Tenho na minha turma um grupo de estudantes, rapazes e raparigas, que boicotam sistematicamente cada aula que presenciam. Falam alto a despropósito; desrespeitam professores e colegas, gritam, entram atrasados, saem antes da hora, batem com as portas. É como se mais ninguém estivesse naquelas salas, só eles – quais Reis e senhores de um território privado; privadíssimo! Hoje, palavra de honra, tive vontade de os matar.
Saio dessas aulas mais cansada por eles do que pelo professor a quem, afinal de contas, pago para que me canse. E não se pense que se paga pouco só por se tratar de uma Instituição Estatal! paga-se, e paga-se bem.
Saio dessas aulas mais cansada por eles do que pelo professor a quem, afinal de contas, pago para que me canse. E não se pense que se paga pouco só por se tratar de uma Instituição Estatal! paga-se, e paga-se bem.
À conversa com pelo menos dois professores e lendo nas entrelinhas de outras conversas, a interpretação dada a este tipo de comportamento numa população que se quer mais madura por ser universitária, é a de que a juventude se prolonga, nos dias de hoje, quase ad eternus e, por consequência, também a adolescência que a antecede. Assim, estas criaturas mal-educadas, sem sentido ético e desrespeitosas, deveriam estar, provavelmente ainda, no Secundário ou, quiçá, no ensino básico.
Pelas conversas são espécies recentes, já que há alguns anos atrás um aluno universitário era já um adulto responsável e atento a tudo o que se lhe quisesse ensinar, sendo que para um professor com falta de paciência estaria fora de questão dar aulas noutra instituição que não fosse superior.
Hoje em dia, ao que parece e segundo consta, muitos já fogem a sete pés das licenciaturas, principalmente dos primeiros anos. Muitos professores, bem entendido.
Por questões profissionais tenho em mãos uma obra, que sairá em breve, da Penelope Fitzgerald – A Flor Azul.
Pelas conversas são espécies recentes, já que há alguns anos atrás um aluno universitário era já um adulto responsável e atento a tudo o que se lhe quisesse ensinar, sendo que para um professor com falta de paciência estaria fora de questão dar aulas noutra instituição que não fosse superior.
Hoje em dia, ao que parece e segundo consta, muitos já fogem a sete pés das licenciaturas, principalmente dos primeiros anos. Muitos professores, bem entendido.
Por questões profissionais tenho em mãos uma obra, que sairá em breve, da Penelope Fitzgerald – A Flor Azul.
Trata-se de um romance baseado na vida de Friedrich Von Hardenberg, mais conhecido por Novalis, que viveu nos finais do séc. XVIII. Deixo-vos aqui uma pequena transcrição do mesmo:
«[na Universidade]Diante dos olhos esbugalhados de Fichte [o professor], os alunos, cuja reputação de desordeiros não tinha igual em toda a Alemanha, acobardavam-se por completo, transformados em crianças assustadas. (…) À noite, os estudantes andavam de cervejaria em cervejaria à procura de colegas, (…) para se embebedarem ou, se já estivessem bêbados, para se embebedarem um pouco mais.»1
1 Fitzgerald, Penelope, A Flor Azul, Relógio d’Água Editores, Lisboa (2010).
Sugiro que o Instituto da Educação da Universidade de Lisboa contrate, para este tipo de gente, um professor de olhos esbugalhados porque, ao que parece, o mal não está nos tempos mas tão só em certas pessoas. Ele, o mal, é intemporal. Tal como a falta de educação e o desrespeito.
Sugiro que o Instituto da Educação da Universidade de Lisboa contrate, para este tipo de gente, um professor de olhos esbugalhados porque, ao que parece, o mal não está nos tempos mas tão só em certas pessoas. Ele, o mal, é intemporal. Tal como a falta de educação e o desrespeito.
1 comentário:
Já ouviste falar nos "stuarts"?
Enviar um comentário