domingo, 31 de maio de 2009

E foi assim...


de repente, não mais que de repente
Que o Sol nos fugiu
O nevoeiro nos encobriu
E a humanidade nos afligiu
Assim.
De repente.
Não mais que de repente...


Verão

Há uma magia muito especial nestas manhãs de Verão. Uma transparência, um brilho. Uma frescura tão cheia de vida que a primeira coisa que me apetece, quando me levanto, é abrir todas as portas, todas as janelas. Sair para a rua. Respirar e sentir-me feliz por estar viva debaixo deste céu tão azul.
Não sei o que é que passou pela cabeça da metereologia para dizer que hoje choveria!
Que bom, terem-se enganado!


sábado, 30 de maio de 2009

Parece que o meu mal é Stresse

Fiz um teste, na Deco Proteste, para avaliar os níveis de stresse e, ao que parece, estão, justificadamente, bastante elevados. Este cansaço, quase permanente, acompanhado por alguma sonolência diária, é o resultado de noites mal dormidas, agitadas e povoadas de sonhos, tudo por causa do dito.
Dizem eles que isto é o resultado das mudanças e da agitação constante a que a minha vida tem sido sujeita. Impossível contornar. Resta-me combater. Assim como assim, é mais um combatezito… Portanto, luto por melhores condições de vida e depois tenho de lutar contra o stresse que a luta por melhores condições de vida me trouxe. Vale a pena perguntar se o melhor não seria ficar quietinha. Claro que sim, se as condições de vida não fossem, só por si, motivo de stresse. Posso, pelo menos, regozijar-me pelo facto de sofrer de uma doença mais do que actual. Quer isto dizer que ainda não estou morta, muito pelo contrário, mantenho-me na crista da onda.
Como nada na vida acontece por acaso e na maior parte das vezes limitamo-nos a sofrer, tanto no bom como no mau sentido, as consequências dos nossos actos, eu diria que tenho uma certa tendência para arranjar sarna para me coçar…ou lenha para me queimar, tanto faz, vai tudo dar no mesmo.
Voltando à Deco, o conselho que me dão é que, primeiro – vá ao médico, segundo – faça exercício; tenha cuidado com a alimentação, não coma muito antes de me deitar; não fume, principalmente antes de me deitar e não beba café, exactamente, 6 horas antes de me deitar.
Ora ajuste aqui, ajuste ali, aquilo que eu não faço mesmo, de tudo isto, é exercício. Como a casa a que me candidatei fica praticamente ao lado de um ginásio que até tem muito bom aspecto, visto por fora, claro, já decidi que, se a conseguir comprar, inscrevo-me no dito. Assim, estou absolutamente convicta que, mais mês menos mês, vou voltar a estar aí para as curvas. Até ao próximo ataque de sarna, já se vê…

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sofriveis, a maior parte das vezes...mas convencidos que são bons...

Não conheço nenhum homem que à pergunta, és bom na cama, não responda, epá, acho que sim, com aquele ar de quem só não diz , claro que sou, para não parecer presunçoso. Alguns, bastantes, acrescentam - elas não se queixam...
No entanto, se perguntarmos às mulheres se acham que eles são bons, as respostas variam entre, não sabe beijar, não tem um pingo de sensualidade, é rijido, uma tábua, não se aguenta muito tempo, é fraquinho, quer receber mais do que aquilo que dá, que é como quem diz, gosta que lhe façam mas não gosta de fazer,e quando faz, não o sabe fazer, falta-lhe o prazer, a sensibilidade.
E depois vêm as psicólogas a dizer que as mulheres não perdem o controle...
Quando lhes perguntamos, ainda às mulheres, já lhe disseste? A resposta é, quase invariavelmente, não sou capaz, coitado, é chato, como é que lhe vou dizer uma coisa dessas?!
De facto são mais as vozes do que as nozes. Os homens, principalmente os mais velhos, os de outras gerações, cresceram na crença que não precisam de fazer grande coisa para agradar às mulheres porque eles, só por si, já bastam.
Pois estão enganados e a culpa é nossa. Nossa, das mulheres evidentemente. Porque, infelizmente, não se queixam, nisso eles têm razão, não exigem, não protestam e até há algumas que fazem de conta , só para não estragar uma coisa que se não estiver já estragada, estragar-se-á pela certa, mais cedo ou mais tarde.
Sempre que penso neste tema lembro-me do D. Juan. Fiquem com ele. Oiçam a letra, deixem-se levar pela música, e aprendam, porque nunca é tarde para aprender.


Decida-se S. Pedro, decida-se...

Lembram-se de quando, chegada uma estação, se trocava a roupa nos armários? Tipo, agora guarda-se a de Inverno e toca a trazer a de Verão para mais perto, que é como quem diz, esta já não é precisa, venha a outra?
Lembram-se disso?
Pois é. Estou convencida que esse costume desapareceu. Que agora, quer queiramos quer não, temos de gramar a roupa de todas as estações, o ano inteiro, no mesmo armário.
Domingo já chove! Vão-se as sandálias. Voltam os sapatos.
Como é que isto há-de progredir se nem S. Pedro sabe para que lado cair?!

Mais uma novela!

Até que ponto os pais naturais são os mais capazes de criar os seus filhos?
Em certas sociedades, ditas primitivas, as crianças eram educadas segundo o princípio de que todas as mulheres eram mães e todos os homens pais, sendo que cabia aos mais velhos as decisões mais importantes já que a experiência de vida era considerada um factor primordial.
Ouvi ,há pouco tempo, alguém dizer que os juízes que decidem casos de vida deveriam ser mais velhos, mais experientes. Não me recordo quem foi, mas foi dito publicamente e eu concordo em absoluto.
A menina russa que foi, por um juiz português, entregue à mãe biológica que vive a 300 Kms de Moscovo, abriu uma nova novela e vai, quase que aposto, tomar, nos noticiários, o lugar dos escândalos económicos e políticos. Ela, e o juiz que decidiu tirá-la aos pais adoptivos portugueses e enviá-la para trás do sol-posto.
Tudo indica que a criança perdeu em condições de vida, e consequentes oportunidades, em amor e em educação. O juiz ficou perturbado, mas não está arrependido da decisão! Mesmo que estivesse não o diria. A ordem crucificava-o.
Não são fáceis estas questões. Nada fáceis.
Por um lado temos os pais, que são pais, mas que muitas vezes nem deles próprios sabem tomar conta e, afinal de contas, cada criança é o futuro…
Por outro temos os Estados, as Leis e os Tribunais, compostos, também eles, por outros pais, que poderá, à semelhança das antigas sociedades chamar a si essa responsabilidade.
O problema é que o Estado não é, nem deve ser, pai.
Nos Estados Unidos tiram-se filhos aos pais por dá cá aquela palha e o resultado não me parece brilhante.
Pois é, estas coisas só podem ser analisadas caso a caso, na sua particularidade. Não pode haver leis rígidas. Só o bom-senso, a maturidade e a experiência, têm alguma capacidade para tomar decisões desta natureza.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Parabéns!

O Jardim Zoológico de Lisboa faz hoje 125 anos.
Ainda me lembro de quando era miúda e todos os anos rumávamos ao Jardim para ver a "família", como o meu pai, por graça, gostava de dizer.
Foi lá que aprendi a patinar e foi lá que passei, com o meu filho, um dos melhores dias da vida dele, pelo menos é o que ele costuma dizer. Que nos divertimos, divertimos. As fotografias cá estão para comprovar.
Hoje já não existe o elefante que nos levava a passear, sentados em cestos de verga, embalados pelas passadas vagarosas de gigante. Nem póneis! Pelo menos eu não os vi, a passear meninos, entenda-se, da última vez que lá estive.
Agora temos o teleférico que só poderia ser batido pelo Dumbo, caso ele existisse.
Dantes tínhamos o elefante que tocava a sineta sempre que lhe dávamos uma moeda.
Hoje há golfinhos, leões-marinhos e focas que batem palmas e sobem às bancadas para nos beijar.
Houve uma altura em que temi que o Jardim desaparecesse, qual Feira Popular. Ainda bem que assim não aconteceu. Antes mudou e, animais que estavam em condições sofríveis como o Tigre da Rodésia que, nesse inesquecível dia que partilhei com o meu filhote, estava confinado a uma jaula demasiado pequena para o seu enorme porte, estão agora muito mais bem acomodados.
Na altura parece que o Jardim estava em obras e o desgraçado do tigre teve de esperar por melhores dias num apartamento menor do que um T0. Feliz não estava porque, enquanto o olhávamos com admiração, ele virou-nos as costas, encostou o rabo às grades e presenteou-nos com uma valente mijadela de que, só por instinto, escapámos.
O Jardim merece ser mimado e conservado. É um espaço de aprendizagem e de encontros. Não só entre gente e bichos, mas entre gente e gente.
Vida longa ao Jardim Zoológico de Lisboa.

Penduricalhos e similares

Há vários motivos para se usar este ou aquele penduricalho, não tem necessariamente de ser para nos enfeitarmos em dado momento. Há penduricalhos que se usam por crença ou superstição ou, simplesmente, porque nos sentimos bem com eles e mal quando os tiramos. Esses são os mais desgraçados, condenados a viver colados a um corpo qualquer para o resto da vida…do corpo, evidentemente. Atenção que eu só digo que são os mais desgraçados porque tenho esta fobia da dependência, porque pode até ser que sejam os mais afortunados do mundo, sei lá. Uma coisa é certa, esse tipo de penduricalho acaba sempre por se transformar num empecilho quando chega o Verão e as roupas que se usam não têm nada a ver com o dito.
Uma pessoa fica sem graça. Às voltas com o fio ou com a pulseira, geralmente são fios ou pulseiras, sem saber o que fazer. Tirar não dá porque depois parece que tudo vai começar a correr mal e já não somos a mesma pessoa e falta-nos um bocado. Deixar ficar também não porque parecemos a saloia ali da esquina que sai de casa com tudo o que tem nas caixas das jóias, qual montra iluminada!
Pois hoje encontrei uma solução para o problema. Escondam-no. Ao fio, à pulseira… escondam-no em qualquer lado. Geralmente são fininhos, tipo cordel, por isso dá para enrolar à volta de “qualquer coisa” e, pronto, deixa de se ver. Acaba-se o conflito penduricalho/indumentária e não fazemos o coitado sofrer com a separação. A ele, evidentemente, porque a nós tanto nos faz. Eu, por mim, até o tirava…

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Mas que merda!

Vem um médico e diz, opera. Vem um outro e diz que não. Um terceiro concorda com o primeiro e o quarto, tarde de mais evidentemente, diz que o segundo é que tinha razão!
Empatadas que estão, agora, as doutas opiniões, não o estavam na altura de decidir. Pelo que se optou pela não operação.
Coloca-se, agora ,a questão – foi uma boa escolha? Sei lá! E se se tivesse optado pela operação e a coisa tivesse corrido mal?! E se o organismo dela não aceitasse os ferros ou os parafusos obrigatórios nestas circunstâncias? Como é que uma pessoa vai saber o que fazer com opiniões tão díspares?!
Não é o meu pé. É o da minha filha, o que é muito pior. Antes fosse o meu.
Há que evitar ao máximo os acidentes. Fujam dos hospitais sempre que puderem. Corram, porque, mesmo que seja só um tornozelo partido, não deixa de ser uma bosta.

Dos políticos e do País

Os nossos políticos, os nossos gestores, a nossa justiça, todos aqueles que “puxam os cordelinhos”, aqueles a quem é suposto confiarmos o nosso dinheiro, a nossa segurança, a educação dos nossos filhos, a saúde dos nossos pais, a nossa própria saúde, andam pelas ruas da amargura.
Por muito que se tente é quase impossível acreditar nesta gente e, quem não acredita não pode, de modo nenhum, confiar.
Há qualquer coisa que está extraordinariamente errada e eu não sei se são todos eles se é a imagem que deles passa para o exterior. Somos, todos os dias, bombardeados com “diz que disse” de todos os lados, intrigas, águas a serem sacudidas de capotes, lavagens de roupa suja, “recados” disfarçados de esclarecimentos, como o discurso que o Oliveira e Costa foi fazer à comissão parlamentar. Somos bombardeados com merdas destas sem chegarmos a perceber exactamente o que foi feito por quem e a única coisa que fica é que são todos uns filhos da puta que nos andam a enganar e a encher os bolsos à nossa custa.
Aquilo que eu pergunto é se será realmente assim porque, na verdade, me custa a acreditar que no meio de tanto funcionário público, porque de funcionalismo público se trata, não exista gente séria, íntegra e de boa-vontade. Então das duas uma – ou a comunicação social passa a fazer um trabalho inequívoco passando-nos TODOS, mas TODOS, os factos, ou passam a fazer o favor de se entreterem com outros fait-divers até que as pessoas sejam devidamente investigadas, julgadas e condenadas, ou não, para, então sim, nos darem notícias concretas.
É que, assim, andamos para aqui todos a fazer julgamentos sumários, e todos os que colaboraram no Prós e Contras da passada segunda-feira estavam cheiinhos de razão, sem termos dados ou preparação para tal. Para já não falar da péssima imagem com que vamos ficando daqueles em quem seria suposto confiarmos.
Isto não é fixe para ninguém. Nem para nós, nem para eles, nem para o País que, diga-se em abono da verdade, é quem interessa neste momento.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Mimos

Ganhei, dos meus filhotes, uma smartbox Zen & Spa, 140 programas de bem-estar!
Mal posso esperar pelo momento em que me deito numa tarimba para uma massagem tuina, wine pinda, holística ou mesmo ayurvédica, ou para uma sessão de modelagem caligráfica. A maior parte destas coisas não faço ideia o que sejam, mas que vão ser momentos inesquecíveis, disso não tenho dúvida nenhuma. Afinal são massagens e, massagens são massagens não é?
Difícil é escolher.
Ele há sessões com chocolate, com vinho, com pedras, com aromas, com duches, com lama, com óleo… O que pode acontecer é eu entrar e nunca mais de lá querer sair.

Agradecimentos

Na verdade eu, hoje, merecia que os meus amigos se esquecessem de mim já que, nos últimos meses, eu me tenho esquecido deles.
Mas a vida nem sempre é justa e o telefone não tem parado, e ainda nem são 10 h e isso é uma coisa que me comove, até à moléculazinha mais recôndita do mais recôndito dos meus orgãos.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Do conformismo vs comodismo

Li, aqui, uma opinião que está, penso poder dizê-lo, bastante generalizada. A de que nós, portugueses, somos um povo resignado, conformista, amorfo.
Pois eu acho que a nossa maior característica é o comodismo. Não estamos virados para as grandes causas, para as grandes lutas, não por sermos conformistas mas porque somos comodistas. Lutar por uma causa dá trabalho e requer tempo e nós temos o nosso tempo todo tomado nas lutas diárias para nos mantermos, a nós e às nossas famílias, à tona.
Trata-se de um círculo vicioso que só se interromperá quando uma qualquer geração estiver disposta a fazer sacrifícios e todos nós sabemos que, para isso, será necessário que batamos todos com os costados no chão. Para nos mexermos, e pouco, são precisos 48 anos de ditadura misturada com 12 de guerra e, mesmo assim, a maioria de nós sai à rua para ver o que se passa, tira partido se for caso disso e continua na sua vidinha que, neste mundo, ninguém dá nada a ninguém.
Se a manifestação for durante a semana, nas horas em que se deveria estar a trabalhar, até pode ser que sim, desde que não haja nada de mais interessante para fazer. Agora a um sábado?! Por favor!...
Se formos analizar as nossas grandes causas, ao longo da História, somos capazes de chegar à conclusão que, na sua maioria, foram produtos de ambições e sonhos particulares. Somos um povo pouco povo. Facilitistas, de um egoísmo requintado, o que queremos mesmo é que entre em casa aquilo que acreditamos fazer falta e o resto que se lixe.

O último dia

Hoje celebro o último dia desta idade que não voltarei a ter a não ser, talvez, numa outra vida.
A partir de amanhã entrarei pelo segundo meio século adentro.
Esta foi a música que me veio à cabeça assim que acordei.


domingo, 24 de maio de 2009

Das mudanças

As mudanças custam-me. Custam-me, pronto.
Custa-me mudar de casa; custa-me mudar de emprego; de móveis; de estilo; de situação; de estado civil.
As mudanças custam-me como o caraças.
Por mim não tinha mudado era nunca! Deixava-me ficar tal como estava logo ao princípio. Não sei exactamente em qual dos princípios, mas num princípio qualquer.
Cada vez que tenho de mudar fico stressada. Sou daquelas pessoas que, quando monta uma casa, fá-lo previamente e de uma só vez. Assim, quando me mudo, é só chegar e instalar-me porque já está tudo nos respectivos lugares, como se sempre ali tivesse estado.
Gosto de constância e, por isso, não compreendo esta insistência da vida em arrastar-me, constantemente, para mudanças.
Eu sei que há pessoas que são, precisamente, o contrário. Que precisam de mudar de vez em quando porque se enfastiam facilmente com a rotina. Eu não. E, como sei que também há outros como eu, aqui vos deixo uma musiquinha que, nestas circunstâncias, me tem inspirado bastante. E alegrado, também.


Isto não me parece nada bem

O Verão ainda não começou e eu já estou viciada em gelados!

Dos livros e das estórias

“A minha vida dava um livro…ou um filme!”
Quantos de nós não disseram já isto? Não pensaram já isto, acreditando ser verdade?
E é verdade. Cada um de nós é único. Com vivências únicas, experiências únicas; obstáculos únicos. Cada vida dava um livro. E todos podíamos aprender com ele, tenho a certeza.
Há dias, durante um almoço em que eu contava, a um amigo de longa data, mais alguns episódios burlescos da minha vida, ele virou-se para mim numa quase gargalhada e exclamou :“Tu vais ser uma grande escritora. As coisas que tens para contar!”
É verdade. Tenho, quando quiser e se quiser, material para uma série de livros. Mas não é por acaso que a História se escreve à distância de uma vida.
Quando decidir ser a protagonista das minhas estórias, transformo-me no Woody Allan.
Por ora, prefiro recriar outras vidas, outras experiências, evitando, tanto quanto puder, a minha. Assim, os meus horizontes alargar-se-ão porque, apesar de sermos todos da mesma espécie, a verdade é que há os que vivem mais; que sofrem mais; que amam mais; que aprendem mais; que lutam mais; que trabalham mais.
Para além disso, não são raras as vezes em que a ficção transcende a realidade, e eu não tenho bem a certeza onde é que tudo começa, se numa, se noutra.

sábado, 23 de maio de 2009

Finalmente!

Encontrei casa!
Agora resta saber se o banco pensa dela o mesmo que eu...

Dupla personalidade

A propósito de um romance que acabei de rever, dei por mim a pensar na dupla personalidade.
Há quem a tenha desassociada, o que é considerado doença. E depois há todos os outros, que a têm inata.
A dupla personalidade reside no alimento que fornecemos à alma. Se lhe fornecermos amor, entramos em estado de graça. A nossa expressão altera-se, torna-se mais macia, mais doce; o coração anima-se; o corpo torna-se mais flexível e, quando caminhamos, parecemos planar.
Se lhe fornecermos objectividade, competência e todos aqueles atributos necessários à vida prática, a nossa expressão endurece; o coração adormece; o corpo fica mais rígido, os passos pesados pelo determinismo.
Entre uma e outra personalidade existem um sem número de nuances, evidentemente, mas, com os anos, tendemos a centrarmos mais numa ou noutra, consoante aquilo que a vida nos for exigindo.
O problema é que os extremos se tocam e é quem mais tendência tem para o estado de graça que mais riscos corre de endurecer. A vida que criámos não se compadece com estados de graça. Exige-nos a toda a hora que mantenhamos os pés “bem assentes na terra”. Que sejamos práticos, objectivos, atentos, competitivos. A vida exige-nos uma certa dureza.
É às relações afectivas que vamos beber pequenos momentos desse estado de graça.
O meu receio é que, nos intervalos, nos afastemos tanto dele que nos seja cada vez mais difícil voltar a alcançá-lo.
A não ser, é claro, que ainda assim, no meio de toda a objectividade, sejamos capazes de ir, dia-a-dia, semeando um pouco de amor por tudo e por nada. Assim, quem sabe, talvez se consiga atingir um estado de graça permanente que nos possa tornar imunes às exigências cruas da vida prática sem, contudo, nos tornarmos inaptos para ela.
Isso sim, seria o ideal!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Das críticas

A minha filha hoje escreveu um texto que eu gostaria de ter comentado e só não o fiz porque, por um qualquer motivo a que sou completamente alheia, não consegui chegar com o cursor do rato aos comentários. Não é a primeira vez que isto me acontece mas, sempre que acontece, há um video no final do texto.
A dada altura ela diz “E ao contrário do que acontece na vida fora dos guiões, aceitamo-los pelo que são e gostamos deles mesmo assim.”
Foi esta frase que me deixou pensativa. Deixou-me pensativa porque, mesmo na vida fora dos guiões, existem pessoas que nós aceitamos pelo que são e gostamos deles mesmo assim.
Mas quem são essas pessoas? Aquelas que nos são queridas. As que nos são próximas. Porque as outras, as que pouco ou nada nos dizem, nós estigmatizamos, criticamos e gostamos, ou não.
O que é que acontece então com os personagens das séries? Será que as acompanhamos tanto tempo que acabamos por as considerar “família” como diz a minha filha? Ou será por nos serem facultadas as várias facetas da sua “vida”? Por nos ser permitido “ver” o tudo por que passam e as formas como reagem aos desafios?
Porque se for esse o caso, então não é legítima a crítica que fazemos de quem só conhecemos pequenas partes.
Se somos capazes de aceitar comportamentos extremados da parte de personagens de ficção, porque nos arvoramos tão prontamente em classificar os comportamentos de pessoas reais que mal conhecemos? Não me parece isso muito bem.
Talvez as séries sirvam mesmo para nos dar uma outra perspectiva dos outros. Para nos mostrar que, afinal, só as circunstâncias é que são diferentes porque de resto, somos todos, mais ou menos, iguais.

Putos...

Acabaram de me cravar uma rifa. As escolas, agora, põem os putos a vender rifas para tudo e por nada. Até para fazer viagens, ditas de estudo...
Este, que acabou de me vender mais uma, nem sabia exactamente para que é que as anda a vender.
- Já vendi cem - disse ele - agora só tenho mais estas cinco.
Quando lhe perguntei o que é que me sairia se ganhasse, levantou para mim uns grandes olhos azuis, puxou do livro de rifas que abriu na primeira página e disse:
- Um grelhadoreee…..; uma garrafa de wiskiiii…..(e, muito baixinho - com 12 anos) – aqui, tirou os olhos do papel, acenou a mão num gesto de andar para trás e acrescentou, com um ar comprometido – esta já é antiga…

Bolas!!!

Esta manhã, ao estacionar o carro, o coração destrambelhou-se. É para aí a quarta vez que isto me acontece. A última, há cerca de dois anos, valeu-me uma quantidade estúpida de exames e o veredicto de que, a única forma de diagnosticar a coisa, é apanhá-la no momento, in loco, o que me parece uma hipótese bastante remota já que, se eu chegar a cair, provavelmente não me levantarei. Já para não falar do facto destas “crises” , chamemos-lhes assim, durarem alguns segundos, ainda que me pareçam uma eternidade.
O resultado é uma valente dor de cabeça; um cansaço anormal e um desarranjo intestinal daqueles…
Mas o que me leva a partilhar este acontecimento é o medo e a consciência, mais uma vez a consciência, da nossa precaridade.
Encostada ao carro, de boca aberta para que todo o oxigénio do mundo entrasse, só me lembro do medo que tive. Não. Do medo não, do terror. Por momentos pensei – é desta. Até que olhei para o céu, azul que estava, e decidi que não, não quero, não vou, não estou preparada.
Há quem se convença que esta, ou outra forma semelhante, seria o ideal. Do estilo, nem dá para pensar, é de repente e pronto. Tretas. Dá sempre para pensar, o que não dá é para uma pessoa se preparar e, que não haja dúvidas, é uma viagenzita que requer alguma preparação. Pois se ele há outras, menos radicais, que requerem, porque haveria esta de não requerer?!
Por mim, por favor, assim não. Quando chegar a hora, que venha com aviso e me dê tempo, pelo menos, à mentalização. Já que tenho de ir, que vá calma e confiante.

Quinta-Feira de Espiga

Ontem foi quinta-feira de espiga.
Creio que, quando eu era miúda, ninguém trabalhava neste dia. Era um feriado. E de festa! Comemorava-se a ascensão de Cristo, quarenta dias depois da Páscoa.
Como havia campo por todo o lado. Até mesmo nas cidades não era complicado encontrar um bocadinho de campo, as pessoas saiam à rua, em romaria, para apanhar espigas de trigo; papoilas e raminhos de oliveira com que faziam pequenos ramos que penduravam atrás das portas um ano inteiro, até outro ramo semelhante lhe vir tomar o lugar. Diziam que, assim, nunca lhes faltaria o pão.
Uma das minhas avós, tinha mesmo a tradição de, ao meio-dia, embrulhar uma carcaça e escondê-la num lugar qualquer até ao ano seguinte, altura em que a dita estaria rija que nem pedra mas que estaria, dizia-se e acreditava-se, intacta, sem bolores ou degradações de qualquer espécie. Daí que era cortada às fatias e distribuída pela família, enquanto uma outra tomava o seu lugar.
É claro que já ninguém vai em romaria em busca de espigas de trigo e de papoilas. Seria exaustivo e, provavelmente, inglório. Mas ainda há lugares onde, imagine-se, se vendem os ramos já feitos, mas são poucos, creio eu, os que os compram. Já ninguém acredita que um ramo de espigas, papoilas e oliveira possa garantir o pão por um ano inteiro.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

De mim

Está a aproximar-se o dia em que completo mais um ano de existência.
Olho-me no espelho e vejo que estou a transformar-me numa mulher simples.
Não que alguma vez tenha sido sofisticada. Nunca fui. Talvez porque sempre tenha tido certos atributos físicos que me poupavam à sofisticação.
Estou a perdê-los.
Não posso negar os dias em que os anos me começam a pesar. Seria enganar-me a mim mesma e eu nunca gostei de me enganar. A verdade, por muito que me pese, sempre foi valiosa para mim.
Sinto que é escusado fazer balanços. Provavelmente restar-me-ão, não outros tantos, mas muitos mais. Terei, portanto, muito tempo para continuar o meu caminho. Mesmo que não me leve a outro lado que não ao prazer de estar viva e poder ser. Afinal sempre foi esse o meu propósito – ser. Encontrar-me comigo mesma. Descobrir-me.
Se o tempo que me resta me permitirá conhecer-me na totalidade, não sei mas, ficarei satisfeita se for capaz de continuar nesta mesma estrada. Ainda que o ritmo, porque o cansaço vai tomando o lugar das forças que se dissipam, tenha de ser mais brando.

Limparam-me o écran

Alguém deve ter lido o post anterior porque, hoje, já lá não está a mancha castanha.
A quem quer que tenha sido - o meu muito obrigada.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O Google fez cócó na página da minha conta

Vocês já viram o novo logo do Google? Aquele que aparece do lado esquerdo da janela onde é suposto escrevermos o que queremos encontrar?
Gostava de saber quem foi o "artista" que desenhou aquela poia. É que parece mesmo isso - uma poia, vá lá, zinha, para não parecer muito mal. Levei que tempos a vislumbrar a palavra Google no meio daquela borrada castanha.
É claro que se eu andasse com outra disposição a obra poderia ter-me feito lembrar um bocado de chocolate derretido...mas não. Sempre que olho para aquilo vejo uma poia com alguns riscos. Mas que falta de gosto!
Por favor digam-me que isto não aparece só na minha página!

Cansaços

Existem vários tipos de cansaço:
O cansaço cerebral , sentido por aqueles que desempenham funções “cerebrais” carregando cálculos, deduções, análises e pensamentos, de sol a sol;
O cansaço físico, naturalmente sentido pelos que desempenham funções “braçais” carregando pesos, girando porcas, cravando pregos, torcendo ferro, de sol a sol;
O cansaço afectivo, sentido por aqueles que desempenham funções “afectivas” carregando amores, desamores, pressões, exigências e vontades, de sol a sol;
O cansaço psicológico, sentido por aqueles que desempenham funções “psicológicas” carregando depressões, tristezas, desequílibrios e loucuras, de sol a sol;
E, finalmente, o cansaço existencial, sentido por aqueles que desempenham funções “existenciais”, carregando desilusões, perdas, frustrações, medos e abandonos, de sol a sol.
Agora, de todos estes tipos de cansaço, apenas dois raramente se misturam - até porque um, muitas vezes, alivia o outro - são eles o primeiro e o segundo.
À parte isso, podem fazer as saladas que quiserem. Todos eles são, absoluta, magnífica e assiduamente, misturáveis.
É claro que o resultado está à vista!

Dos ódios

O que é que nos leva a odiar alguém?
O que é que nos leva a detestar tanto uma pessoa que até dói?
É que nem é preciso que fale. Basta que exista e todos os músculos que temos no corpo se contraem, tudo se turva à nossa volta e o ódio toma conta de nós.
E se forem do mesmo sexo e se, por qualquer motivo, suspeitarmos que nos vencem, seja no que for…uuuiiiiii serão, para todo o sempre, transformados em ódios de estimação.
E se forem do sexo oposto mas que, por qualquer motivo, tenham ou sejam algo que nos seria, no nosso entender, devido … mais um ódio de estimação.
E naqueles dias em que só vemos os nossos odiozinhos de estimação? Aqueles dias em que os vemos em todo o lado e em todas as caras? Terrível!
Mas libertador!!
Ah! Pois é! O ódio é como a paixão – liberta-nos. Usado de vez em quando, já se vê.
Se formos a ver bem, sabemos tanto porque odiamos como sabemos porque nos apaixonamos, isto é, não sabemos de todo. Odiamos porque sim, e apaixonamo-nos porque sim. É química. A química aproxima-nos demasiado e afasta-nos demasiado quando os extremos se manifestam.
Quantas vezes nos é indiferente o sucesso ou insucesso desta ou daquela pessoa? E quantas vezes nos regozijamos com o sucesso duma e nos entristecemos com o insucesso de outra?
No entanto, há certas pessoas que nos tiram do sério. Seja a expressão do rosto, que nos complica com os nervos; seja o que dizem; o que pensam; o que fazem; a forma como se vestem; o penteadinho ridículo... É visceral. Vá lá saber-se porquê…

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Cidade das Formigas

Infelizmente ainda não descobrimos uma forma eficaz de conhecer o que está por detrás das coisas, sem dar cabo delas.

A primeira coisa que me veio à cabeça foi o genocídio praticado por estes cientistas; depois, fiquei estupefacta, e espero, sinceramente, que este genocídio (não sou capaz de lhe chamar outra coisa), sirva, verdadeiramente, para aprendermos qualquer coisa. Quando mais não seja a importância de uma vontade comum.
Fiquem-se com o video e, pasmem-se.


Da monogamia

Seremos, nós, animais monogâmicos?
Que eles existem, existem, mas, seremos nós um deles?
Os Siamonges, da ordem dos Primatas, são monogâmicos, mas vivem só 35 anos. Mais do que isso estão, muitos de nós, casados.
Os Castores parece que também praticam a monagamia. Mas vivem 20 anos…
Quanto à Coruja, monogâmica por natureza, é, como sabemos, o símbolo da clarividência e da sabedoria coisa que nós, por enquanto, ainda não atingimos.
Será que a monogamia nos é natural, ou apenas uma herança judaico-cristã nascida numa altura em que fazia sentido existir por questões meramente económicas e sociais?
Ao fim e ao cabo, a poligamia masculina dos muçulmanos mais não é do que o fruto de uma conveniência política, social e, sobretudo, económica, que acabou por se tornar tradição e mesmo, religiosidade.
Quantos de nós aguentam um casamento exclusivo de 10, 20, 30 anos?
É certo que, quando apaixonados, não temos olhos para mais ninguém, mas…quanto tempo duram as nossas paixões? Quantas vezes pensamos que bom seria se fossemos livres, agora, neste momento em que nos cruzámos com um outro ser qualquer com quem até gostaríamos de estar, nem que fosse por um breve instante?
O que nos move para que não o façamos? O amor a quem está ao nosso lado? Na maior parte das vezes ele nem está em causa! O que nos move é a nossa educação, não a nossa natureza. O que nos move é o facto de sabermos que o outro se sentiria, no mínimo, magoado mas, esquecemo-nos que ele só se sentiria magoado porque também lhe meteram na cabeça que isso está errado e, sobretudo, induziram-lhe a estúpida ideia de que somos donos e senhores daqueles que amamos. Meteram-nos na cabeça que amor é posse quando, na verdade, amor é, precisamente, o contrário.
Há pouco tempo li, num dos contos de Saramago, uma frase que não esquecerei. Dizia mais ou menos isto – mais facilmente amar é ter, do que ter é amar.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Machos Latinos

Hoje recebi um mail com um filme dum jogo de futebol entre duas equipas holandesas, o Ajax e uma outra qualquer. Seria exaustivo estar aqui a explicar as circunstâncias mas o facto é que um jogador meteu um golo inesperado, já que era suposto limitar-se a meter a bola em campo. O árbitro validou o golo mas, tanto uma como outra equipa, sentiram-no injusto, despropositado.
Para que o jogo continuasse equilibrado, os jogadores da equipa que beneficiou do golo acordaram, no mesmo instante, não fazer absolutamente nada, para que a equipa que sofreu o golo pudesse igualar o marcador e o jogo pudesse prosseguir em igualdade de circunstâncias.
Logo a seguir sentei-me a ver uma série que adoro, Boston Legal, e vejo o Alan Shore a defender, no Supremo, o direito do Danny Crane utilizar um novo medicamento para o Alzeimer que lhe foi diagnosticado. Vejo-os a dizerem, um ao outro, que se amam e vejo-os a casarem por, tal como disseram e ficou claro, questões práticas relacionadas com impostos, finanças e a segurança de quem tem uma doença incurável.
Vejo isto tudo e fico a pensar se conheço algum homem, neste país, que fosse capaz de actos semelhantes. Fico a pensar e…acho que não.
Acho que os homens portugueses não seriam capazes de casar, no caso do casamente entre pessoas do mesmo sexo vir a ser aprovado, com um amigo, expondo-se ao epíteto de homossexual não o sendo. Acho que nenhum homem português seria capaz de dizer, amo-te, a um amigo do mesmo sexo. E acho, até, que nenhuma equipa portuguesa seria capaz de um acto de humildade e honestidade, como aquele que teve a holandesa.
Acho que os homens portugueses, ao contrário daquilo que lhes meteram na cabeça durante tantos anos, só perdem em humanidade com esta mentalidade do Macho Latino. Este estigma com que foram criados, e os pais deles, e os pais dos pais, e os pais dos pais dos pais, é redutor, sacana e manipulador.

Feira do Livro

Existem dois espaços onde me sinto em perigo no que diz respeito às finanças – aqueles onde se vendem livros e os outros onde se vendem perfumes e similares.
Este ano não fui à feira do livro. Estou sem dinheiro e sei que seria um pesadelo andar por lá sem encher um ou dois saquitos. Para além disso sei que iria, ainda que nem para mim admitisse, de nariz no ar à procura dos meus livros. Passaria, como quem não quer a coisa, pelo stand da editora; esticaria, como quem não quer a coisa, o pescoço para as prateleiras; perscrutá-las-ia, como quem não a coisa, e sairia de lá triste porque afinal até há livros e, se não estão nas livrarias, é porque a distribuição é má ou, muito provavelmente, porque são mais rentáveis se vendidos directamente. Assim, quem os quiser comprar, ou vai à feira ou à livraria que a editora inaugurou, há já algum tempo, num centro comercial.
Este ano não fui à feira do livro, mas tenho pena.

domingo, 17 de maio de 2009

Nos olhos dos outros

Aquilo que na verdade nos interessa nos outros são os olhos com que nos vêem. São esses olhos que fazem com que nos apaixonemos, ou não, porque é no olhar do outro que nos revemos e não há ninguém que não precise de ter uma boa imagem de si mesmo.
Precisamos de ser vistos. Precisamos que quem nos ama veja o que de mais profundo existe em nós. Todas as nossas fragilidades. E que as olhe com olhos de quem crompreende, aceita e admira.
O que não se comprende muito bem é porque é que o que mais desejamos que o outro veja é exactamente o que mais escondemos.
No entanto, vistas bem as coisas, é isso a intimidade. A capacidade de ver o que os outros não vêem , de admirar o que os outros não podem, de forma nenhuma, admirar, de saber o que os outros não sabem.
Queremos ser adivinhados. Discretamente adivinhados. Queremos olhar nos olhos do outro e ver que ele nos vê como ninguém e que, mesmo assim, ou precisamente por isso, ficará ao nosso lado porque nos aceita, tal como somos.
São as almas que buscamos para nos apaixonarmos. As almas, e não os corpos, os caracteres ou o conhecimento. As almas.
Atrevo-me a dizer que quando os homens compreenderem isto, compreenderão as mulheres.

sábado, 16 de maio de 2009

"...after changes upon changes we are more or less the same..."

Hoje apetecia-me voltar a ter 15 anos e estar sentada na sala dos meus pais a ouvir isto.

Dos amigos

Acabei de fazer cerca de 180 Km, mais coisa menos coisa, para ver um amigo que está em convalescença. Já lá não ia há um ano, disse ele. Eu, ando um pouco perdida no tempo; embrulhada na vida; ausente de tudo excepto de mim. Ocupada e preocupada com a escolha de casa, com os lucros da empresa, com o destino dos filhos e a saúde dos pais, esqueci os amigos. Foi preciso fazer esta viagem para me lembrar que há três, ou talvez quatro, semanas que não dispenso um bocadinho do meu tempo para pensar nos meus amigos, para me lembrar deles e, nesta minha ausência, vários já fizeram anos e eu, que sempre me lembrei dos aniversários de quem gosto, deixei passar as datas completamente em branco.
Resta-me, é claro, esperar que me perdoem e resta-me, se é que vou ser capaz no meio de tanta pressão, abrandar um pouco, confiar na vida e voltar a ser o que sempre fui, uma amiga presente, nem que seja, apenas, para pegar no telefone e dizer olá. São coisas preciosas os amigos. A vida sem eles não tem graça nenhuma.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Das séries

Não tenho dados científicos que determinem o nível de influência que têm, no nosso inconsciente, as imagens de violência.
Mas sentei-me a ver estes senhores e ao fim de uma quantidade, convenhamos que estúpida, de episódios, estava agoniada, com dores de cabeça e, enfim, esquisita.
Isto do realismo é muito importante mas em doses moderadas. Este tipo de séries nem nos permite sonhar, e o sonho é um elemento fundamental para o cérebro.


Assim como assim, prefiro estes.
Deixam-me muito mais esperançosa. Pelo menos por enquanto…


Calhambeques...


Não percebo os mecânicos de automóveis. Uma pessoa vai lá para resolver um problema, descobrem trinta e sai de lá com dez!
Vinha eu toda contentinha, com pneus novos calibradinhos e com o ar como manda a lei, a pensar com os meus botões – pronto, já não vai tremelicar na via-rápida, eis senão quando uma pequena luz se acende no tablier! Completamente desconhecida para mim, note-se. E eu – pronto já lá vem mais uma merda, mas ainda esperançada na boa performance dos meus pneus novos.
Entro na via-rápida. Acelero. Olho o conta Kms e, qual não é o meu espanto, estava parada! Segundo a coisinha luzidia que é suposto ter números que vão crescendo à medida que a gente desliza na estrada, eu ia a…0 Km/h!!
Mas o carro já não treme.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Correrias para quê?!

Corremos para o trabalho, corremos para casa, corremos para os transportes, para as compras, para os compromissos, corremos.
Corremos sempre com o objectivo de, um dia, estar tudo pronto e podermos, enfim, descansar à sombra do que foi feito. Todos os dias saltamos obstáculos. Todos os dias outros surgem e nós não paramos. Não podemos, não sabemos, não queremos, parar.
Muitos há que, quando param, não sabem o que fazer. De olhar comprometido, mexem os braços sem saber o que fazer às mãos; cruzam as pernas sem saber onde pôr os pés.
Criámos um mundo tão fora de nós que acreditamos conseguir construir uma ordem que, mais tarde, nos permita descansar. No entanto, quando os momentos de descanso chegam não sabemos o que fazer com eles.
De vez em quando dou por mim tão acelerada, tão ocupada com “coisas”, que temo levantar vôo e não ser capaz de voltar a poisar. Aí assusto-me e páro. Páro e questiono-me até que ponto é que faz sentido. Será que, algum dia, conseguirei “lá” chegar? Não era suposto já lá estar?
A verdade é que já “lá” estive e vim-me embora. Vim-me embora porque os objectivos mudaram como mudam constantemente à medida que a vida avança. É por isso que não faz sentido correr para lado nenhum. O que faz realmente sentido é ir dançando, com prazer, ao som da música.


quarta-feira, 13 de maio de 2009

13 de Maio

Diz que faz hoje anos que a Virgem Maria apareceu aos três pastorinhos, na Cova da Iria.
É claro que os pormenores destas coisas são sempre tão bem guardados e abafados que, ao fim destes anos todos, duvido que alguém saiba a verdade. Se é que existe só uma. Um acontecimento desta natureza tende a ser visto com olhos diferentes. Tantos quantos aqueles que estariam, nesse dia, à espera da santa visita, em Fátima.
Pode até ser que, na época, tenham existido pessoas capazes de dar uma explicação lógica, objectiva e honesta dos acontecimentos, mas estou em crer que foram exactamente essas bocas que foram tapadas, portanto pouco ou nada há a fazer. É mais uma data deixada ao critério da fé e da beatitude.
Eu não sou devota. Não sou adepta de nenhuma religião em particular já que em todas vejo gente e, onde há gente, há interesses, manipulação e sempre alguma corrupção, no entanto lembrei-me da Virgem, hoje. Primeiro por ser uma data marcante, 13 é sempre um dia especial, convenhamos. Quanto mais não seja no nosso imaginário. E Maio sempre é o meu mês… Depois tenho dela a imagem de uma mãe que sofreu horrores impensáveis. Dores que eu espero nunca, mas nunca, vir, sequer, a aflorar. E é aí que reside o ponto. O sofrimento dos outros causa-nos espanto e admiração. Tanto mais espanto e admiração quanto maior for a dignidade com que eles o carreguem. Quando vemos outros a sofrerem de cabeça erguida acreditamos que, tal como eles, nada nos derrubará. Mas, ainda assim, contamos que aquilo que eles sofreram tenha sido o suficiente, não se sabe muito bem para quem, de forma a que não precisemos nós de passar pelo mesmo.
Só é pena que isso não seja bem assim. É pena que, apesar de todos os sofrimentos públicos divulgados pelas várias igrejas, ainda haja, neste mundo, tanta gente a sofrer horrores não muito diferentes. Tantas mães a verem os filhos morrer, de fome, de sede, de maus-tratos, de escravidão….
Provavelmente nós ainda não fomos capazes de ver o que o Filho desta Virgem nos quis mostrar. Provavelmente ainda não percebemos a mensagem. Provavelmente há quem a ande, desde tempos imemoriáveis, a deturpar. Provavelmente…



terça-feira, 12 de maio de 2009

Maus momentos

Eu sei que é um lugar comum. Eu sei que só nos bons momentos, vá lá – nos menos maus, somos capazes de dizer, pensar, sentir isto.
Mas há uma coisa que não podemos negar – se nos maus momentos só tivermos olhos para eles, se apenas formos capazes de os ver como maus momentos, podemos estar a perder uma oportunidade de os aproveitar para algo mais rentável que, quem sabe, até podem mesmo vir a ser.


segunda-feira, 11 de maio de 2009

Truques...

Há medida que a roupa vai secando, o que por estes dias não tem sido fácil, vai ficando mais ou menos dobradinha, à espera de ferro, num cesto todo catita que jaz em cima duma caixa, também ela bem catita, de forma a não entrar em conflito com o resto da paisagem.
Eu vou passando por ele, vou olhando e dizendo cá para mim – Tenho de ver se passo isto a ferro.
Mas não passo. Não me apetece. Ando cansada. É que nem tem sido, exactamente, uma questão de tempo. Se eu quisesse aproveitar todos os bocadinhos para fazer “coisas”, já tinha passado a porcaria da roupa. Mas não me apetece, pronto.
Hoje lá meti mais umas coisitas no cesto e fiz de conta que não reparei o quanto tem crescido ultimamente. Fiz de conta mas, cá bem no fundo, reparei. Ó se reparei. Reparei e já me está a fazer fernicoques.
Há bocado voltei a passar por ele, olhei-o de lado e, como quem não quer a coisa, tirei-o de cima da caixa.
Pronto, já está muito mais baixinho.

Livro de Instruções

Não gosto de pressões. Não gosto de cobranças. Não gosto de controle.
Creio que estou tão marcada por este tipo de coisas que qualquer indício, por pequeno que seja, me provoca urticária, para já não falar do aperto no pescoço como se uma corda me estivesse a enforcar.
É claro que esta fobia que foi crescendo ao longo dos anos, acaba por limitar a forma como me relaciono com as pessoas. Principalmente com os homens que acham sempre que não pressionam, que não controlam, que não cobram e que eu é que sou paranóica. Se calhar até sou mas quem é que tem paciência para ouvir a toda a hora, faz assim; faz assado. Diz assim; diz assado. Onde estás? Fica aqui; vai por ali.
Eu até nem gosto de livros de instruções! Não tenho paciência para os ler!
Quando precisar de conselhos, eu peço.
E aqueles que amuam quando não têm a atenção que acham que merecem quando, na verdade, pouco ou nada fizeram para a merecer? Ou aqueles que manifestam a toda a hora as necessidades que têm, partindo do princípio que a minha missão na Terra é satisfazê-las? Conheci um que sempre que ia de viagem me chamava para lhe dobrar as camisas, estivesse eu a fazer o que estivesse. Não foram poucas as vezes em que me interrompeu o trabalho porque estava com pressa.
É claro que assim isto torna-se muito difícil. É claro que assim eu fico entre a espada e a parede, que é como quem diz entre o ficar comigo mesma, livre e senhora do meu nariz mas, às vezes, triste e solitária. Ou resignar-me ao livro de instruções, imaturo a maior parte das vezes.

domingo, 10 de maio de 2009

Dos direitos

Eu não tenho o direito de magoar ninguém. Não tenho o direito de prejudicar ninguém. Não tenho o direito de matar, de roubar, de me aproveitar da boa vontade alheia, de caluniar seja quem for, de enganar, de maltratar, de manipular. Nem tenho o direito de exigir do outro aquilo que ele, em determinado momento, não me quer dar.
Mas tenho o direito de não revelar o que penso ou sinto, tenho o direito de não revelar onde vou ou o que faço. Tenho o direito de guardar para mim o que bem me aprouver. Tenho o direito, todo o direito, sobre a minha vida contando que não atropele ninguém. Tenho o direito de estar indisponível e tenho, sem dúvida, o direito aos meus lugares secretos, interiores ou exteriores. Tenho direito a ter os meus momentos como meus e de mais ninguém.
Tenho eu e temos todos nós.
Quem não for capaz de viver com isso, quem acha que a privacidade é ofensiva, paciência. Temos pena.

Do medo do desconhecido

Mudar mentalidades é um acto dificil e melindroso. Há lugares, neste país, onde as pessoas pouco ou nada conhecem. Fechadas no seu pequeno mundo, vêem o mundo todo à sua pequena medida, tal e qual Platão tão bem retratou na sua Alegoria, a da Caverna.
Se queremos um país de gente mais culta, mais aberta, temos de fazer um esforço para levar até estas pessoas o máximo de mostras possível. Fazer com que vejam e sintam a dança, o teatro, a pintura, os textos. Não podemos esperar que as palavras os convençam a sair do seu mundinho. É a cultura que tem de ir até eles e, mesmo assim, teremos de lhes captar a atenção suficiente para que a vejam. Muitos há que se recusam a abrir os olhos. O medo do desconhecido é irracional e tanto mais quanto mais limitado for o mundo de cada um.
Este fim-de-semana resolvemos, a minha sócia e eu, oferecer às crianças e adolescentes com quem trabalhamos, um workshop de dança criativa. Trouxemos até cá uma bailarina da Companhia de Bailado da Olga Roriz. Escusado será dizer que, aqui, nem pais nem filhos fazem a mínima ideia de quem é a Olga Roriz. Em mais de vinte famílias encontrámos uma honrosa excepção – uma adolescente apaixonada pela dança foi, no meio desta pequena amostra da população, a única que manifestou interesse, por já conhecer o tema e a Companhia da Olga.
O workshop está agendado há mais de um mês. Terá uma duração de poucas horas já que o objectivo é mostrar às pessoas outros mundos, outras possiblidades. No meio de jovens algo problemáticos uma iniciativa desta natureza pode ser terapêutica.
Pois acreditem que, quer ontem – dia da apresentação, quer hoje – primeiro dia das actividades, tivemos de ligar a todos os pais para lhes relembrar que estavamos no local à espera, com a bailarina. Esperámos meia hora, apareceram 75% dos que estavam inscritos no primeiro grupo. Do segundo grupo vieram 50%. Podemos dar-nos por muito felizes.
É claro que se tivessem pago teriam aparecido todos. Mas tenho a certeza que, se fosse pago, ninguém se teria inscrito.
Já agora, vale a pena ficar registado que a maior dificuldade durante a primeira sessão residiu em fazê-los cumprir as regras, ainda que se tratassem de regras básicas. Sem comentários...

sábado, 9 de maio de 2009

Lugares

Já vos aconteceu passar por um sítio pela primeira vez e sentirem-se em casa? Um sítio daqueles que nos acalmam a alma e nos baixam o ritmo cardíaco, como se ali tudo pudesse acontecer porque estamos protegidos?
A mim já me tem acontecido e eu guardo-o na memória para os dias dificeis. Ainda que lá não volte, a ele regresso sempre que me sinto assustada ou insegura. Sempre que me sinto ameaçada por forças invisiveis e poderosas.
Este tipo de sensação não é um vulgar dejá vu, é mais do que isso porque perdura no tempo. É quase como uma certeza. É uma certeza incerta, porque é uma certeza que só existe no nosso coração, talvez por isso seja tão preciosa. Talvez por isso possa ser guardada. Talvez por isso, e só por isso, por existir apenas no lugar onde os sentimentos habitam, possamos voltar a ela sempre que é necessário.
Tenho a certeza de que cada um de nós já habitou lugares assim. Lugares de encontro e de reconhecimento. Lugares para onde se poderá voltar um dia, quando o tempo certo chegar.

É isto que eu quero. É disto que ando, incansavelmente, à procura.

Desgraçadamente o meu orçamento não tem braços para lá chegar. Mas sei que vou conseguir isto, tal e qual. Mesmo que não seja no campo.

Equívocos

Nem o Sol, quando nasce, é para todos; nem a chuva, quando cai.
Andaram a enganar-nos estes anos todos.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

As 7 vantagens dos 5entas

1ª – Acabaram de vez as síndromas pré-menstruais e todos os restantes incómodos associados ao tema.
2ª – Os pêlos já não crescem com a mesma pujança com que cresciam, pelo que é muito mais fácil estar preparada para qualquer eventualidade (como ter de ir à praia assim de um momento para o outro).
3ª – A visão já não é o que era, pelo que a nossa imagem no espelho melhora consideravelmente aumentando-nos o ego pela manhã (e pela noite também, evidentemente).
4ª – Os filhos já estão criados, pelo que podemos, finalmente, fazer o que nos dá na real gana sem pressas ou sentimentos de culpa porque abandonámos as criancinhas em casa da avó.
5ª – Uma grande parte da população ou é mais nova ou da mesma idade, pelo que atingimos, finalmente, um estatuto que inspira respeito imediato, sem ser necessário estar a exigi-lo a toda a hora.
6ª – Ninguém levará a mal e toda a gente compreenderá sempre que dissermos – Por favor traz esse saco que eu não posso, dá-me cabo das costas…
7ª – Acabou-se a paciência sem limites pelo que deixou de ser possível aturar o inaturável.
Digam lá o que disserem, é uma bela de uma idade.

How stupid am I ?!

Ultimamente, a esta hora, o Hollywood só dá filmes violentos. Máfias, perseguições, catástofres. E eu fico pregada ao televisor não sei porquê! Fico para ali a ver o Stallone a fazer de tudo para salvar os desgraçados que estão presos no túnel que acabou de explodir graças a uns putos imbecis. Fico a ver o Michael Douglas a fazer de tudo para matar o mafioso que mandou matar-lhe o parceiro depois de o atrair para um lugar inóspito.
Fico ali a ver e depois acho muito estranho passar a noite a sonhar com japoneses, que afinal são árabes, a arrastar um bando de criancinhas negras por rios de lama.
Fico ali a ver e depois acho muito estranho andar toda a noite a correr atrás da minha mãe que corre perigo, a segurar o meu pai para não cair e a arrastar pela mão o meu filho, ainda pequeno, sem conseguir nunca livrar-me de um sentimento de perigo profundo que se me instala na alma e me atormenta até acordar, completamente desperta, olhar o relógio e verificar que, afinal, ainda são duas e meia da manhã.
Nessa altura vem-me à memória o filme que vi, sinto-me estúpida, sorrio, respiro fundo, viro-me para o outro lado e adormeço com a alma muito mais apaziguada.
Mesmo assim não me livro de duas ou três horitas de pesadelo.
Hoje cansei-me das inundações e das glórias do Stallone e mudei de canal. Procurei, procurei e resolvi deixar-me ficar no Fox Crime a rever os Sopranos.
Esta noite, em vez de japoneses que afinal são árabes, vou sonhar com italianos. Sempre somos mais parecidos…

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Quero é Viver!

Porque isto é giro; porque todos os dias se aprende qualquer coisa; porque há sempre um amanhã que pode, e deve, ser ainda melhor:
Eu quero é viver.

Das adaptações e das mudanças

Li, num blog vizinho, as considerações de um homem, ainda jovem, acerca das adaptações; das mudanças; das tentativas de mudança, que se fazem no seio de um casal. Dizia ele, com uma clareza e uma sinceridade que me impressionaram, que está disposto a mudar, que considera positivas as tentativas de quem exige, ou pede, que o outro mude porque, tratando-se de gente que se ama, os pedidos, ou exigências, ajudarão sempre o outro, serão sempre “para o bem do outro”. (Fez-me lembrar um pouco o sentimento que os pais têm pelos filhos – “É para o teu bem”… )
Fez-me lembrar também quem eu era quando casei e quem sou agora.
Quando casei era exactamente como o Arrumadinho. Tal como ele, acreditava e respeitava o saber do outro. Aliás para mim, o homem com quem estava casada sabia muito mais do que eu. E sabia. De certas matérias, evidentemente. De outras saberia eu, mais do que ele. Foi, creio eu, a pessoa que mais me ensinou e sei, de fonte segura, que também ele aprendeu muito comigo. Crescemos juntos, digamos assim. O problema foi não termos sabido parar a tempo. De tanto querer mudar o outro fomo-nos afastando. Como se tudo aquilo que fomos tentando mudar, ao longo dos anos, se tivesse transformado nas características principais de cada um. Cegámos, posso dizê-lo. Deixámos de ver as virtudes. Concentrámo-nos muito mais nos “defeitos” contra os quais lutávamos por amor. Lembro-me muito bem da convicção que cada um tinha de que o outro passaria a ser uma pessoa muito melhor, muito mais válida, se lhe desse ouvidos.
Esse é o grande risco. O de não saber parar.
Hoje não me interessa mudar ninguém. Talvez porque deixei de ter abertura para consentir que alguém me tente mudar a mim.
Não que esteja fechada a mudanças. Não estou. Mas tenho cada vez mais dificuldade em olhar para outro e acreditar que esse outro sabe mais da vida do que eu. Provavelmente perdi qualidades. Perdi a capacidade de me encantar. Talvez seja normal. Talvez faça parte da vida. Ou talvez eu tenha, mesmo, visto um pouco mais do que a maioria.
Mas gostava, gostava de voltar a aceitar, de coração aberto e sorriso rasgado, opiniões capazes de me tornar ainda melhor do que aquilo que eu já sou ahahahahahahah, só não sei é onde é que elas andam. Aquelas que eu sou capaz de aceitar, evidentemente.

Já agora...vai um cafezinho?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Há dias em que o tempo parece que cresce

Hoje saí tarde e ainda tive de ir às compras, não tinha praticamente nada em casa para comer. Demorei-me no supermercado, pelo menos foi o que me pareceu já que era noite quando saí.
Fiz sopa.
Falei com um amigo de quem já tinha saudades. Foi uma conversa longa. Disse-me, com boa disposição, que vai ser operado a um tumor que cresceu desmesuradamente, encostado ao coração. Não é nada de mal, disse ele. É só chato, nada mais. E sorria, do outro lado do telefone. Preocupei-me muito quando soube, disse-me. Pensei que era desta, mas hoje o médico sossegou-me. Serviu para tomar decisões. Nunca mais vou deixar de fazer o que realmente quero. Nunca mais vou adiar nada. Nunca mais vou viver frustrado.
Deixou-me sorridente este meu amigo, como, de resto, costuma fazer.
Jantei, calmamente.
Ainda vi Chuva Negra, no Hollywood. Fiquei a pensar nas incongruências que o cinema às vezes tem. Como é que o americano reconheceu, no Japão, um japonês que viu uma vez em cima duma mota de capacete na cabeça? Os polícias americanos são muito bons! No final ainda lhe prestaram homenagem, mesmo depois de terem corrido com ele. Depois de o terem metido num avião!
Acabou bem. Como todos , ou quase todos, os filmes americanos.
E, com tudo isto, ainda nem meia-noite é.
Há dias em que o tempo parece que cresce. Dias bons. Em que o tempo parece que cresce.

Anedota

Ando à procura de casa. Claro que tenho sido contactada por várias imobiliárias, todas elas cheíiiinhas de casas lindas, lindas, para vender. São tão previsiveis os vendedores. Tão previsiveis. A conversa é quase sempre a mesma. Às vezes nem as expressões mudam e muito menos as atitudes. Tudo bem, estão a desempenhar o papel que é suposto desempenharem. Uns esforçam-se por vender, no matter what. Outros esforçam-se por prestar um bom serviço indo ao encontro das necessidades do hipotético cliente.
Hoje conheci uma espécie absolutamente nova. A do vendedor que não faz a mínima ideia onde é que estão as casas que tem para mostrar.
Pois que andei às voltas por becos e caminhos, durante meia hora, atrás de um carro todo decoradinho com o logo da empresa, ao contrário dos outros que não gastaram dinheiro em pinturas de guerra, que não sabia para onde havia de ir.
Desisti, claro. Não sem antes lhe dizer que, para a próxima, talvez seja melhor fazer um reconhecimento antes de se encontrar (ou não) com o cliente.
Amadores...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Apeteceu-me

Geração sanduiche

Somos o recheio da sanduiche, nós, os que nascemos pelos anos 50 e 60.
Entalados entre os pais e os filhos, entre o passado e o futuro, deambulamos, muitas vezes um pouco perdidos, à procura de nós mesmos, da nossa própria identidade.
Somos duma geração de grandes mudanças. Uma geração que se afastou, cultural e tradicionalmente da anterior, uma geração que está mais próxima da seguinte e que corre, por isso, o risco de não crescer.
Somos uma geração de gente que não chega a ser adulta. Que passa, directamente, da juventude para a velhice. E, se não somos, pelo menos corremos esse risco. Porque não nos identificamos, já ,com as tradições que foram dos nossos pais e não temos, já, a juventude dos nossos filhos. Não temos, já, a força e a agilidade para acompanhar este, quase louco, progresso. O mundo tem-se preocupado com as crianças, com os adolescentes e com os idosos. Mas tem-se esquecido dos adultos.
A vida é uma constante mudança. Nos dias que correm ela é feita de surpresas cada vez maiores. É necessário que todos estejamos preparados e, para isso, é importante que sejam tomadas medidas reais no sentido de incentivar a educação contínua de todos os que habitam entre as duas fatias do pão. E, quando falo de educação, não me refiro a especializações ou a formação profissional, refiro-me a educação. Só educados cultural e socialmente, teremos hipóteses de vencer os fantasmas que nos assolam, de vez em quando, para nos questionarem sobre quem somos, o que temos feito, de que somos capazes.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Da fragilidade

Se há coisa que me assusta na vida, é a fragilidade.
A facilidade com que as coisas mudam, morrem, deixam de ser.
A fragilidade que existe em tudo o que nos rodeia: em nós, nos outros, nas situações.
Nada é certo, nada é seguro, nada é definitivo e, por muito que nos esforcemos por construir algo mais sólido que nos deixe respirar e dormir durante a noite, ninguém nos garante que, de repente, não haja nada que não caia.
É como se a vida estivesse suspensa por finos cordéis. O cordel da família, o do dinheiro, o da saúde, o do amor, o do trabalho e, sempre que um desses cordéis clama pela nossa atenção, todos os outros se vêem obrigados a esticar um pouco mais, correndo, um ou outro, o risco de se quebrar.
Valha-nos o facto da fragilidade ser tão generalizada que, inevitavelmente, atinge também os maus momentos.
Assim, o que agora é mau, amanhã pode ser bom. O que agora é incerto, amanhã pode ser certo. O que agora é frágil… amanhã pode ser sólido.

domingo, 3 de maio de 2009

Dia da Mãe

As mães sabem sempre (ou quase sempre)tudo. Mas, mesmo que não saibam, é sempre delas que esperamos as respostas.

Predadores

Há borboletas no vale do Mondego.
Eu cresci na margem Sul do Tejo e lembro-me de as ver. De todas as cores. De todos os tamanhos. Brancas; amarelas; castanhas; pretas; azuis. Havias umas lindas, enormes, douradas. Havia-as com pintas pretas e às riscas, junto com as papoilas, os malmequeres, as azedas e mais uma série de pequenas flores campestres. Voavam com as abelhas, com moscas que pareciam abelhas e com outros insectos pretos e esquisitos de que eu não gostava e de que nunca soube o nome.
Nunca mais as vi.
O reporter que hoje falava delas e as mostrava, na televisão, falava também dos predadores. Dizia ele que são essenciais para a sobrevivência de todas as espécies.
Pelos vistos o único predador não essencial é o Homem. Talvez porque deixou de ter predadores para ele. A não ser, talvez, a própria Terra e, ele mesmo.
Vai-se a ver e é por isso que nos matamos uns aos outros.

sábado, 2 de maio de 2009

Lugares

Olho o carro que passa. E o casal que leva dentro.
Eu já estive ali.
Aquele outro, na mesa da esplanada; no banco de jardim; no passeio, de mão dada.
Eu também já estive ali.
O homem que gesticula. A mulher que não o vê.
Os gritos de quem se zanga. Os olhos de quem não crê.
Já lá estive. E não fiquei.
Só não estive muito tempo, no silêncio, sossegada.
Só não estive muito tempo naquele lugar onde as palavras se dispensam porque nada acrescentam à comunicação. Naquele lugar em que o mundo todo pode ruir porque se sabe que não será em cima da nossa cabeça. E, mesmo que seja, alguém está lá para afastar os escombros. Naquele lugar em que o riso se solta a uma só voz e as lágrimas também. Naquele lugar onde o entendimento não é inventado porque existe, é natural. Naquele lugar onde tudo se sente leve, mesmo que não o seja. Onde tudo parece simples, mesmo que não se veja.
É para aí que quero ir. É aí que quero estar. Aí quero ficar.
Nesse lugar.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Bichas de chuveiro

Quando for grande quero ter uma fábrica de bichas para chuveiro. Antigamente, acredito que não dessem muito lucro já que duravam anos, mas agora, uma vez que duram dias, deve valer a pena.
Há cerca de um ano comprei uma. Vá lá, menos mal, rebentou no passado dia 25 de Abril, creio que se emocionou com o feriado.
Fui comprar outra, claro. Optei por uma mais cara, que tinha escarrapachado na embalagem, em letras gordas – 5 anos. Cinco anos! Rebentou hoje. Quererá isto dizer que as bichas dos chuveiros são alérgicas a feriados de cariz político; que os tipos que escrevem nas embalagens são aldabrões ou que vale mesmo a pena ter uma fábrica destas coisas?

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Há peças novas no Kraft.

Espreitem, espreitem, que vale a pena.

O Dia do Trabalhador

Foi aqui que estive quando, pela primeira vez em Portugal, se festejou o 1º de Maio. Foi aqui, no meio desta confusão toda, com todos os meus amigos e, ainda hoje, neste dia do trabalhador, recordo a emoção que vivi do alto dos meus dezasseis anos. Sou até capaz de apostar que nos vejo, a mim e a eles, no meio desta multidão.