Todos nós somos antagónicos. Todos procuramos, incessantemente, dentro e fora de nós. Todos somos múltiplos. Neste espaço, é a minha multiplicidade que se manifesta.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Nem de propósito
E que eficientes que eles são!... Quando foi mesmo que a gripe se manifestou?
Bem me queria parecer
Trezentos e cinquenta e cinco espirros, dores no corpo, na cabeça, na garganta. Frio e febre. Frio e febre.
Uma merda, é o que é.
A quem é que interessa o Paraíso?
Como sobreviveriam todos aqueles que tratam as doenças? Como sobreviveriam as farmácias e os laboratórios? Como sobreviveriam todas as associações de apoio aos toxicodependentes? e as associações humanitárias? Como sobreviveriam as fábricas de armamento e os exércitos? Como sobreviveriam as igrejas? e as fábricas? e as associações de defesa da Natureza?
É que esta gente dá trabalho a muita gente! Ainda que encha os bolsos a poucos.
Pode parecer a Teoria da Conspiração mas não sei até que ponto é que esta história da gripe dos porcos, como de outras que aparecem de vez em quando e, aparentemente, do nada, não serão obra de uns para benefício dos mesmos. Olha, embora lá espalhar um virusito para ver se a gente vende aqueles medicamentos que estão há tanto tempo na prateleira. E onde? onde? É pá num desses países com muita gente; ssuficientemente longe mas não tão longe que não se saiba. Num desses onde a pobreza já mora, de portas meias com a corrupção e a ignorância. É por essas e por outras que tu fazes cá falta pá! A quem é que interessa o Paraíso?! A mim, não.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Aceitam-se sugestões
O Círculo de Leitores lançou agora uma obra, em exclusivo, que se chama Homens Que Mudaram O Mundo. Uma muito rápida vista de olhos deu para ver fotos e nomes como Madre Teresa de Calcutá, Marie Curie e Isabel II. Ainda que sejam só estas três, o que não acredito, porque carga de água se há-de chamar à obra Homens…?! Chamem-lhe Pessoas. Pessoa Que Mudaram O Mundo. Sempre gostava de saber se os homens gostavam de ser integrados numa espécie chamada Mulheres, ainda que se escrevesse com um M grande.
É que o tempo do machismo e das sociedades patriarcais já era...
Lar, doce lar
Pois que...
Ah! E, já agora, se vos acontecer encontrar vazio o lugar onde antes estava a vossa viatura não pensem em pagar com cheque. Diz lá, naqueles papéis mal amanhados que eles têm ao lado do guiché numa espécie de vitrina, que aceitam cheques mas é mentira. Se o tentarem fazer, logo o zeloso trabalhador que se encontra por detrás do vidro colará no dito, mesmo em frente ao vosso nariz, um outro papel que, por falta de espaço, não se encontra fixado e que diz que à EMEL se reserva o direito de não aceitar os pagamentos em cheque. A multa pode ser paga em cheque. O reboque e a “estadia” no parque com vista para o viaduto, não.
Outra coisa que é preciso ter em conta é a ausência de informação relativamente ao total do montante a desembolsar – é sempre uma agradável surpresa.
Ainda mais um pormenor para todos aqueles que aderiram ao moderno e sofisticado sistema de cartões que a EMEL implantou para facilitar a vida àqueles que usam os seus maravilhosos, confortáveis e seguros parques de estacionamento espalhados por essa Lisboa fora. Trata-se de uma espécie de passe para os parques. Claro que esse “passe” ficará à vista tal como os tradicionais talões.
Pois que ontem estava lá um senhor aderente desse maravilhoso e novíssimo sistema. Tinham-lhe rebocado o carro porque nunca tinham visto o cartãozito, nem mais gordo, nem mais magro. Não sabiam que existia, nem o que era.
Sem comentários.
terça-feira, 28 de abril de 2009
Não há uma sem duas, nem duas sem três...
Ele só pode sair do trabalho às onze da noite e, mesmo assim, já lhe estão a dar duas horas de bónus.
Entrou ao meio-dia. Sairia à uma da manhã, não fosse o facto do carro ter sido rebocado.
Está a trabalhar há oito dias, sem descanso.
Pediu-me para o ir buscar.
O pai dele acha que deve ser ele a desenrascar-se. Acha que eu não devo estar sempre a pôr a mão por baixo. Acha que ele assim não cresce.
Se calhar tem razão. Provavelmente terá razão. O mais certo, mesmo, é ter razão.
Mas como é que eu faço isso?
Como é que me deixo ficar aqui sentada? Como é que não corro a meter-me no carro para o ajudar?!
Sei lá fazer uma coisa dessas!
Ursos...
Dos Bichos e similares
Gosto de cães. Não gostas nada. Gosto sim.
Gosto de cães, como gosto de gatos, de pássaros, de árvores, de gente. Só não gosto é de todos. Excepto, talvez, das árvores. Nunca conheci nenhuma árvore de que não gostasse. Mas os bichos, como as pessoas, têm personalidades diferentes. Gosta-se mais de uns do que de outros. Às vezes não se gosta de todo, daquele em particular.
Talvez eu tenha uma estranha forma de demonstrar quando gosto, quanto gosto, mas gosto o suficiente para achar que ter um cão, ou um gato, tem de ser um acto de responsabilidade; tem de ser um acto de consciência, de quem sabe que um animal precisa de ser considerado parte de uma família, tal como uma criança. Que tem de haver predisposição e disponibilidade para ele.
Só quem não gosta de animais, ou de pessoas, é que os tem sem ter em conta quem são, o que são, de que precisam.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Rogo uma praga
Que se cruzem sem cessar com cães sarnosos.
Que a sua casa seja p'ra sempre invadida por pragas de formigas.
Que sejam enganados todos os dias por outros tantos, iguais a eles.
Que sofram de caganeira crónica.
Que o seu odor se torne insuportável.
Que o seu rosto se encha de acne.
Que os seus olhos nunca mais brilhem,
Para que os possamos reconhecer em qualquer esquina e deles nos esquivarmos, nós, os francos, os directos, os verdadeiros, os puros de espírito.
Pronto. Já desabafei.
Dos amigos, ou não...
Com mais ou menos energia, com mais ou menos vontade, com mais ou menos sabedoria, lá vamos aproveitando de tudo um pouco, transformando os obstáculos em trampolins, sempre que se pode e sabe.
Da vida pode esperar-se tudo. Dos amigos, geralmente, espera-se o melhor. O apoio, a ajuda, o incentivo. Pode até não se esperar nada, mas nunca, nunca se espera o pior. Nunca se espera que seja um amigo a dificultar-nos a vida, a colocar no nosso caminho mais obstáculos do que aqueles que já foram colocados pela dita. De um amigo nunca se espera um acto de injustiça.
Não se espera. Embora isso não signifique que eles não possam surgir. Os actos de injustiça.
Alguém que cresceu comigo, alguém a quem eu sempre chamei de amiga ainda que a vida nos tenha afastado fisicamente, acabou de impedir que eu desse o passo que preciso neste momento. Que preciso, não que quero. Que preciso.
Impediu-o e fê-lo por falsas questões. Fê-lo por questões que ela mesma sabe que não existem. Não existem, a não ser na imaginação de uma louca capaz de atropelar quem quer que seja para viver, um pouco mais sossegada, a sua loucura.
Areia p'rós olhos
Queria que fosse domingo
domingo, 26 de abril de 2009
Happy Hour
Isto e muito mais.
Aos Domingos, pelas 12 h, em qualquer supermercado perto de si.
Pois é...
O México está a ser assolado por uma gripe que veio dos porcos mas que se espalha pelos humanos com um simples espirro. Andam todos de máscara e mesmo assim teme-se que chegue ao resto do mundo.
Gostava de perceber como é que isto acontece e acho muito triste uma pessoa ter de dizer que está com gripe suína. O meu filho diz que isso é tudo uma treta, que de três em três meses aparece uma gripe com nome de animal e que a próxima há-de vir dos cavalos – a gripe equestre.
Já agora, alguém podia dizer ao nosso Director Geral de Saúde que aquele cabelinho já não se usa e que a barba também podia ir à vidinha dela. É que o senhor já não deve muito à beleza mas com aquele cabelinho, a barba e o bigode…enfim…
sábado, 25 de abril de 2009
Eles andam aí
Não na alegria que damos a outros, mas na alegria que outros nos dão.
Não na vontade que temos em dar para alegrar outros, mas na vontade que temos de dar para que outros nos alegrem a nós.
Para um egoísta pouco interessa o que o outro é, desde que seja aquilo que dele é esperado.
Pouco importa o que o outro sente, desde que mostre aquilo que se espera que ele mostre.
Um egoísta, na verdade, está-se nas tintas para os outros. Aquilo que verdadeiramente lhe interessa é que os outros lhe dêm o que ele precisa, quando precisa.
O resto são tretas.
O que não é treta é o egoísmo disfarçado que abunda por aí.
When things go wrong
Foi isto que me apareceu:
25 de Abril
Ahahahaahahahha se calhar pensavam que eu ia agora fazer um discurso do tamanho de um comboio para comparar épocas.
Se quiserem discursos tivesssem ouvido o da Ana Drago, há coisa de cinco minutos, na RTP 1, directamente da Assembleia da República. Eu, eu estou demasiado ocupada a tentar salvar a minha casa e o meu local de trabalho. Demasiado preocupada com a precariedade dos empregos e a exploração a que os meus filhos estão a ser sujeitos, nesta , já não tão nova assim, era da Democracia.
Estou demasiado zangada pelo facto de os saber, aos meus filhos, inseguros a todos os níveis. Tão inseguros que dificilmente poderão fazer planos para o futuro, já que não sabem até quando terão trabalho; já que não sabem quando é que poderão vir a contar com os catorze meses de salário a que os pais sempre tiveram direito; já que não sabem o que lhes poderá acontecer se, um dia, tiverem, e um deles teve há pouco tempo, um acidente grave, porque não ganham o suficiente para se segurarem e as entidades patronais rodeiam aquilo que, na lei, é obrigatório, que é o pagamento de um seguro de acidentes de trabalho que lhes cubra os prejuízos.
Estou demasiado triste por viver num país onde já não se pode gritar, outra vez. E não se pode gritar, não porque nos prendam, não porque as antigas prisões políticas tenham ressuscitado ou porque a PIDE tenha saído das tumbas para nos voltar a assombrar com todos os medos. Mas porque o medo de perder o posto de trabalho é maior do que a consciência da ilegalidade com que certas empresas operam.
Assim, o medo voltou, sobre outra forma, mais subtil, qui ça, maior, pondo em causa a sobrevivência das bases, tal como sempre fez.
IRRA!
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Para vossa informação
Da Simplicidade e da Complicação
As pessoas simples olham para uma árvore e vêem…uma árvore. Quando muito, se estiverem bem dispostas, são capazes de pensar – Que linda árvore! Isto se estiverem bem dispostas, porque se estiverem com os azeites nem isso pensam.
As pessoas complicadas olham para uma árvore e vêem um ser vivo da espécie vegetal. Quer estejam bem ou mal dispostas matutam, matutam. Comovem-se e matutam – Que idade terá? O que terá ela visto? Como se sentirá? E ficam pespegadas, se for preciso de peito a arder, a pensar na árvore, a sentir, ou a tentar sentir, a árvore.
As pessoas simples, quando encontram uma pedra no meio do caminho, se puderem nem olham para ela, fazem um ligeiro desvio para a esquerda ou para a direita, um pequeno menear de anca e aí vão elas sem passar o mínimo cartuxo à pedrita ou ao pedregulho que jaz, abandonado, no meio do caminho.
As pessoas complicadas, quando encontram uma pedra no meio do caminho, páram. Páram; olham-na e meditam. Meditam no significado da pedra, que variará consoante o tamanho da dita; meditam no que significará o facto de ela se encontrar ali, naquele preciso lugar, naquele exacto momento, como se as pedras tivessem vontade própria e se arrastassem nos momentos certos fosse para onde fosse.
É claro que as pessoas complicadas, uma vez que têm uma certa apetência para ver coisas que as simples não vêem, sempre vão tendo outros mundos para partilhar, outras “realidades” para mostrar a quem só vê pedras e árvores. Essa pode, e deve, ser a sua utilidade.
Quanto às pessoas simples podem sempre ir ensinando os outros a serem…simples. Pode parecer um pouco ôco, um pouco superficial, mas dá jeito, de vez em quando.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Hábitos II
A que está à direita de quem sai observa outros prédios como o meu, se levantarmos o olhar para além do muro. A outra, a da esquerda, vê palmeiras e mais céu, vê mais longe, não tem muro.
Sempre que saio à varanda sento-me na primeira, talvez porque esteja mais perto, e pergunto-me porque a escolhi se é, afinal, a que menos me mostra.
Ultimamente levanto-me, quase de imediato, e troco. Estou a habituar-me à outra, àquela que mais horizonte tem para me oferecer.
12 anos de escolaridade OBRIGATÓRIA
Que estrategemas se utilizarão para “arrastar” para as escolas todos aqueles alunos que, já nos primeiros anos, gritam que só lá vão porque são obrigados. Ou que só lá vão porque é o local onde encontram os amigos. Ou mesmo, que só lá vão porque é o local onde se encontram os inimigos.
Gostava que me explicassem o que tencionam fazer para transformar matérias que são chatas em matérias interessantes, verdadeiramente úteis e atractivas.
Gostava que me explicassem o que tencionam fazer para mostrar às crianças e aos adolescentes deste país que o que se aprende nas escolas pode ser, e é, uma mais valia para o seu bem-estar, para a sua felicidade. Como é que lhes vão provar isso. Como é que os vão fazer sentir e acreditar nisso. Como é que os vão entusiasmar de forma a que não sintam que só lá vão porque são obrigados.
É que obrigar pessoas que, estando ainda a crescer, têm um gigantesco sentido de liberdade, a fazer algo de que não gostam durante doze anos seguidos, pode ter consequências desastrosas para eles, para nós, para o país.
Não tenho dúvidas de que quanto maior for a escolaridade e a cultura dos seus cidadãos, mais evoluido e capaz será um país. Como também não tenho dúvidas de que quanto maior for a repressão, maior será a violência. E, se ela hoje já abunda nas nossas escolas, imaginem o que acontecerá quando o número de alunos das escolas secundárias dobrar e quando nas carteiras se sentarem homens e mulheres de dezassete e de dezoito anos desejosos de sair dali e fartos, fartinhos, dos desgraçados que, à sua frente, tentam com as armas que têm, ensinar-lhes alguma coisa.
Isto para não falar das famílias que vivem com salários de miséria e que se verão obrigadas a gastar, durante doze anos, uma pequena fortuna em manuais escolares.
Quem entrar para o 7º ano no próximo ano lectivo será já abrangido por este decreto-lei.
Onde está o pacote de medidas, absolutamente imprescindíveis, para que este decreto-lei possa e deva ser aplicado?
Decisões Vitais
Nunca mais deixar que o mel escorra da colher para as bordas do frasco.
Nunca mais ter pesadelos. A partir de hoje vou só sonhar. Pesadelos, out.
Nunca mais escorregar cada vez que entro ou saio da cozinha.
Nunca mais deixar cair molas ou peças de roupa no estendal do vizinho de baixo.
Nunca mais encher a chávena do chá até transbordar.
Nunca mais me esquecer que o chá que transbordou está no pires.
Nunca mais me esquecer que o pires é plano e que o chá é líquido.
Nunca mais esperar que as flores da jarra fiquem completamente desfolhadas para as deitar no lixo.
Nunca mais me sentar durante horas numa cadeira com almofada. É mau para as costas.
Nunca mais devorar sozinha um litro de gelado. Principalmente se fôr de café ou de chocolate. Tiram-me o sono.
Nunca mais ter insónias.
Nunca mais deixar um dedo, ou dois, ou mesmo quatro, do lado contrário da porta ou da janela.
Nunca mais abrir a boca no meio de plátanos que estão a largar coisas que voam e que parecem algodão.
Nunca mais agitar um líquido dentro de uma embalagem sem verificar primeiro se ela está bem fechada.
Pois que já me ri
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Façam-me rir
Enfim...guerrinhas...
O bom é mais musculado.
Mas tem dias em que o mau...é mais astuto.
* Ainda bem que não são dois amores. Isso sim seria, verdadeiramente, piroso.
Gente assim, mais ou menos, complicada (vá lá, difícil)
Pessoas assim são sempre bem vindas quando estão com o astral para cima.
Elas animam qualquer festa, mudam qualquer humor, viram de cabeça para baixo qualquer mal-estar, qualquer depressão, qualquer estado de espírito mais negativo.
O problema é quando pessoas assim estão de baixo astral. Quando gente dessa acorda mal-humorada, depressiva, sem paciência nem para si mesma quanto mais para os outros.
Aí, nesses momentos, elas arruinam qualquer festa, qualquer boa disposição, qualquer alto astral.
Essas são o tipo de pessoas com quem se quer estar, apenas e só, quando estão bem.
Essas são o tipo de pessoas que têm mais dificuldade em encontrar quem as ature, quem lhes dê um ombro nos mau momentos, isto partindo do princípio que elas querem ombros, o que nem sempre é verdade.
Para este tipo de pessoas é preciso uma certa dose de paciência. É preciso muito amor. É preciso que, ao olhá-las, sintamos que, vendo bem, até é capaz de valer a pena.
Eu sou desse tipo e tenho consciência disso.
Acreditem, é uma responsabilidade do caraças. Se calhar é por isso que, de vez em quando, preciso de me isolar.
Se calhar foi por isso que os meus filhos, no meu último aniversário, uma das músicas que escolheram para música de fundo de um pequeno filme que fizeram sobre mim e que me comoveu até às lágrimas, foi um fado cantado pelo Camané, com poema de Fernando Pessoa, O Amor Quando se Revela.
Procurei-a por onde pude. Gostava muito de a partilhar convosco mas, infelizmente, não a encontrei por aqui.
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p’ra ela
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer…”
terça-feira, 21 de abril de 2009
Curta Metragem vencedora do Tropfest 2008
Nenhum Homem é uma ilha.
Aqueçam-se
Agora saiam para a rua, num dia de sol. Deixem-se ficar a senti-lo na pele.
Vão por mim, não há sensação igual. Por muito bom que seja um aquecedor, nada se compara ao calor do Sol.
Síndroma Queiroziano
Quando é que a vida nos vence?
Em que momento nos transformamos em Carlos da Maia and friends que Eça tão bem retratou em 1889?
Será no momento em que deixamos de ter dinheiro para trocar de carro, ou naquele em que reparamos que, na verdade, nunca chegámos a ter?
Será no momento em que deixamos de poder fazer aquelas férias a que nos habituámos, ou naquele em que consciencializamos que, na verdade, nunca as pudemos fazer?
Ou na verdade tanto faz porque o que interessa mesmo é a diferença monumental que existe entre a nossa vida e a do vizinho da frente ou do gajo que aparece na televisão, o cabrão anda para aí a apregoar que defende os mais carenciados mas depois vai-se a ver e tem lá em casa um barco de quatro metros.
É grande um barco de quatro metros? É caro? Caro é com certeza. Basta ser barco e ele não ser pescador.
Sem dúvida que querer um barco e não o poder ter nos transporta para o mundo dos “falhados da vida”, se o barco for muito importante, já se vê. O certo é que os personagens do Eça até tinham dinheiro. Até tinham o suficiente para não terem de trabalhar e, no entanto, falharam.
Vendo bem não é esse o meu problema. Vendo bem não me sinto nada Maia. O que sinto, quase invariavelmente todas as manhãs, é um nó no estômago dum medito que por aqui anda a moer-me e que se adensa sempre que ligo a porcaria do televisor e oiço a merda das notícias.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Cegos
Somos, comummente, cegos.
Do Arrotar e et caetera
Eructar está para arrotar tal como obrar não está para nada que se relacione com obras, a não ser, é claro, que se obre uma obra prima, o que é raro.
Ele há quem eructe por tudo e por nada. Esse é o tipo de pessoas que pode e deve sentar-se a uma mesa árabe. E há também quem tenha dificuldade em fazê-lo, esses devem ter cuidado com os lugares para onde viajam, podem ficar mal vistos pela omissão do acto. Para esses recomendo, em caso de necessidade, uma cervejita, água com muito gás ou, na falta destas, uma coca-cola, que sempre se encontra em qualquer parte do mundo…
Na sequência deste meu novo conhecimento fui assolada por uma certa curiosidade em saber se existiria, também, uma palavra que substituisse um outro acto, muito semelhante e involuntário que tantas vezes nos deixa atrapalhados. Enfim, uma palavra que suavizasse o acto em si, já que as conhecidas são, grosso modo, broncas. Não tive sorte nenhuma. Se quiser substituir esse outro acto só de frase mesmo, palavra única, nada...a não ser que lhe chamemos apenas ventosidade…
domingo, 19 de abril de 2009
Bem Hajam
O sol voltou. Viva o Sol
Está frio mas que se lixe. O céu está limpo e o sol brilha.
Bom Domingo.
sábado, 18 de abril de 2009
Porque hoje é sábado
Hoje é sábado e eu vou saborear essa liberdade que sempre têm os dias sem compromissos.
Vou saboreá-la porque preciso e porque mereço.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Do comer e da comida
Público agradecimento
Ontem, sentindo-me envelhecida, cansada, frágil, recebi o mais lindo elogio que uma mulher, muito mais jovem, pode fazer a outra. E eu, fechada na minha aflição, confusa no meu sentir, nada disse. Nem agradeci…
Obrigada I. Obrigada pelas tuas palavras e, sobretudo, pela tua visão. Nem sempre a forma como nos sentimos é aquela com que os outros nos vêem…
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Pequeno balanço semanal
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Do civismo e da condução
terça-feira, 14 de abril de 2009
A cerimónia e a boa educação
A cerimónia é fria. A boa educação é quente.
A boa educação não está assente apenas nos bons modos que nos ensinaram quando éramos pequenos, está assente na sensibilidade, na percepção do outro.
Somos bem educados quando olhamos o outro e o vemos e, ao vê-lo, nos preocupamos em ser-lhe útil e agradável.
A cerimónia não está assente em lado nenhum. Ela existe só por si. Ocupa todos os espaços.
A cerimónia faz sentido em determinadas ocasiões, aquelas que são, evidentemente, cerimoniosas, frias e pontuais. Aquelas em que não existe motivo para nos aproximarmos dos outros. Porque é isso que ela faz – cria barreiras, esconde-nos mascarando-nos.
A boa educação faz-nos falta todos os dias. Podemos e devemos usar e abusar dela.
A cerimónia pode muito bem ficar guardada no armário, junto àquele vestido de seda que nos roça os pés ou àquele fato que usamos, apenas, em certas ocasiões.
The times they are a-changin
É porque tinha de ser com esta música e tinha de ser com ele a cantar...
Os tempos estavam em mudança nessa altura e estão em mudança agora. E, ainda que Camões tenha dito, e com uma certa razão, que quando se mudam os tempos, mudam-se, também, as vontades,ele há certas coisas que sabe sempre bem re-ouver...
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Da melancolia
Eu gosto de melancolia. Mantém-me calma. Dá-me uma certa lucidez. Deixa-me pensar e sentir as coisas.
Há quem associe a melancolia à tristeza. De facto existe uma certa tristeza na melancolia, mas é uma tristeza boa. É uma tristeza daquelas que nos faz sorrir por dentro. Uma tristeza daquelas que nos liga a tudo o que nos rodeia porque traz consigo a paz necessária aos sentidos. Porque não nos deixa andar dispersos.
Eu gosto de melancolia. De vez em quando.
Afinal os pássaros também discutem
Pouco tempo depois levantou vôo. Tomou a direcção do primeiro, e o pequenino continuou, ainda triste, no pequeno arbusto.
Afinal os pássaros também se zangam…
Tal como eu temia...
Morreram
Dois cedros que plantei tão pequeninos e que cresceram viçosos, morreram.
Quando vendi a minha casa quis oferecê-los à minha rua. Pedi à Junta de Freguesia que os transplantasse para o relvado em fente da casa, e morreram.
Se calhar morreram de saudades.
Se calhar deveria tê-los visitado.
Se calhar faltou-lhes a nossa companhia.
Morreram…
Não gosto
Não gosto dessas esculturas modernas de ferro carregado de ferrugem.
Não gosto da cor da ferrufem.
Não gosto dos cascos desses navios gigantes, cargueiros, porta-contentores e petroleiros, que atravessam as nossas águas e aportam aos nossos portos, também eles ferrugentos, sujos, ameaçadores.
Não gosto de pedreiras a céu aberto. Esse descarnar da Terra. Esse desventrar que deixa muitas vezes ao abandono amontoados de pedra baça.
Por favor pintem os paineis. Pintem as esculturas, dêm-lhes cor. Tratem dos cascos dos navios. Façam com que pareçam sempre novos, luzidios.
Por favor cubram as pedreiras. Escondam-nas com árvores frondosas e verdes.
Por favor plantem jardins, florestas e bosques. Pintem as casas. Limpem as ruas.
Deixem-me olhar só o que é belo.
domingo, 12 de abril de 2009
Com empregados assim...
- Não há – respondeu a empregada do outro lado.
- Há sim, que eu estou a ver a garrafa – replicou ele apontando uma garrafa na prateleira em frente.
- Não chega para uma dose.
- Mas então sirva-me meia.
- Não temos meias doses no computador.
- Então o que é que vai fazer a esse resto? Deita-o fora? – insistiu o cliente.
- Espero que venha outra garrafa para completar uma dose.
- Mas eu queria um brandy – disse o homem em tom de desilusão.
- Ah! Tenho aqui … - e desenrolou quatro ou cinco nomes de brandies escrupulosamente guardados atrás do balcão.
O cliente escolheu um estranhando o facto de não estar na prateleira.
- Não cabem lá todos – elucidou a empregada, enquanto o cliente lhe sugeria que substituisse as garrafas que não têm pelas que têm.
- As prateleiras não enguentam – resmungou ela sem o ouvir.
Love actually happens
Acontece e, cada vez que acontece, deixa-me de lágrima no olho e nó na garganta.
God only knows what I'll be without you
sábado, 11 de abril de 2009
Hábitos
Quando morava numa casa deixava-me ficar à porta, à espera que o carro desse a volta e passasse mais uma vez, para voltar a acenar. Agora, tal como os meus pais, vou à varanda.
Quem já cá não mora, ou nunca morou, quem vem de visita, vira sempre o olhar para cima, sorri e responde ao aceno. Depois o automóvel arranca e os braços voltam a acenar.
Quem ainda cá vive não tem esse costume mas, mesmo assim, eu vou à varanda. Não vá ele um dia olhar e não me ver.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Da Páscoa
Para os Cristãos a Ressurreição de Cristo.
Libertação pode muito bem ser a palavra de ordem.
Não conheço o porquê dos ovos, mas se pensarmos que transportam uma vida que, para se libertar, tem de romper a casca, não será difícil ligá-los, quer à fuga dos Judeus, que romperam as amarras da escravatura, quer à ressurreição de Cristo que venceu a própria morte, renascendo.
Tudo é uma luta e a Páscoa, festa de família, pode muito bem ser uma festa de vitória. A festa dos vencedores.
Festejemo-la como tal. Renasçamos. Quebremos as amarras que nos tolhem e nos limitam.
Libertemo-nos pois.
Páscoa Feliz
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Das relações
Precisamos aprender a ser , aceitando, ao mesmo tempo, aquilo que o outro é. Precisamos de aprender a medir distâncias, a calcular espaços. Precisamos, mais do que nunca, de seguir aqueles tão antigos conselhos. Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti. A liberdade de cada um termina onde a do outro começa. Precisamos de ensinar isso às crianças. Precisamos de desenvolver o conceito, também ele antigo embora pareça ter caído em desuso, do Bom Senso. Porque será ele que nos pode ajudar na aceitação da nossa individualidade ao mesmo tempo que tomamos consciência da nossa universalidade, da nossa comunidade, a de todos os Seres.
Precisamos de acreditar que os outros são nossos irmãos, nosso iguais nas suas diferenças.
Precisamos de encontrar um equilíbrio entre nós e os outros e, para isso, precisamos de resgatar modelos antigos para que os possamos adaptar à nossa realidade. Precisamos de resgatar a fraternidade, a solidariedade e a compaixão.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Das pressas
Gosto de tempo. Gosto de caminhar. Com genica e determinação, mas em passo de marcha, não de corrida.
É por isso que tento sempre organizar a minha vida de modo a que as coisas se encaixem sem grandes sobressaltos.
Contudo, há dias em que o tempo me foge e eu não vejo para onde. Dou comigo a correr de um lado para o outro e pergunto-me em que momento é que as coisas descambaram. Faço uma rápida retrospectiva. Ter-me-ei levantado tarde? Levei horas a mastigar? Adormeci em pé e não dei por isso?
Não. Nada disso. Enchi foi o dia de tempos mortos. Tempos de espera. Tempos parados porque, afinal, nem tudo se encaixa e os horários dos outros são quase quase, iguais aos meus.
Da vulnerabilidade
terça-feira, 7 de abril de 2009
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Haja quem invente
Seja por um ou por outro motivo, a solução, em momentos desta envergadura, é inventá-las.
Creio que foi assim que nasceu a palavra Saudade, de uma necessidade, de uns quaisquer soldados numa qualquer guerra, de transmitirem às famílias os desejos de saúde; a falta que deles sentiam; a vontade que tinham de estar por lá e não ali.
Hoje eu gostava de ser capaz de inventar uma que contivesse um coração a rebentar de amor; um ego a explodir de orgulho; um espírito a saltar de alegria; uns olhos a brilharem de ternura, porque é assim que me sinto. Porque foi tudo isto que senti hoje, ao olhar os meus dois filhos, juntos, felizes, adultos e lindos; lindos e unidos como só os irmãos sabem ser.
Gostava, mas estou tão ocupada a voar nos sentimentos que terá de ficar para outra altura. Entretanto, se alguém tiver sugestões, não hesite - sugira.
Porque hoje é segunda-feira
Barack Obama conquistou a Europa. Andamos todos à procura do Messias…
Quanto a Mário Soares, um rosto do presente, diz que Durão Barroso é um rosto do passado. Este senhor não deve ter espelhos em casa…
E assim vai o mundo. E assim vamos nós.
Uma boa semana é o que lhes desejo.
domingo, 5 de abril de 2009
É já amanhã
Não o vejo há dois meses e as saudades são muitas.
Mal posso esperar pelo avião que mo traz.
Do passado
Que nada se repete, todos nós sabemos. Mas, mesmo assim, insistimos em trazê-lo para o pé de nós como se de algo inevitável se tratasse. Como se dele não fosse possível fugir.
Eu transporto o meu com um certo orgulho. Talvez porque dele tirei o que me faz falta para o presente e perdoei tudo o que não me interessa e, até aí lhe devo agradecimentos, na capacidade que me deu para perdoar.
É ao passado que devemos as pessoas em que nos vamos tornando e, aquilo em que nos vamos tornando ditará o que seremos amanhã.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
De como as máquinas se viraram contra mim
Não tenho telefone fixo há três dias. Apesar de ter rede, não recebe nem faz chamadas. Já protestei. Duas vezes.
O meu telemóvel, hoje, resolveu não receber mensagens. Apesar de estar ligado e, aparentemente, bem de saúde.
O Office do computador deu por terminado o período de experimentação e agora pedem-me quase quinhentos euros para poder voltar a escrever. Tenho tudo bloqueado, desde o Word ao Outlook.
Acho que as máquinas, assim de repente, se juntaram numa manifestação contra a minha pessoa. Ou então trata-se de uma conspiração do Universo para que eu me desligue delas. Não faço a mínima ideia.
Ele há sinais que não sei interpretar. Por muito que me esforce não compreendo porque é que estas coisas acontecem, quase sempre, todas ao mesmo tempo.
Vai-se a ver e é um teste à minha paciência. Devo ter poucos…
Ou então são as minhas vibrações que andam tão atormentadas que rebentam com a maquinaria. Das duas, três…
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Ai que RAIVA! Que ÓDIO!
quarta-feira, 1 de abril de 2009
O que eu gostava mesmo
O que eu gostava mesmo era de viver num sítio em que os Invernos são brancos. Em que os Natais são brancos e, por todas as janelas de todas as casas, se vê o esvoaçar leve, levíssimo, dos flocos de neve.
O que eu gostava mesmo era de ter sempre aqueles Natais em que a neve pára tudo e em que os flocos, quando caem, param o tempo.
O que eu gostava mesmo era de viver num sítio assim e não compreendo porque carga d’água é que não existe, ou porque é que ninguém me diz onde fica.