Hesitei muito entre se deveria ou não escrever aqui as palavras que se seguem.
Não gosto de exposições gratuitas e prezo a minha privacidade o suficiente para a manter assim - privada. No entanto existem situações que, ainda que privadas, poderão alertar outros em circunstâncias semelhantes ajudando assim a evitar algumas chatices supérfluas. Acredito ser esse o caso.
Há alguns anos, bastantes diga-se em abono da verdade, um dos meus mamilos recolheu. Quer isto dizer que, em vez de estar, como é normal, virado para fora, decidiu esconder-se e virou-se para dentro. Não sei precisar quando é que isso aconteceu e tenho até algumas dúvidas que tenha acontecido de um momento para o outro. Creio que foi gradual. Não dei importância ao assunto, já que ele, quando devidamente estimulado, continuava a vir até ao exterior para respirar um pouco de ar. Na verdade esse incidente transformou-se em característica, em “imagem de marca”. Não me incomodava, até há pouco tempo.
Quando fazia os exames anuais, mamografias e outros que tais, havia sempre um médico que me perguntava se eu já tinha aquilo há muito tempo. Eu respondia-lhe sempre que sim, que o coitado, do mamilo, era tímido. Brinquei sempre com a situação, ainda que nunca tenha conseguido arrancar de nenhum médico, nenhum sorriso. Mas também não arranquei nunca nenhuma preocupação ou interesse em aprofundar o assunto!
Há coisa de um ano, sensivelmente, o mamilo deixou de querer respirar. Não sei se a menopausa teve alguma coisa a ver com o assunto mas o facto é que se foi tornando cada vez mais difícil, senão impossível, tirá-lo cá para fora. A par disso, começou a incomodar-me como nunca me tinha incomodado. À parte a comichão que de vez em quando sentia, eu sentia-o permanentemente! Ele estava lá e eu sentia-o! Ora não é suposto nós sentirmos o nosso corpo. Se o sentimos é porque algo não está bem.
Este ano, aquando da ecografia, o médico voltou a fazer-me a mesma pergunta que todos os seus colegas, ao longo dos anos, têm feito, mas desta vez eu respondi que, apesar de a situação ser consideravelmente antiga, ultimamente andava a incomodar-me.
Ele sorriu e disse, descontraidamente, Isto é tão fácil de resolver, é só dar um cortezito aqui e soltar os canais do leite, foram eles que, ao secar, puxaram o mamilo para dentro.
Fiquei a pensar naquilo e fui falar ao meu ginecologista que me reencaminhou para um cirurgião. O resto já vocês sabem.
A cirurgia correu bem. De hoje a oito dias vou tirar os pontos. A única incógnita prende-se com o tempo que o mamilo vai levar para recuperar. Foram demasiados anos a sofrer inflamações em cima de inflamações. O mais curioso, no meio disto tudo, é que nenhum médico pensou nisso e até mesmo quem me operou pensou, na primeira consulta, que se trataria de uma cirurgia estética, pelo simples facto de não haver corrimento!
Há coisas que não devem ser descuradas e que só quem as tem ou vive com elas pode e deve dar importância. Graças a Deus que nada de maligno existe, pelo menos foi o que o médico hoje afirmou peremptoriamente. Mas nunca se sabe… melhor mesmo é acudir em tempo útil.
Se eu tivesse sido operada há muitos anos atrás não teria tido um quarto das chatices que estou a ter neste momento. Só vos peço que pensem nisto.
3 comentários:
Obrigada, acho que é importante esta partilha de situações porque poderá sempre alertar e ajudar alguém. As melhoras. Bjs. :)
ainda bem que está tudo bem.
Nem sabia que isso podia acontecer! Ainda bem que partilhaste. As melhoras ! bjs
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