficar de boca aberta quando a Comunicação Social vos bater à porta a pedir explicações sobre aquela conversa que tiverem no outro dia no café! Lembram-se?! Vão ter de lhes explicar tudo! Tudinho!
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Blá blá blá...
E entreguei-me à fantasia do Lost.
Segui a minha própria vida.
A política cansa-me. A política de hoje, entenda-se. Cansa-me. Cansa-me como me cansam as reuniões de Tupperware ou as conversas de ocasião. Tal como estas, nada acrescenta à minha medíocre sabedoria.
Das convenções
Por vezes agarramo-nos demasiado a convenções e esquecemo-nos que as convenções são feitas por nós mediante determinado estado político; social e económico. As convenções servem culturas e eras, seguem-nas. Pelo que sempre que há alterações, levamos algum tempo para lhes ajustar as devidas convenções.
Estamos em época de mudanças algo profundas. Raras são as vezes que aqueles que as vivem se apercebem disso. Geralmente só quando é possível fazer História lhes damos nomes e as caracterizamos – às épocas e às mudanças.
Todas as gerações presentes numa mudança se sentem confusas e inseguras. Pressionadas pelas convenções não compreendem porque é que tudo rema a desfavor daquilo que era suposto ser.
As convenções, como quase tudo do nosso dia-a-dia, foram estabelecidas por homens e mulheres que já cá não estão, pelo menos na sua maioria. Se há coisa que o Homem tem é a liberdade de escolha; a liberdade de decisão. Hoje vive-se mais tempo; envelhece-se mais tarde; os recursos são muitos mais e muito superiores àqueles de há um século atrás, ou nem tanto. É tempo de novas convenções. É tempo de adaptação. É tempo de mudança. A vida está aí – para dela fazermos o que muito bem nos aprouver.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Coisas...
Esta atitude acaba por me afastar dos sentimentos que os acontecimentos me despertam. Racionalizando-os, procuro as razões dos outros desconsiderando o mal ou as dores que a mim me causam. Não sei, não percebi ainda, se isso alivia ou se acentua, mas temo bem que, em certas circunstâncias, acabe por acentuar. Uma dor não desaparece só porque não lhe damos importância, ainda que, em muitas circunstâncias, isso possa minimizá-la. Parte da existência de algo depende também da dimensão que lhe atribuirmos. Mas é só parte – a parte possível de controlar. O restante existe, quer queiramos quer não. Por isso há coisas que nos doem, independentemente do que delas quisermos pensar ou fazer.
Todos nós inventamos, ao longo da vida, truques para nos protegermos. Ninguém gosta de ser magoado. As dores custam a todos. Talvez esta racionalização seja o meu truque. De facto, muitas vezes, são aqueles que aparentam mais solidez os mais quebradiços.
Desde garota que as pessoas me traem. É claro que estas generalizações são sempre perigosas e exageradas. Muitas vezes basta uma grande traição para nos marcar para o resto da vida, como aqueles ferros com que se marcavam antigamente os escravos - impossíveis de apagar. O pior é que são marcas assim que nos moldam e servem tantas vezes de suporte àquele em que acabamos por nos tornar. Quem sabe são essas primeiras marcas que chamam outras – uma vez escravo, para sempre escravo. Que as pessoas acabam quase sempre por me entristecer, é um facto. Mas com a tristeza posso eu bem, o pior são aquelas capazes de me arrancar o coração! Aquelas que têm sobre mim esse poder. Aquelas que fazem parte de mim. Se calhar por isso é que abro a porta a tão pouca gente…aliás, cada vez fecho mais portas. Por este andar, acabo sozinha.
Comparações
domingo, 14 de fevereiro de 2010
O dia dos namorados e a desmancha prazeres
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Desabafos
Criamos os filhos para os dar à vida. Tentamos prepará-los para ela e sentimos orgulho quando os vemos capazes.
Não é que seja mau. Já passei por coisas verdadeiramente más. Sei distinguir. Esta é boa. Não é a primeira vez que passo por ela. É boa.
O meu filho anda por lá, embrenhado na selva a tratar de pumas e a aprender a construir esgotos numa aldeia que não tem água canalizada. Juntou-se a uma equipa de voluntários daquelas que acredita que pode fazer a diferença. E faz. É bom. É motivo de orgulho. E é orgulho aquilo que sinto.
Mas ando há duas semanas a fugir de limpar a casa, como se fosse incapaz de anular de uma só vez os vestígios que deixou. Como se em cada grão de pó eliminado, um pouco dele voasse também; como se em cada bocado de chão lavado os seus passos desaparecessem. Assim, não limpo. Vou limpando. Aos poucos. Hoje mais um bocadinho.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Peter Gabriel
Vai-se a ver e é disto tudo junto...
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Doida por eles
Ninguém escreve ao Coronel...
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
O síndroma da pequenez
Neste momento creio que o vírus das terras pequenas se espalhou pelo meu pequeno Portugal. Ou isso ou sofremos todos do síndroma desta pequenez continental que na verdade nunca descansou, nem mesmo enquanto fomos, consideravelmente, maiores.
Do medo
As incertezas são o sal da vida, não me queixo; não duvido. Mas são elas, também, que me arrasam o coração; que me pregam nas mãos este tremor; que me trocam os passos; que me plantam na alma o medo de me perder pelo caminho; o medo de não chegar, eu! Eu que sempre disse que é o caminho que interessa! Chegar ou não, aqui ou ali, logo se verá. O que interessa são as cores que encontramos; as estradas; o sol e a chuva; as gentes que connosco se cruzam. Isso é que interessa.
Então porquê este medo agora?! Este medo de acabar torta; de não conseguir lá chegar; de não ter tempo; de ser já tarde?! Este medo que não me serve para nada a não ser para me atrasar ainda mais; para me atrapalhar. Este medo que só me prejudica! Esta merda deste medo capaz de estragar, ele sim, todos os passos do meu caminho; todos os verdes; todos os sóis e até as pedras! Este medo capaz de tomar conta de mim!
Estamos numa era de ciência e de tecnologia. Numa era rica em descobertas e invenções.
Vou lá fora. Vou entrar em todas as lojas; em todas as farmácias e para farmácias; em todas as drogarias que encontrar. Nalguma encontrarei, com certeza, um remédio para o meu medo e, se por acaso se tiver esgotado, vou correr todos os jardins até encontrar a árvore do antimedo. Depois apanho um ou dois frutos e como-os. Um ou dois. Penso que será o suficiente...
I will survive
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Falsidades
A última vez que falei com esta pessoa, há muitos anos atrás, foi para o ouvir dizer que era melhor eu cancelar a visita que tinha programado à sua mulher doente, convém que se diga que ambos são conhecimento de juventude, porque a sua vizinha, mulher de um muito ex-namorado meu, aliás do meu primeiríssimo namorado, poderia não gostar de me ver por lá!
Recordo-me que nessa altura, aquando do tal telefonema, vieram-me lágrimas aos olhos e pensei – como é que é possível?! Tanta insegurança! Mas o que mais me doeu foi a atitude deste meu suposto amigo, que segundo me tem chegado aos ouvidos é um homem zen; adepto da cultura oriental e todo voltado para a paz, para a harmonia e para o perdão. Imaginem!
Hoje, e porque estava na companhia de alguém para quem liguei, pediu para me falar e cumprimentou-me como se de um velho amigo se tratasse. Como não sei fingir e nem a voz disfarço, percebeu com certeza o que me vai na alma. Tanto mais tratando-se de alguém com tanta experiência em vibrações…
Do meu País
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Renúncia
Ou isso ou a triste realidade de olhar em volta e não encontrar ninguém que valha a pena.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Paternalismos
Do pretensiosismo
O pretensiosismo manifesta-se nos nomes pomposos; nos maneirismos afectados; na escolha de obras de arte pela sua cotação de mercado; na vacuidade das opiniões; na superficialidade dos sentimentos; nos olhares de cima para baixo, ou de lado, tanto faz e num certo sotaque, tão ou mais afectado do que os maneirismos. E é irritante. Irritante e pobre. Sobretudo pobre.
Ninguém é obrigado a ter ou a ser isto ou aquilo, mas os pretensiosos transportam néons que gritam – Vejam bem o que eu não sou mas gostava de ser! Vejam o que eu quero que acreditem que tenho mas na verdade não tenho!
A mim inspiram-me pena porque sempre senti pena da verdadeira pobreza. E a verdadeira pobreza é essa do espírito. Desse espírito que os pretensiosos exibem como quem exibe um majestoso troféu.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Da Fé
Afinal é para isso, também, que servem os amigos, para nos mostrarem aquilo que pensamos e sentimos mas que anda escondido nos meandros do inconsciente e só se manifesta quando nos olhamos no espelho que são os outros que podem, ou não, pensar como nós.
1 http://wiki.sapo.pt/wiki/F%C3%A9
Assim sendo, não me parece que a fé deixe grandes margens para se poder dizer – Tenho fé nesta pessoa, até aqui. Daqui para a frente já não. Por exemplo, tenho fé em Deus enquanto tudo o que acontecer fizer sentido para mim, nesta minha terrena capacidade de entendimento. Não faz sentido! Não faz sentido ter-se fé em Deus, ou seja no que for, se ela não for absoluta. Não faz sentido dizer-se que se tem fé e depois ficarmos zangados perante certos acontecimentos que nos magoam, que achamos injustos e despropositados. Nessa altura faz mais sentido dizer que perdemos a fé.
Ter fé em Deus é acreditar que tudo o que acontece tem um propósito, mesmo aquilo que é mau e terrível, e que esse propósito é bom, mesmo que só o venhamos a saber muito mais tarde ou nunca. Ter fé é confiar cegamente em algo; é depositar nesse algo uma visão e uma sabedoria que nos é vedada. Ter fé é acreditar que o sofrimento servirá alguma causa maior. E é nesses momentos que a fé é posta em causa e pode morrer ou não.
Pergunto quantos de nós terão fé e em quê!...
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
A nossa vida na vida dos outros
Não sirvo para estar sozinha e não sirvo para estar acompanhada! Não sei para que sirvo! No dia-a-dia nada faz sentido sem aqueles que amo, é por eles que me levanto; que lavo a roupa; que limpo, ainda que pouco, a casa; que vou às compras; que ponho a mesa. É na expectativa da sua companhia que penso no que almoçar, ou jantar; que escolho um filme. E mesmo que ultimamente a vida nos desencontrasse e me roubasse o tempo exigido à dedicação, o certo é que me bastava o saber que a porta se abriria, que uma chave entraria, ou que alguém, no quarto ao lado, descansava.
Dou comigo à espera que a porta se abra mas ela teima na sua mudez de porta e eu antevejo o meu futuro solitário e penso na urgência de mudar de casa, de ter outras condições para a voltar a encher e a dar-lhe vida, porque a vida é nos outros que mora e não em nós. Sem os outros ela não faz lá grande sentido.
Faz hoje 78 anos
Faz hoje 78 anos e por isso brindámos, por entre a açorda de ovas e o sável frito, mais vinte anos de saúde e alegria com o vigor que ela continua a ter; mais vinte anos do seu sorriso incomparável; mais vinte anos é tudo o que peço, por agora...