Para qualquer lado que se vá, são mãos estendidas! Vivemos no país da pedinchice.
Gente nos semáforos a exibir a perna mais curta, jovens ainda mas já de mão estendida; gente nas esquinas, deitada em cartões… mas não é esta a pobreza que mais me preocupa, esta é a que me incomoda porque quer eu queira quer não, fico sempre com aquela sensação de ser gente onde abunda mais a miséria moral do que a material, gente para quem é mais fácil andar de mão estendida, gente que não quer trabalhar.
A pobreza que mais preocupa é esta nova pobreza que anda para aí escondida, de desempregados que deixaram de ter dinheiro para comer, de gente que não é velha ainda e já não é nova e que sempre teve um emprego e que agora não sabe o que fazer. Gente que vai, de mansinho e pela calada, buscar mantimentos a Alcântara, ao Banco Alimentar Contra a Fome.
E volto ao princípio deste texto – este é mais um fim-de-semana para os voluntários recolherem alimentos, a eles juntaram-se também as Amigas do Peito, grupo que recolhe fundos para que as mulheres pobres que sofrem de cancro da mama e que são operadas em Stª Maria possam dispor de compressas; cabeleiras e outros «extras» que o Governo, através do Ministério da Saúde, não providencia.
Onde quer que se vá, e há algum tempo atrás estavam apenas nas grandes superfícies, eles lá estão, os voluntários, de mão estendida.
Irritei-me. Como tantos outros se irritam. Mas será que tenho legitimidade para o fazer? Se o Governo não providencia, não teremos nós, todos nós, obrigação de ajudar? Se os impostos que se pagam não chegam a esta gente; se o país em que vivemos compreende a pobreza, não caberá a todos aqueles que ainda não precisam, e digo AINDA porque ninguém sabe o dia de amanhã, a obrigação de contribuir, com pouco que seja, para que este flagelo, porque de flagelo se trata quando quem precisa não tem, diminua? O que é que custa repartir o que se tem? Quanto gastamos nós em coisas que na verdade não nos fazem falta? E, sendo assim, porque é que são sempre os mesmos a dar? Mais curioso ainda – são geralmente aqueles que estão mais perto dos que não têm que dão! Sei-o porque já lá andei de saco na mão. São os que estão mais perto!
Pois àqueles que se julgam mais longe deixo aqui dito, mais uma vez, que ninguém sabe o dia de amanhã. E que, se todos, digo TODOS, contribuíssemos com pouco que fosse, muitos, e digo MUITOS, não estariam na situação em que estão.
Lembrem-se que o Mundo é redondo e gira e, por favor, lembrem-se ainda que quando caímos, para nos podermos levantar, precisamos de alguém que nos dê uma mão. Ninguém se levanta sozinho.
Gente nos semáforos a exibir a perna mais curta, jovens ainda mas já de mão estendida; gente nas esquinas, deitada em cartões… mas não é esta a pobreza que mais me preocupa, esta é a que me incomoda porque quer eu queira quer não, fico sempre com aquela sensação de ser gente onde abunda mais a miséria moral do que a material, gente para quem é mais fácil andar de mão estendida, gente que não quer trabalhar.
A pobreza que mais preocupa é esta nova pobreza que anda para aí escondida, de desempregados que deixaram de ter dinheiro para comer, de gente que não é velha ainda e já não é nova e que sempre teve um emprego e que agora não sabe o que fazer. Gente que vai, de mansinho e pela calada, buscar mantimentos a Alcântara, ao Banco Alimentar Contra a Fome.
E volto ao princípio deste texto – este é mais um fim-de-semana para os voluntários recolherem alimentos, a eles juntaram-se também as Amigas do Peito, grupo que recolhe fundos para que as mulheres pobres que sofrem de cancro da mama e que são operadas em Stª Maria possam dispor de compressas; cabeleiras e outros «extras» que o Governo, através do Ministério da Saúde, não providencia.
Onde quer que se vá, e há algum tempo atrás estavam apenas nas grandes superfícies, eles lá estão, os voluntários, de mão estendida.
Irritei-me. Como tantos outros se irritam. Mas será que tenho legitimidade para o fazer? Se o Governo não providencia, não teremos nós, todos nós, obrigação de ajudar? Se os impostos que se pagam não chegam a esta gente; se o país em que vivemos compreende a pobreza, não caberá a todos aqueles que ainda não precisam, e digo AINDA porque ninguém sabe o dia de amanhã, a obrigação de contribuir, com pouco que seja, para que este flagelo, porque de flagelo se trata quando quem precisa não tem, diminua? O que é que custa repartir o que se tem? Quanto gastamos nós em coisas que na verdade não nos fazem falta? E, sendo assim, porque é que são sempre os mesmos a dar? Mais curioso ainda – são geralmente aqueles que estão mais perto dos que não têm que dão! Sei-o porque já lá andei de saco na mão. São os que estão mais perto!
Pois àqueles que se julgam mais longe deixo aqui dito, mais uma vez, que ninguém sabe o dia de amanhã. E que, se todos, digo TODOS, contribuíssemos com pouco que fosse, muitos, e digo MUITOS, não estariam na situação em que estão.
Lembrem-se que o Mundo é redondo e gira e, por favor, lembrem-se ainda que quando caímos, para nos podermos levantar, precisamos de alguém que nos dê uma mão. Ninguém se levanta sozinho.
1 comentário:
Sinto que nos preocupamos com a pobreza lá fora, do que com a que há cá dentro e que é cada vez maior.
Preocupo-me também com o facto de os peditórios nao serem só para a pobreza mas também para as doenças e para as necessidades dos doentes. Estamos num País cada vez mais miserável, de dinheiro, de espírito.
Os nossos impostos, para onde irao? Os de agora e os que sao pagos há anos e anos e anos...
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