Ontem num jantar de amigos discutiu-se política – confirmei algo de que já suspeitava – ando a leste! embrenhada na minha vida, leio apenas as letras gordas só para não dizer que não leio nada!; discutiu-se religião e fé, só para se concluir que cada um tem a sua e que podemos fazer dela o que bem nos aprouver – dar realce ao que é comum ou focarmo-nos nas diferenças…
Afinal é para isso, também, que servem os amigos, para nos mostrarem aquilo que pensamos e sentimos mas que anda escondido nos meandros do inconsciente e só se manifesta quando nos olhamos no espelho que são os outros que podem, ou não, pensar como nós.
Afinal é para isso, também, que servem os amigos, para nos mostrarem aquilo que pensamos e sentimos mas que anda escondido nos meandros do inconsciente e só se manifesta quando nos olhamos no espelho que são os outros que podem, ou não, pensar como nós.
Palavra puxa palavra, e eu ouvi mais do que falei e soube-me bem. Eu, que falo pelos cotovelos, dei por mim divertidíssima no meio dos dois a olhar um e outro na sua acesa discussão, houve momentos em que parecia estar a assistir a um daqueles debates em que os intervenientes ora se ouvem ora se deixam de ouvir e começam a falar todos ao mesmo tempo. A discussão da fé prolongou-se muito mais do que a da política e chegámos à conclusão que nenhum de nós sabia a origem da palavra. Pois aqui vai:
Fé (do grego: pistia e do latim: Fides[1]) é a firme convicção de que algo seja verdade, sem nenhuma prova de que este algo seja verdade, pela absoluta confiança que depositamos neste algo ou alguém.1
1 http://wiki.sapo.pt/wiki/F%C3%A9
Assim sendo, não me parece que a fé deixe grandes margens para se poder dizer – Tenho fé nesta pessoa, até aqui. Daqui para a frente já não. Por exemplo, tenho fé em Deus enquanto tudo o que acontecer fizer sentido para mim, nesta minha terrena capacidade de entendimento. Não faz sentido! Não faz sentido ter-se fé em Deus, ou seja no que for, se ela não for absoluta. Não faz sentido dizer-se que se tem fé e depois ficarmos zangados perante certos acontecimentos que nos magoam, que achamos injustos e despropositados. Nessa altura faz mais sentido dizer que perdemos a fé.
Ter fé em Deus é acreditar que tudo o que acontece tem um propósito, mesmo aquilo que é mau e terrível, e que esse propósito é bom, mesmo que só o venhamos a saber muito mais tarde ou nunca. Ter fé é confiar cegamente em algo; é depositar nesse algo uma visão e uma sabedoria que nos é vedada. Ter fé é acreditar que o sofrimento servirá alguma causa maior. E é nesses momentos que a fé é posta em causa e pode morrer ou não.
Pergunto quantos de nós terão fé e em quê!...
1 http://wiki.sapo.pt/wiki/F%C3%A9
Assim sendo, não me parece que a fé deixe grandes margens para se poder dizer – Tenho fé nesta pessoa, até aqui. Daqui para a frente já não. Por exemplo, tenho fé em Deus enquanto tudo o que acontecer fizer sentido para mim, nesta minha terrena capacidade de entendimento. Não faz sentido! Não faz sentido ter-se fé em Deus, ou seja no que for, se ela não for absoluta. Não faz sentido dizer-se que se tem fé e depois ficarmos zangados perante certos acontecimentos que nos magoam, que achamos injustos e despropositados. Nessa altura faz mais sentido dizer que perdemos a fé.
Ter fé em Deus é acreditar que tudo o que acontece tem um propósito, mesmo aquilo que é mau e terrível, e que esse propósito é bom, mesmo que só o venhamos a saber muito mais tarde ou nunca. Ter fé é confiar cegamente em algo; é depositar nesse algo uma visão e uma sabedoria que nos é vedada. Ter fé é acreditar que o sofrimento servirá alguma causa maior. E é nesses momentos que a fé é posta em causa e pode morrer ou não.
Pergunto quantos de nós terão fé e em quê!...
2 comentários:
Eu, garantidamente, não tenho fé em nada (se já o achava depois deste post tenho a certeza). E então fé nos políticos ou na religião...
P.S. - quando já ia publicar o comentário veio-me à cabeça que, afinal, tenho fé em duas coisas: na minha família e nos meus amigos. Sei que estão lá, para o bem e para o mal, aconteça o que acontecer e que, mesmo quando nos chateamos continua lá aquele sentimento, aquele amor, aquela preocupação. Afinal sou uma pessoa de fé!! Só no Antagonices para chegar a esta conclusão...
Este jantarinho foi mesmo bom! A cataplana estava boa e a conversa melhor! Faz-me lembrar aquela anedota:
Duas velhotas muito queridas vão para um hotel das termas, e uma diz ao jantar:
- A comida cada vez está mais mal feita!
A outra responde:
- Tens razão... e é tão pouca, não é?...
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