
Há
muitos anos eu estava convencida que existia uma verdade e que ela era,
evidentemente, a minha.
Depois,
à medida que os meus horizontes se foram expandindo, cheguei a temer uma grave
inconsistência da minha pessoa.
Todas
as opiniões, por díspares que fossem, que ouvia sobre um qualquer assunto me
pareciam lógicas e verdadeiras.
Nessa
altura perdi a minha verdade! Eu era, na minha opinião, uma pessoa
despersonalizada, meio tonta, sem opinião firme sobre fosse o que fosse.
A
qualquer verdade afirmada por terceiros eu encolhia os ombros e o meu olhar
tornava-se tão vago quanto a minha opinião - eu não sabia. E, perante a veemência
dos outros, eu só conseguia responder: Pois...não sei...talvez...
Hoje,
convicta de que a única verdade é que não existe nenhuma verdade única, procuro
a minha mais do que a de qualquer outra pessoa e procuro-a com o meu coração e
não com a minha razão.
A
razão, que geralmente tende, primeiro a acreditar no que é mais fácil para nós
e depois a gerar argumentos que sustentem precisamente isso. Isto é, a razão
obedece muito mais ao comodismo, que é como quem diz - joga à defesa, enquanto o coração sabe. Ele é
que sabe!
Quantas
e quantas vezes a razão puxa para um lado e o estômago dá voltas e voltas?
Sabem porquê? Porque o coração sabe que não é por aí. Mesmo quando tudo à nossa
volta grita que sim, que é, se o nosso estômago dá voltas, se os intestinos se
prendem, ou soltam, se a voz embarga...se calhar é porque não é por aí.
As
verdades são tantas e tão convincentes!
Há
pouco tempo vi um filme sobre Madre Teresa de Calcutá. Chama-se "A Verdade
Sobre Madre Teresa" ou qualquer coisa do género...
Nunca
me passou pela cabeça aquele ponto de vista mas, tal como o seu oposto, ele faz
sentido. Afinal Madre Teresa foi a mulher que mais dinheiro geriu, em toda a
história da humanidade. Então, porque é que os seus pobres continuaram sempre
pobres? Parece-me uma pergunta lógica. Aliás, porque é que os seus pobres
continuam pobres quando aquelas que ficaram à frente da Congregação dizem que o
dinheiro que esta tem é incontável?!
Mas,
por outro lado, a senhora dedicou uma vida inteira aos pobres. Afinal, ela
recebeu o Nobel da Paz! E nunca ninguém a viu rica! Será que ela foi, como diz
o tal filme, mais um instrumento de acumulação de riqueza para o Vaticano?
E quem é que pode responder a isto com verdade?
Ninguém!
Só ela o poderia fazer e ela já cá não está!
A
verdade é uma propriedade individual! O resto são pontos de vista.
Descubra
a sua verdade.
E
siga o seu próprio caminho.
Quando
o estômago lhe doer, concentre-se nessa dor para ter a certeza de que não é
medo. Depois oiça o seu coração e aceite a sua verdade mesmo que ela seja
diferente de todas as outras.
Aceite-a
porque ela é a SUA VERDADE.