quinta-feira, 3 de julho de 2014

A Verdade - isso é o quê?



Há muitos anos eu estava convencida que existia uma verdade e que ela era, evidentemente, a minha.

Depois, à medida que os meus horizontes se foram expandindo, cheguei a temer uma grave inconsistência da minha pessoa.

Todas as opiniões, por díspares que fossem, que ouvia sobre um qualquer assunto me pareciam lógicas e verdadeiras.

Nessa altura perdi a minha verdade! Eu era, na minha opinião, uma pessoa despersonalizada, meio tonta, sem opinião firme sobre fosse o que fosse.

A qualquer verdade afirmada por terceiros eu encolhia os ombros e o meu olhar tornava-se tão vago quanto a minha opinião - eu não sabia. E, perante a veemência dos outros, eu só conseguia responder: Pois...não sei...talvez...

Hoje, convicta de que a única verdade é que não existe nenhuma verdade única, procuro a minha mais do que a de qualquer outra pessoa e procuro-a com o meu coração e não com a minha razão.

A razão, que geralmente tende, primeiro a acreditar no que é mais fácil para nós e depois a gerar argumentos que sustentem precisamente isso. Isto é, a razão obedece muito mais ao comodismo, que é como quem diz -  joga à defesa, enquanto o coração sabe. Ele é que sabe!

Quantas e quantas vezes a razão puxa para um lado e o estômago dá voltas e voltas? Sabem porquê? Porque o coração sabe que não é por aí. Mesmo quando tudo à nossa volta grita que sim, que é, se o nosso estômago dá voltas, se os intestinos se prendem, ou soltam, se a voz embarga...se calhar é porque não é por aí.

As verdades são tantas e tão convincentes!

Há pouco tempo vi um filme sobre Madre Teresa de Calcutá. Chama-se "A Verdade Sobre Madre Teresa" ou qualquer coisa do género...

Nunca me passou pela cabeça aquele ponto de vista mas, tal como o seu oposto, ele faz sentido. Afinal Madre Teresa foi a mulher que mais dinheiro geriu, em toda a história da humanidade. Então, porque é que os seus pobres continuaram sempre pobres? Parece-me uma pergunta lógica. Aliás, porque é que os seus pobres continuam pobres quando aquelas que ficaram à frente da Congregação dizem que o dinheiro que esta tem é incontável?!

Mas, por outro lado, a senhora dedicou uma vida inteira aos pobres. Afinal, ela recebeu o Nobel da Paz! E nunca ninguém a viu rica! Será que ela foi, como diz o tal filme, mais um instrumento de acumulação de riqueza para o Vaticano?

E quem é que pode responder a isto com verdade?

Ninguém! Só ela o poderia fazer e ela já cá não está!

A verdade é uma propriedade individual! O resto são pontos de vista.

Descubra a sua verdade.

E siga o seu próprio caminho.

Quando o estômago lhe doer, concentre-se nessa dor para ter a certeza de que não é medo. Depois oiça o seu coração e aceite a sua verdade mesmo que ela seja diferente de todas as outras.


Aceite-a porque ela é a SUA VERDADE.