Não
foi uma semana fácil. No domingo, quando a levei ao veterinário, foi-lhe detectado
uma espécie de colapso do fígado. Da barriga tiraram-lhe três litros de água e
ela, coitada, feliz por estar mais leve, parecia que tinha renascido – dava saltos,
abanava a cauda… estava tão feliz! Tão feliz!
Saímos
de lá para um passeio um pouco maior do que o habitual. Era preciso que ela
obrasse. Já não o fazia havia vários dias. Aliás, eu estava mesmo convencida
que era esse o seu mal – prisão de ventre -, e que logo que estivesse resolvido
ela voltaria a ser a minha cadela alegre que saltava para nós por tudo e por
nada, que nos cumprimentava de manhã como se a noite tivesse durado meses e nos
recebia em casa como se a nossa ausência tivesse sido de anos. Mas ela não
obrou. Não no domingo, não nos dias seguintes. Nunca mais. Até ontem, quando
nos encaminhávamos para o veterinário. Como se tivesse pressentido o que ia
acontecer. Como se tivesse compreendido a luta dentro de mim, a hesitação, o
não saber o que fazer. E as fezes eram negras, tão negras, a dizerem-me não te preocupes, vais fazer o que está certo, o que tem de ser feito.
E
fiz.
E
hoje ando p’raqui, como uma mosca tonta sem saber para onde ir – e o nosso
passeio? E o meu bom-dia? E aquele olhar tão doce que me faz sentir a pessoa
mais importante do mundo? Onde está? P’ra onde foi?
E à
Amália? O que é que eu vou dizer à minha neta quando ela entrar por esta porta
e procurar pelo cão Puca?
Ontem,
enquanto lhe segurava a cabeça e a olhava nos olhos para me despedir,
prometi-lhe que, embora não tenha sido a primeira, haveria de ser a última.
Mas não sei se vou conseguir cumprir...
2 comentários:
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~ Lamento muito, estimada amiga.
~~~~~ Sei como é doloroso...
~~~~ Longo e grande abraço.
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Obrigada Majo. É triste sim.
Beijinho
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