Ontem, numa empolgante conversa com um amigo de ideias políticas contrárias às minhas, dizia-me ele que eu estaria prestes a dar-lhe razão já que não terei de esperar muito mais até começar a sentir na pele o peso de certas medidas, mais particularmente, o peso de certos impostos. Alguém tem de pagar, foi o que lhe respondi. E é o que genuinamente sinto. Alguém tem de pagar.
Eu não me importo, mesmo nada, de pagar impostos, o que eu me importo, e muito, é se ando a pagar para encher os bolsos a este ou àquele, ou se aquilo que pago não se reverte em benefício colectivo, ou se outros que ganham muito mais do que eu, não pagam mais por isso.
E é, ou deveria ser, essa a preocupação de todos nós. O dinheiro não cai do céu e se queremos um país moderno, evoluído e organizado, temos de contribuir para isso. A mentalidade de uma grande parte da nossa população não é esta, mas protesta quando os serviços falham.
Não é fácil, já se percebeu, encontrar políticos isentos, honestos e voluntariosos. Mas pelos vistos também não é linear que se encontre um povo que mereça o esforço e a dedicação.
Veja-se o caso dos EUA. Não é a primeira vez que este povo é presenteado, e presenteado é o termo, com um homem de vontade, de ideias e de determinação. Pois já perdeu quase metade do eleitorado porque quer implantar, no país dele, o sistema de saúde sobre o qual nós protestamos constantemente mas que na verdade nos vai servindo cada vez melhor e quem não reconhece isso é porque já não se lembra das dificuldades e das condições que existiam, não há tanto tempo assim, nos nossos hospitais e centros de saúde.
O Ser Humano é estúpido. Estúpido, mal informado e extremamente egoísta.
Não há história na História de um só, um único, que se tenha chegado à frente com grandes mudanças colectivas e que tenha singrado em absoluto. Ou acaba derrotado, ou morto.
Enquanto as questões culturais não ocuparem o nosso dia-a-dia, não estaremos preparados para as grandes mudanças. Putas e vinho verde; automóveis, telemóveis e play stations é o que o povo quer e só quando se vê a morrer à porta de um Hospital qualquer é que sente no pelo a importância de viver num país onde os direitos básicos são públicos.
Cada vez estou mais convencida que mesmo que nos saísse, a todos, o euromilhões, continuaria a existir miséria porque a maior de todas as misérias é educacional e comportamental. Seria talvez fácil dizer, cultivem-se os povos, mas isso levará gerações até surtir efeito porque aqueles que por cá andam estão empedernidos de tanta cegueira e como é que um cego ensina um menino a ver, é coisa para a qual não há resposta.
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