terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Teimosia e a Persistência


Tenho por mim que a diferença entre estas duas características é maior do que aquilo que se possa supor.

Se a persistência é uma característica positiva, já a teimosia, ainda que encerre alguma graça, não creio que dê bons resultados.

Persistir é não desistir, é falhar e tentar outra vez, é insistir naquilo em que se acredita.

Teimosia é a não aceitação, é a estranha necessidade de contrariar, é o finca pé, o eu é que sei e há-de ser como eu quero que seja.

A persistência é racional e inteligente. A teimosia, irracional e estúpida.

A primeira acaba, quase sempre, por nos levar a bom porto. A segunda limita-se a adiar o inevitável.

Eu às vezes sou teimosa. Sou teimosa na forma como luto com questões físicas como se tivesse uma necessidade patológica de me desafiar permanentemente, tipo Vamos lá a ver quem é que manda, eu-corpo ou eu-espírito. Então luto contra as dores; contra as borbulhas; contra as alergias; contra as indigestões e contra as anestesias. Ai a digestão não se fez?! Então embora lá comer mais qualquer coisita para ver se se espevita isto. Ai está prestes a nascer a borbulha do mês?! Embora lá espremê-la como se não houvesse amanhã só para ela saber que só nasce se eu deixar. Ai a cabeça quer comprimidinho?! Isso é que era bom!... e por aí adiante…

É claro que o estômago ganha sempre; a borbulha acaba por aparecer maior e mais vibrante num outro sítio qualquer e a cabeça leva o dobro do tempo a recompor-se… Mas o pior de tudo é quando o meu corpo é sujeito a fármacos que o deixam verdadeiramente KO, tipo anestesias gerais, ou barbitúricos daqueles que nos põem num estado de semi-inconsciência que é o piorzinho que me podem fazer. Graças a Deus que se trata de coisas muito, mas muito raras na minha vida, talvez por isso é que eu me esqueço delas com alguma frequência e acabo sempre a cometer os mesmos erros.

Provavelmente é por ser fraca que toda a gente pensa que sou forte e que recupero depressa. Provavelmente é o medo que me faz quase sempre negar a realidade e inventar uma outra em que nada se passou ou em que o que se passou já passou e eu já recuperei. E recuperei! na verdade recuperei extraordinariamente depressa! Assim que acordo parece que tenho molas nos pés e na língua. Como não posso andar, ando; como não sou capaz de falar, falo: como não posso comer, como (se me deixarem evidentemente). E é assim que se revela, em toda a sua plenitude, a minha teimosia – na ânsia de fazer tudo aquilo que posso, quando NÃO posso. Em podendo se calhar até nem faço, mas não me digam que não posso fazer isto ou aquilo! Isso é que não! É que a vontade triplica e é sempre uma chatice. Resultado? Mais cedo ou mais tarde acabo por ter de viver o que não vivi em tempo útil. Não me perguntem como ou porquê. Não faço a mínima ideia, mas que acabo sempre por regredir na medida dos meus repentinos e extraordinários progressos, é um facto. E hoje tenho estado para aqui um bocadinho frouxa…

1 comentário:

CF disse...

Também não gosto lá muito que me limitem seja no que for. Normalmente na saúde respeito, pq so um bocadito maricas...