Confesso que a preocupação me tem tolhido as palavras. Deixo-vos, por isso, com aquelas desafortunadamente intemporais de um imortal.
Nevoeiro
«Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!»
Pessoa, Fernando, Mensagem, Assírio & Alvim, 2004
2 comentários:
Há muito que estamos enevoados.
E por acaso, hoje o dia sorriu assim - enevoado. Bjs.
E deixas-nos muito bem...
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