Resolvi parar num café cujo dono foi meu colega de escola. Embora não nos vejamos com muita frequência, muito pelo contrário – estamos anos sem nos vermos, o facto é que lá vamos sabendo um do outro, talvez até porque não há muito para saber, pelo menos do lado dele, já do meu, por isto ou por aquilo há sempre uma novidade para contar. Mas do lado dele, não. É como se a vida não andasse; como se aquela família estivesse suspensa no tempo. Dos quatro filhos, três ainda estão em casa e o café toma, ao casal, todo o tempo do mundo. Estou farto disto, desabafou ele, trabalhamos dezoito horas por dia para pagar as férias…
A mulher dele, com cara de poucos amigos, falou-me por cima do ombro, enfim, o ambiente estava pesado e eu tive pena do meu antigo colega que leva uma vida totalmente desprovida de sentido.
Neste entretanto entrou uma senhora cuja cara não me é estranha e eis que de repente a conversa muda para um registo completamente diferente. Os olhos dele recuperaram o antigo brilho e, de ataque em ataque, a expressão do seu rosto rejuvenescia. Compreendi que falavam de um jogo. Um jogo de computador. Mas faziam-no como se da vida se tratasse. As expressões; os termos; a seriedade e o entusiasmo, roubados à vida, existem agora no écran de um computador.
Eu sei que hoje em dia se passa muito tempo por aqui e sei também que a virtualidade é já uma realidade. Não sou inocente. Mas eu vivo sozinha. Isto distrai-me. Ainda assim, nunca dei por mim a discutir um jogo de computador como se da vida se tratasse! É triste. Saí de lá triste. Tanto mundo aí! Tanta vida para viver! Tanta gente com quem trocar sorrisos!
A mulher dele, com cara de poucos amigos, falou-me por cima do ombro, enfim, o ambiente estava pesado e eu tive pena do meu antigo colega que leva uma vida totalmente desprovida de sentido.
Neste entretanto entrou uma senhora cuja cara não me é estranha e eis que de repente a conversa muda para um registo completamente diferente. Os olhos dele recuperaram o antigo brilho e, de ataque em ataque, a expressão do seu rosto rejuvenescia. Compreendi que falavam de um jogo. Um jogo de computador. Mas faziam-no como se da vida se tratasse. As expressões; os termos; a seriedade e o entusiasmo, roubados à vida, existem agora no écran de um computador.
Eu sei que hoje em dia se passa muito tempo por aqui e sei também que a virtualidade é já uma realidade. Não sou inocente. Mas eu vivo sozinha. Isto distrai-me. Ainda assim, nunca dei por mim a discutir um jogo de computador como se da vida se tratasse! É triste. Saí de lá triste. Tanto mundo aí! Tanta vida para viver! Tanta gente com quem trocar sorrisos!
Mais uma vez sinto que fomos enganados. A vida não dá o que nos prometeram que daria; os planos são uma treta e o único plano que deve ser feito e realizado é aquele que nos permite desfrutar de cada passo; divertirmo-nos em cada esquina. Caso contrário, não vale a pena andar por cá.
2 comentários:
Eu nunca apreciei jogos de computador, nem em mais miúda. Mas vejo que o computador (os jogos e tudo o mais) são cada vez mais um escape da vida, vividos com um entusiasmo que a vida real já não consegue ter. É muito estranho.
Se os jogos já são doentios, então que dizer das tretas tipo "second life".
Ah, é tão bom andar de bicicleta, caminhar, ler, tocar viola, comer, beber, namorar, hummm, escutar os pássaros, cheirar a terra...Isso é viver, o resto, é estar morto sem se dar por isso :)
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