sábado, 31 de outubro de 2009

Pão por Deus

As crianças cá do bairro
Andam de saco na mão
A tocar às campainhas
E por Deus a pedir pão

Eu já dava como morta
Esta velha tradição!
Pão não tenho que não como
Dei-lhes bolo pois então.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Anda tudo cansado

Oiço por todo o lado pessoas a queixarem-se do excesso de trabalho. Exaustas reclamam que não aguentam, que estão fartas, que não podem, que precisam de férias.
Trabalhadores por conta de outrem, que chegam à hora marcada e saem, também, à hora mais ou menos marcada… mas saem, não levam trabalho para casa.
Digo isto porque não sendo eu uma trabalhadora por conta de outrem, ou por outra, até sou mas o outrem sou eu também, o que dificulta um pouco mais a relação ainda que muitas vezes proteste comigo porque não há direito porque toda a gente tem horário e fins-de-semana e eu não e eu não, mas que raio de patroa sou eu?! Uma exploradora já se vê!... que me tem como escrava e a escravatura já acabou!
É claro que eu podia contratar alguém, se tivesse dinheiro para isso mas não tenho, por enquanto.
Agora esses patrões de firmas grandes e estatais que se calhar andaram para aí a despedir pessoal na esperança de que quem ficou trabalhe por todos…não está certo! é que eu não despedi ninguém…ainda…
Vou mas é ver se acabo o trabalho que tenho em mãos não vá a patroa correr comigo…

Heranças

O medo herdei-o da minha mãe. A coragem da vontade de o combater.

A minha mãe vê, logo na primeira contrariedade, a avaria total do sistema. Como se a inevitabilidade da desgraça fosse incontornável. Logo a seguir apercebe-se que afinal não, afinal tudo não passou de um pequeno engano, distracção ou inépcia.

E é assim que ela vai levando a vida, entre os “sustos” que esta lhe prega e as alegrias que lhe dá ao ver que afinal tudo está bem.


Por onde andará o dinheiro?!

Uma pessoa faz um pagamento de um qualquer serviço, pela Net já se vê; carrega este ou aquele cartão; paga as compras e etcs. O dinheiro é-lhe IMEDIATAMENTE retirado da conta. Mas é que sai à velocidade de um click! Mas pode levar até 48 horas a chegar ao destino! Anda portanto dois dias a cirandar por aí, na vadiagem, sabe Deus em que portas e travessas, colectando juros que só os bancos aproveitam.
E entretanto pode até acontecer que, sem se ter já o dinheiro na conta, se recebam protestos do virtual credor que diz que não há meio de receber o que lhe é devido.
É certo que hoje em dia tudo é muito mais fácil, e mais caseiro, mas se calhar convinha, pelo menos para nós pagadores, que se desse um jeitinho aqui e ali a ver se isto funciona com justiça para todos.
É que, se pode levar 48 horas para chegar ao destino, que afinal está à distância de um click, então deixem-no ficar por mais tempo em casa onde sempre pode servir em proveito do próprio…

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A derradeira solução

Hoje tomei uma decisão da mais alta importância: vou clonar a minha pessoa. Preciso de dois clones. Só assim poderei cumprir religiosamente com tudo aquilo com que me comprometi. É isso ou uma simpática alternância do tipo, hoje sim, amanhã não… ou, hoje aqui, amanhã ali…
Pelo menos já deu para perceber que não se pode ter tudo. O que é francamente um disparate. Estou mesmo em crer que isso mudará, mais século menos século…

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Acordei triste

Eu que sempre vivi com tantas palavras na cabeça, palavras a formar frases, a formar textos; dou comigo de cabeça vazia, sem palavras que exprimam o que sinto sem deixar, contudo, de absorver as ondas que me rodeiam e que me enchem de alegria como de tristeza porque as pessoas são isso mesmo, uma amálgama de alegrias e de tristezas e eu preferia que fossem só alegria, tal é o contágio a que sou sujeita sem querer, sem saber porquê, sem ser capaz de me proteger o suficiente.

Há quem goste de cães. Há até quem diga que quanto mais conhece as pessoas mais gosta dos animais. Eu sempre nutri um franco amor, uma franca admiração, um permanente fascínio pelo bicho Homem.

De todas as criações da Natureza o Homem é aquela que mais me surpreende pela sua diversidade, a sua extraordinária riqueza, a sua multiplicidade que o torna tão extraordinariamente complexo. E tão extraordinariamente poderoso, pelo menos para pessoas permeáveis como eu.

Ferem-me as tristezas que não são minhas. Contagiam-me as alegrias que não possuo.

E é neste carrossel que tantas vezes me vejo e que me leva, tão egoisticamente, a desejar que a alegria more em todos os corações para que possa, também, morar no meu.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Regresso ao passado

Ontem à noite, já deitada quase a dormir, acordei com os gritos do casal dos cães. Discutiam. Ele falava e falava e falava e nunca mais se calava e o tom de voz sempre a subir…ela lá ia respondendo, por vezes elevava um pouco a voz, com a dele a sobrepor-se. Ela calava-se e era quando ela se calava que se calavam os dois mas o silêncio não durava mais do que um segundo…ele recomeçava…e ralhava e ralhava e ralhava… e aquilo incomodou-me tanto!... e eu já o mandava calar, cá de cima, em surdina – cala-te, por amor de Deus cala-te!...
Tanto que me incomodou!
Há filmes que não quero voltar a ver. Peditórios para os quais nada mais voltarei a dar.
E quando a ouvi chorar dizendo-lhe – vou-me embora, e a porta do quarto a bater, e os soluços dela, sufocados, quase surdos, e o meu coração apertado, apertadinho, o medo cá dentro, a angústia…
A roupa que estenderam no sábado, ainda lá está… deles não sei mas peço a Deus, por favor, não discutam esta noite.

domingo, 25 de outubro de 2009

Só, dentro de mim...

Tenho-me sentido tão atolada de informação... da mais variada informação...
A gripe existe; não existe. Deus existe. Deus não existe. É mau. É bom.
A violência aumentou. As crianças são mal tratadas. Os velhos também.
Aumentou a pobreza. E a riqueza também.
As vacinas são más. Os laboratórios corruptos. E mais os governos e as associações...
Toda a gente grita, todos querem falar, todos sabem, todos têm razão...
E só dentro de mim, no meu silêncio, eu consigo ir descobrindo esta ou aquela verdade...

Por favor calem-me esse cão!

O apartamento de baixo foi ocupado por um casal com dois cães. Um grande, bem grande; e um pequenito.
Todos os dias, quando o Sol se põe, o grande uiva! e uiva, e uiva... não sei se à Lua, se à noite mas que é tétrico, é.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O peso das pequenas coisas

Sinto hoje, mais exactamente – agora, uma tranquilidade que não sentia há muitos dias. Aliás já nem me lembrava bem da sensação.
Tenho andado tão agitada que quase me esqueço de respirar e, no entanto, tudo se pode compor de uma forma tão simples!...
Encontrei uma pessoa que me porá, na 2ª Feira, a casa em ordem; consegui sair a horas de encontrar o mini-mercado aberto, pelo que já não posso dizer que tenho o frigorífico completamente vazio; estou prestes a acabar um trabalho que me foi entregue ontem, pelo que terei um fim-de-semana um pouco mais descansado e poderei, finalmente, pôr alguma ordem nos trabalhos da Faculdade; fechei a semana no Centro com um muito satisfatório grau de sucesso e a compra de casa, ainda que moribunda, não está morta, disse-mo hoje o menino da Imobiliária; acordei febril mas não tenho a A nem nada que se lhe assemelhe.
Portanto «tudo está bem no reino da Dinamarca»…

Ele há dias em que gosto um bocado menos das pessoas

Não há muito tempo vivia-se no descanso de que se nos esquecêssemos da chave na porta ou do vidro do carro aberto, no dia seguinte esses objectos lá estariam sem que nada de invulgar tivesse ocorrido.
Depois passámos por um período em que tomámos consciência de que novos perigos nos rodeavam e passámos a ter cuidados extras ao caminhar à beira das estradas - as malas não podiam pender do ombro de fora – foi o tempo dos assaltos por “puxão”, creio que era assim que lhes chamavam. Para fazer companhia a esses, outros surgiram mais tenebrosos até - à minha mãe chegou a ser-lhe encostada uma faca à barriga, em pleno dia numa zona movimentada e insuspeita…
Agora somos assaltados diariamente através de tudo quanto é tecnologia. Existem, com certeza, “empresas” especializadas em engendrar armadilhas informáticas , umas mais bem disfarçadas do que outras, que nos caçam e nos infernizam a vida com telefonemas; sms ou e-mails que nos entopem as memórias e nos fazem perder o tempo e a paciência. No meio destas saladas é praticamente impossível distinguir o falso do verdadeiro, se é que existe algum verdadeiro.
Da mesma forma que me recusei a dramatizar, tornando-me paranóica, os roubos e os assaltos presenciais; recuso-me agora a dramatizar, generalizando, tudo o que me aparece no computador.
Mas uma coisa é certa, nessa recusa, acabo sempre com uma ou outra surpresa menos agradável, em que uma voz do outro lado da linha me pergunta se sou fulana de tal e parte do princípio que eu estou interessada nisto ou naquilo, que ele, por mero acaso, até tem para vender…
Que bom seria poder viver num mundo de gente verdadeiramente honesta e bem intencionada. Um mundo onde pudéssemos realmente tirar o máximo proveito de todas as invenções que tivemos, sem medo de coisa nenhuma. Que bom seria…

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Di - Vago...

De todos os tipos de património que nos são permitidos acumular nesta vida, o afectivo é o único que realmente conta.
Nem matéria, nem cultura nos podem dar o sossego de uma noite bem dormida. Só o calor dos afectos.
Por muito que se trabalhe, por muito que se estude, de nada nos serve se não nos servir para servir os outros. Por muito que se acumule, ficaremos sempre pobres sem o carinho e sem o reconhecimento alheios. A força e a paz é dos outros que vêm. Tudo o que fazemos é por esse reconhecimento e só sossegamos à sombra dele.
Ninguém caminha sozinho nem, tão pouco, na sua própria direcção.

O Amor é remédio para todos os males

Tomado em doses diárias opera milagres.
Efeitos adversos – não se registam; também não carece de prescrição médica. Sem limite de dosagem, é eficaz no combate à zanga; à raiva; à impaciência; ao sentimento de culpa; à frustração; à revolta; à tristeza e a todos os ects. que a nossa imaginação quiser acrescentar.
Deve ser tomado quer se viva só ou acompanhado. Uma das vantagens do Amor é não carecer de objecto já que o objecto pode ser cada um de nós. Aliás, deve até começar por ser cada um de nós. Amemo-nos primeiro. Amemo-nos muito. Dado este primeiro passo que será, provavelmente, o mais difícil, os restantes são canja. A partir daí estaremos prontos para amar todos os nossos companheiros de fortúnio e infortúnio; os cães; os gatos; os elefantes; as girafas; as plantinhas e as árvores, sem qualquer restrição de espécie ou género e, fundamentalmente, adquiriremos uma grande capacidade de sermos felizes, passaremos a sorrir com mais frequência, seremos companhias muito mais preciosas e produtivas. O Amor é algo que, com o tempo, se reproduz quase sem darmos por isso, e tudo à nossa volta andará mais iluminado mesmo em dias chuvosos.
E a quem me diz que não é uma questão de Amor. Desengane-se – É sempre uma questão de Amor…

Palavras para quê...

terça-feira, 20 de outubro de 2009


Os outros estão dispensados. Podem sair.

José Saramago, Caim e a Bíblia

Epá muito bom! Que me desculpem os mais devotos, não de Deus, mas da Bíblia, mas eu não posso deixar passar isto em branco.
Cada vez que oiço este senhor, que está uma sombra do que foi, abrir a boca e lá vai disto!...
Ou se ama ou se odeia! Eu sou uma fã, devota. Este homem tem uma capacidade única de mostrar outras coisas, outras leituras, outras visões. Este homem abre cortinas, janelas, portas até, para quem quiser entrar. Este homem é único até por ser tão humano, tão próximo, tão cheio de imperfeições, tão igual e contudo, tão extraordinariamente diferente!
Diz-se de quem é genial que consegue mostrar ao mundo aquilo que o mundo tem mesmo à sua frente e não é capaz de ver. Saramago, que tão criticado e invejado e admirado tem sido, começou por pôr no papel a forma como todos nós falamos e é com ela que nos vai mostrando o seu modo particular de ver o mundo. E é na compreensão de cada particularidade que todos nós nos vamos enriquecendo...

Fora de horas

Hoje demorei duas horas e meia para chegar a Lisboa! Eis o que escrevi pelo caminho:

Chove e o caos instala-se confortavelmente como se fosse seu por direito o espaço que tão temerariamente temos conquistado ao longo dos séculos.
De que nos servem estradas e pontes, comboios e carros se o caos não nos deixa avançar?!
Presos nas filas filhas da chuva valem-nos os rádios, as chauffages e os limpa pára-brisas. Quanto ao resto, a pontualidade, essa terá de ser adiada, vítima de circunstâncias de força maior.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Neste momento vivo na contradição de precisar que o tempo estique com a mesma intensidade que preciso que ele encolha, e encolha rapidinho, para me trazer bem depressa o «Ufa-custou-mas-valeu-a-pena».

domingo, 18 de outubro de 2009

O Poemário da Assírio & Alvim...

... tem os sábados e os domingos na mesma página. Estes desgraçados dias, que era suposto serem mais longos do que os outros, só têm direito a meio poema cada um!
Vai-se a ver e é por isso que passam tão depressa...

Estou prestes...

…a tornar-me fã dos fãs dos U2! Estar 48 horas à porta de um Centro Comercial só para conseguir um bilhete para um espectáculo, qualquer espectáculo, é obra!
Estas pessoas não trabalham?! 7 horas foram o suficiente para os bilhetes esgotarem! E baratos que eles foram!...
Será que isto é assim em todo o mundo ou é só em Portugal?, esta corrida para os primeiros lugares?! Os portugueses gostam de ser os primeiros a ser atendidos na Segurança Social, para onde vão às 6 h da manhã; gostam de ser os primeiros nos Centros de Saúde, para onde chegam a ir antes mesmo dessa hora...
Eu compreendo e até admiro esta necessidade de ficar em primeiro lugar, sim porque é disso que se trata. É claro que atrás disso vem a óbvia constatação de que se não for assim já não se consegue lugar nenhum. Mas então, ou os lugares são sempre poucos, ou o risco só existe porque existem estas pessoas que querem ser sempre as primeiras e não se importam de acampar a certas portas, as portas que são, para eles, prioridade.
Olha se isto se pega e se começa a estender a outras áreas que não aquelas onde se gasta ou se pede?! Olha se esta correria se estende para áreas como a produção, a cultura ou o ensino?! Já viram o que nos pode acontecer?! É que ainda nos arriscamos a ser os primeiros e a esgotar prémios e lugares!...Com esta mentalidade e esta determinação ainda nos arriscamos a ficar ricos!...

sábado, 17 de outubro de 2009

Das escolhas

Que a vida é feita de escolhas, é um facto indiscutível. E que elas são sempre nossas, é outro facto indiscutível, ainda que às vezes pareça que não, que somos arrastados por circunstâncias para as quais não contribuímos com nada, o facto é que temos sempre alternativa de resposta e se damos esta e não outra, então a escolha continua a ser a nossa.
No entanto há caminhos que se assemelham tanto que costumamos dizer, venha o diabo e escolha, e é quase de moeda ao ar que por ali vamos porque tanto faz, mal por mal vai tudo dar no mesmo, e é nessas cricunstâncias que acreditamos que afinal não fomos nós que escolhemos, que alguém escolheu por nós e que só temos mesmo é de nos aguentar à bronca.
Mas nos percursos há sempre entroncamentos, e a possibilidade de mudar de rumo é certa ainda que o não façamos. Se optamos por o fazer, entusiasmamo-nos com as novidades das vistas mas logo concluímos que o aumentámos, ao caminho, e que o esforço será maior porque a distância cresceu e até compreendermos que a cadência do nossos passos não se pode manter a mesma, porque o percurso mudou, tudo se complica e mistura numa salada de afazeres que não controlamos.
Depois, quando o ar nos começa a faltar e os momentos de dúvida surgem com alguma frequência, será que vou bem por aqui ou sabendo que sim, será que tenho forças para lá chegar, compreendemos que com o caminho teremos também de mudar os hábitos, os costumes, as prioridades e lá vem mais um esforço suplementar porque os hábitos tendem a enraizar-se e mudá-los não é tão fácil quanto parece, e as prioridades, tão certos que estávamos delas!, custam a trocar. Tudo se transforma e não tão depressa quanto necessitaríamos, antes tudo se vai transformando, num esforço diário que custa porque custa deixar para trás certas coisas que nos alegravam e resta-nos tentar a alegria naquelas que têm, necessariamente, de estar em primeiro lugar.

Governos e Culturas

O Governo das Maldivas resolveu reunir no fundo do mar numa tentativa de chamar a atenção para os problemas do aquecimento global.
Assim, lá estavam eles, todos sentadinhos na areia, de bilhas de oxigénio às costas, fatos de mergulhadores e máscaras, enfim como manda a lei, a da sobrevivência evidentemente; em frente a mesas rasteiras e corridas; rodeados de líquenes, algas e corais; cada um com um aparelho semelhante a um computador, digo semelhante porque não conheço nenhum computador que trabalhe debaixo de água, mas quem sou eu?...; passando uns para os outros umas pranchas brancas onde escreviam os seus pareceres. E desta forma se fez, nas Maldivas, a reunião do Conselho.
Dei por mim a pensar o que poderia o nosso Governo fazer de semelhante e a única resposta que encontrei, dado que não somos um país de mergulhadores, e já nem de navegadores, foi uma reunião em torno de uma mesa recheada de iguarias e bons vinhos, onde se comesse mais do que se discutisse, onde se bebesse mais do que se pensasse, e de onde todos sairiam alegres e bem dispostos, direitinhos para um jogo de golfe, ou mesmo de futebol de bancada onde pudessem fazer uma pequena sesta sem que ninguém desse por isso.
Só não encontrei foi relação entre este tipo de cultura, o nosso, e o aquecimento global.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dos transportes públicos

Não gosto de tomar decisões, acerca de questões práticas, que não estejam minimamente fundamentadas. Por isso hoje decidi utilizar os transportes públicos para me deslocar para e da Faculdade.
Pois que, Senhores-Que-Mandam-Nisto-Tudo, se querem realmente a nossa, entenda-se – minha, colaboração no sentido de preservar o ambiente e isso tudo, terão de melhorar substancialmente o esquema dos transportes públicos, não digo em todas, mas em algumas vertentes que, por sinal, até são fundamentais. A saber:
- Os custos… mesmo com compras de 10 de uma vez, mesmo com passe, mesmo com todos os esquemas engendrados para nos fazer acreditar, ai que barato que está, é superior àquele que gasto se levar o meu automóvel. Eu sei que parece pouco provável, até impossível, mas é verdade. É superior.
- O tempo… que levo para chegar ao destino, sendo que a volta foi ainda pior, é muito superior àquele que levo na maior parte dos dias quando vou de automóvel, e muito semelhante àquele outro que perco nos dias de mais aperto. Um percurso que a determinada hora me tomaria cerca de 20 minutos, tomou-me hoje 1h30!!!
- O stress… a que me obriga a correria de um para outro comboio, com os carregamentos dos cartões, que não aceitam um se ainda lá tiverem um outro de outro percurso diferente, e a espera, principalmente do comboio da Fertagus que, ainda que passe com alguma frequência, tem horários definidos, e não estou a dizer que não compreendo essa necessidade, só estou a dizer que não me serve porque me faz perder tempo de mais, todo este stress é superior àquele que “sofro” dentro do meu carro, mesmo que em fila. E, já agora, essa ideia de que quando se vai de comboio se pode aproveitar o tempo para ler, é uma ideia muito romântica mas não passa disso mesmo – uma ideia romântica. Na prática o tempo dá para quase nada já que as viagens são curtas de mais para nos podermos alhear por um período de tempo suficiente para ler um parágrafo inteiro.
Portanto, ao fim de uma hora e um quarto, para lá, e uma hora e meia, para cá; três comboios; alguma corrida e muito stress, cheguei à conclusão que não, não me sai mais barato; não, não me serve. Continuarei a poluir diariamente o ambiente. Temos pena.
Não posso, porém, deixar de dizer que fiquei encantada com as condições dos comboios, de todos eles, e das respectivas estações. Estão de meter inveja a qualquer europeu. Recomendo aos londrinos um passeio Lisboa – Almada, de comboio evidentemente, e por comboio entenda-se Metro e seus derivados, já que eles coitados bem precisam de um modelo catita para se inspirarem na renovação da frota e respectivas estações e apeadeiros.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Quando o passado nos visita

Há cerca de onze anos, quando eu ainda vivia na Charneca de Caparica, veio parar-me às mãos o miúdo mais difícil que eu tinha tido, até então. Foi a primeira criança de quem eu não gostei. Tinha 11 anos e andava no 5º ou no 6º ano, já não posso precisar, num colégio particular. Era um garoto complicado. Indolente, preguiçoso e muito muito gozão. Tirava-me do sério amiúde. Lembro-me que em muitas ocasiões eu precisava de interromper as minhas sessões com ele para me refugiar na casa-de-banho e contar até dez. Lembro-me, muito bem, de andar agitada sem saber o que fazer, até ao momento em que compreendi que o problema estava no facto de eu não gostar dele, coisa que nunca me tinha acontecido com nenhuma criança até ali. Decidi, por isso, que haveria de gostar.
Cada vez que ele vinha e se sentava à minha frente, porque ele sentava-se sempre à minha frente no outro topo da mesa, estivessem outros miúdos sentados em torno, ou não. Aquele lugar era dele e raramente o cedia a não ser que já estivesse ocupado quando ele chegasse, o que era raro. Sentado à minha frente é como o recordo. Mas cada vez que vinha, dizia eu, e se sentava à minha frente, eu dedicava alguns imperceptíveis segundos a observá-lo, em busca de algo de belo, de algo para eu gostar. E não foi difícil, há sempre algo de belo na alma humana, por muito escondido que esteja, é só uma questão de sermos capazes de para lá dirigirmos o nosso olhar.
O M. ficou comigo 4 ou 5 anos. Depois seguiu a sua vida e eu nunca mais dele soube, como aconteceu, aliás, com tantos outros.
Hoje recebi um telefonema da mãe dele e levei alguns segundos para a identificar. Hoje tenho outros M. e estou longe daquele que, posso afirmá-lo sem sombra de dúvidas, mais me ensinou nesta minha vida rodeada de tantas crianças e adolescentes. Ela ligou-me e eu estranhei o número que usou, nunca lho tinha dado, ele não existia nessa altura. Fomos à sua antiga morada e batemos a todas as portas até alguém nos dizer onde estava, explicou-me ela. É que a minha filha precisa de ajuda e o M. lembrou-se logo de si.
Não há muito tempo dei comigo a pensar até que ponto estas crianças que por mim têm passado, ao longo dos anos, me lembrarão. Hoje tive a minha resposta e ela comoveu-me.
Por vezes, muitas vezes, nesta vida questionamos até que ponto o nosso trabalho é realmente útil. Nunca tive dúvidas do quanto tenho aprendido com todas estas crianças, mas duvidei muitas vezes o quanto aprenderam elas comigo.
O M. está na Faculdade, é doido por números e é já, praticamente, um homem. Tem namorada e emprego prometido porque, ao que parece, tem impressionado. Quem diria?!...
Ensinar e aprender estão irremediavelmente ligados. Ensinar e aprender é uma preciosíssima troca de riqueza humana. Mas não é tanto com os dóceis que um professor mais aprende, é com os outros, os resistentes, os rebeldes, os desinteressados, os verdadeiramente difíceis.
Hoje, mais do que nunca, o M. tocou o meu coração e eu quero agradecer-lhe por isso.

25 anos de Oceano Pacífico

Não tenho memória de um programa de rádio ter estado tantos anos no ar com o mesmo formato. Só prova que o que tem qualidade prevalece no tempo.

Parabéns ao João Chaves e ao seu Oceano Pacífico.





Sputnik, que não seja por isso! Aqui ficam os Foreigner. Esta foi a que me pareceu mais apropriada ao Oceano Pacífico.

Boas surpresas / Más surpresas

Nós gostamos de pensar que numa situação invulgar, seja ela de que calibre for – boa; má ou assim-assim, é junto dos nossos que nos sentimos melhor. Gostamos de acreditar que quando estamos cansados, é lá que descansamos; quando estamos felizes, é lá que partilhamos; quando estamos tristes, é lá que nos consolamos… mas, de facto e infelizmente, nem sempre é assim. Às vezes, muito pelo contrário.
E quando o contrário aparece, tudo se torna muito mais estranho do que já era; tudo fica muito mais triste; muito mais exausto; muito menos alegre.
As más acções vindas de quem nos é querido pesam-nos, naturalmente, muito mais do que vindas ali da esquina por onde se passa, de vez em quando.
Pois que eu ontem fui mal tratada, por quem menos de direito. Fui mal recebida – com sete pedras na mão e um olhar trespassante daqueles que só não matam porque não podem. E se eu não conhecesse as pessoas de lado nenhum nunca mais lá voltaria, mas como conheço…provavelmente nunca mais lá ponho os pés.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Uma boa desculpa não indemniza prejuízos

As desculpas que esta senhora deu aqui depois do estardalhaço feito aqui, veio oferecer aos portugueses, são de mau pagador.

A Maitê Proença, com todo o seu humor brasileiro, não terá, com certeza, dificuldade em encontrar, no seu país, lugares onde largar o cuspo que largou aqui.

Quando pensar em voltar a fazer um "vídeo caseiro", e em passá-lo num canal público, tenha em consideração todos os conterrâneos que por cá habitam, por lá não encontrarem forma de vida capaz. Já agora estude um bocadinho de História de Portugal. Convém quando se fala de qualquer país, estar minimamente informado.

Quanto ao humor brasileiro, tão diferente do português, deve ser aplicado em lugares de humores semelhantes para não ferir susceptibilidades. Para a próxima brinque com o pipi que também é giro. Nunca explicaram a esta senhora que nós podemos brincar com os que habitam a nossa casa, mas não podemos fazer o mesmo com os vizinhos?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Dia complicado o de hoje...

Saí de casa às 7:30; cheguei agora. E, não, não andei na rambóia. Infelizmente...
Provavelmente se tivesse andado já tinha chegado a casa há mais tempo que eu não tenho grande estofo para rambóias, principalmente depois de ter dormido umas magras horitas.
Pois que às 8:30 da manhã fui presenteada com uma correia de embraiagem partida quando tentava uma inversão de marcha em plena alameda universitária, pelo que a primeira aula passei-a dentro e fora, dividida entre a psicologia e os telefonemas para o reboque e respectiva oficina, companhia de seguros e afins.
A partir daí foi sempre a somar com o calhamasso que me ocupou o fim-de-semana para entregar na editora e os meninos à minha espera no Centro e eu sem carro e carregada que nem um burro, eu não mas o saco que aguentou a parada até uma das asas rebentar que isto de ser saco também não é para todos.
Ao fim do dia foram contas para rever, conselhos para acatar, e tudo acabou por acabar em bem (digam lá se não é uma bela de uma aliteração!).
E pronto, foi mais um dia que passou e do qual não me posso queixar porque pior, bem pior, teria sido a corrente partir-se em cima do tabuleiro da ponte, ou o seguro nem sequer me pagar o táxi para voltar para esta banda, e pagou, e fui às aulas, e entreguei o trabalho, e já tenho carro, e tomei decisões importantes no que à economia diz respeito, portanto posso dar-me por muito feliz. Quanto aos meninos valeu a pena esperarem um bocadinho porque puderam desfrutar da minha ajuda que hoje, por sinal, e contra todas as expectativas, foi preciosa.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Finalmente um bocadinho só para mim

Acabou de sair do Centro o último menino do dia e eu dou por mim a aproveitar este silêncio, tão raro agora; tão raro e tão necessário ao meu equilíbrio.

Silêncio……………………………………………………………………………………………………………………………………..

Sem vozes; sem ruídos; sem palavras a não ser aquelas que a minha mente, livremente, produz. As minhas. As minhas palavras e não as de todos os outros que me forçam constantemente ao esforço da compreensão; à tradução daquilo que querem dizer, não do que dizem.

Ensinar dá trabalho. Aprender, também. Ensinar exige o esforço de chegar ao entendimento de quem aprende. Aprender, o esforço de traduzir quem ensina e não sabe chegar ao entendimento de quem aprende, ou não está para isso.

Tenho um professor assim, que se perde em divagações paralelas e se desvia constantemente do centro, baralhando toda a gente, menos eu que já sou velha. Menos eu que já ouvi de tudo e que tenho em mim um tradutor recheado de sinónimos.

Hoje soube-me particularmente bem a minha idade, ou talvez, a minha experiência. Dei-me conta que é ela que cada vez mais me sustenta, me ampara, me segura.

Há pouco tempo ouvi uma notícia sobre a descoberta da causa do envelhecimento das células. Quem sabe, mais dia menos dia, ainda se descobre que afinal é possível não envelhecer senão impregnarmo-nos de experiência e de sabedoria. Se assim for, é bem capaz de valer a pena atrasar um pouco certos ensinamentos. Sempre é mais fácil partir da prática para a teoria do que engolir teorias que não nos dizem nada na prática.

Até estou agoniada...

Não sei quem ganhou; quem estou onde sou...
Passei o fim-de-semana todo com o nariz enfiado num calhamaço. Não, não fui votar (shame on me); não saí de casa, da cadeira, da mesa... e agora vou ver se durmo antes que pire de vez.
Amanhã logo me ponho a par das novidades. Que é como quem diz, mais logo...

domingo, 11 de outubro de 2009

Mais um domingo...

Portugal ganhou! Viva Portugal!

Ao que parece, praticamente 1 milhão de recenseados já morreu! Há que eliminá-los da lista dos abstencionistas...

Guy Laliberte, o fundador do Cirque du Soleil, anda pelo espaço numa Missão Poética Social, pela Água e pela Terra, pela água na Terra, espreitem aqui.

Por cá vai estar mais um dia de calor! De que eu não vou desfrutar porque tenho trabalho até ser noite...

Um bom domingo para vocês.

sábado, 10 de outubro de 2009

Coisas...

De repente fui assaltada por uma imperiosa e inadiável necessidade de…chocolate! De vez em quando dá-me destas. Posso estar semanas ou mesmo meses sem lhe tocar, mas de repente levanto-me e digo – Preciso de chocolate! E preciso já.
Meu dito meu feito – vai de ver se o café está aberto, vai de sair, vai de me abastecer (tenho quase a certeza que o carregamento que trouxe não passa d’hoje…). Mas isto tudo para dizer que mal saí a porta do prédio, pesou-me o ar nos pulmões; pesou-me o simples movimento de respirar como se estivéssemos no topo do Verão mas com aquele sol já meio estranho que é o sol de Inverno.
Não gostei. Isto não me parece bem apesar de me agradar muito mais poder parar o Verão, ele não pára e isto não é normal, a não ser que possamos considerar que se trata de uma vinda muito precoce de um S. Martinho que não soube esperar, isto não me parece nada bem, nada bem…

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Obama (mais uma vez)

Eu até gosto do senhor, que gosto, mas o que fez ele para merecer o Nobel da Paz?!, pergunto eu.

De resto, a Academia Sueca começa a ser um pouco suspeita na atribuição dos prémios. Já o ano passado me fez alguma espécie, porque a sensação com que vou ficando é que vão todos, ou quase todos, parar aos EUA. Não haverá por esse mundo fora mais ninguém a fazer "coisas"?!


E que tal se alguém começasse a propor Nobeis para todos os médicos que, sem fronteiras, tudo arriscam para salvar vidas? E aquela gente do Greenpeace? E mais a multidão de anónimos que, sabe Deus, para aí andam a fazer "coisas" em prol da humanidade?! Sim, porque ainda há muita gente que vai acreditando que isto vale a pena, vá lá saber-se porquê!...

Alguém se oferece?

Preciso de entrevistar um(a) licenciado/a em Ciências da Educação, para um trabalho lá da Faculdade.
Se alguém se quiser oferecer, ou se alguém conhecer alguém...esta alminha agradece.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Creepy!

Não tenho uma grande experiência de viver em apartamentos. Vivi num, quando me casei, durante algum tempo, não muito. De resto tenho vivido sempre em casas, independentes, autónomas, sem entradas de prédios ou vizinhos em frente.
Fez em Fevereiro passado um ano que me mudei para aqui e tenho, à minha frente, um vizinho, ou vizinha, que nunca vi. Há coisa de uns meses apareceram três homens que entraram no apartamento apenas para levar algumas tralhas, sei disso porque nunca fecharam a porta e foram entrando e saindo, carregando não sei o quê. Passados alguns dias, podem ter sido semanas, um edital colado à entrada do prédio anunciava que essa fracção tinha ido a hasta pública. Ainda ponderei a hipótese de me candidatar, mas a base de licitação era demasiado elevada, praticamente o valor total do empréstimo, foi o que me pareceu, ou então quem a comprou foi enganado…
O edital desapareceu e eu convenci-me que o apartamento tinha sido vendido apesar de continuar a não se ver viva alma. Neste andar só eu entro e saio. Eu, e o meu filho.
Como o meu filho trabalha à noite, tenho por hábito fechar a porta à chave quando chego. Hoje tive de a voltar a abrir para pôr o saco do lixo à porta, coisa que faço com alguma frequência porque não gosto de deixar o lixo dentro de casa e de manhã, quando saio, levo-o comigo, também não gosto de ir lá fora à noite só para deitar o lixo fora, manias… conforme me endireitei para voltar para dentro, os meus olhos pararam na porta da frente - no lugar da fechadura, um enorme buraco! Convém dizer que se trata de uma porta blindada. O metal, derretido por um maçarico, só pode, esbocelava, cor de prata, pelos contornos do círculo onde antes tinha estado uma fechadura! Aquilo deu-me arrepios! Aproximei-me da porta e empurrei-a ligeiramente, como quem não quer a coisa. Fechada! Quem tentou entrar derreteu a fechadura até a reduzir a um monte de metal, mas não foi capaz de correr as trancas.
Será que foi tentativa de assalto?! Será que estou bem aqui?!
Voltei a entrar. Tranquei a porta. Mas não fiquei sossegada, de vez em quando espreitava pelo óculo e ele lá estava, o buraco… liguei à minha filha e pensei, e ela comigo, em ligar para a polícia. Assim como assim, sempre me esclareceriam, ou não… Desliguei o telefone na certeza de que, se quisesse dormir descansada, teria de saber o que se passou na casa da frente. Polícia talvez fosse exagero. Voltei a sair, subi as escadas e fui tocar à porta do vizinho de cima, o responsável pelo condomínio.
Não, não foi tentativa de assalto, esclareceu-me ele – o Tribunal ficou com a casa mas não a consegue vender porque não tem a chave! O ainda dono recusa-se a entregá-la e, vai daí, o juiz disse que tudo bem, arrombem. Vieram de maçarico em punho, mas continuam sem sorte nenhuma..
Ao que parece, não é a primeira vez que isto acontece com este apartamento. Há alguns anos, pelo Natal e por suspeita de tráfico de droga, tiveram de arrombar a porta. Dessa vez foram mais longe, arrancaram-na da parede. Ao que parece, se quiserem voltar a entrar, terão de repetir a façanha.
Entretanto, no prédio da frente, do outro lado da rua, vive um parvalhão que tem a mania que é galo. De tal maneira que vem, de quando em quando, à varanda cantar… de galo…
Se o meu próximo livro, aquele que escreverei daqui a dez anos quando a vida mo permitir, não for um policial, é só porque eu tenho a estúpida mania de deixar passar as coisas.

O que nos motiva?

Pode acontecer que decidamos mudar de vida e no final se conclua que mais valia termo-nos deixado ficar como estávamos.
Mas o facto é que se decidimos mudar é porque, de alguma forma, não estávamos bem, e ninguém deve ficar onde não se sente bem a não ser que ache que não está assim tão mal, e que prefira o comodismo do deixar andar.
Nem sempre conseguimos atingir os nossos objectivos e muito menos à primeira. Há objectivos tão caprichosos que nos exigem metade da vida, às vezes uma vida inteira!, na sua perseguição, mas valem por isso, pela tentativa, pelo caminho que se percorre, pela determinação e, principalmente, pela motivação. Que sentimentos estão por detrás dessa vontade? Que razões? Que sonhos? Que crenças?
É importante não perder de vista o que nos motiva. Mais importante ainda do que os objectivos a que nos propomos ou com que sonhamos, são as nossas motivações, são elas o nosso alimento, a nossa força e não devemos nunca esquecê-las ou confundi-las. Sempre que nos focarmos num alvo, é bom que saibamos porquê esse e não outro qualquer.

Chovem pedras (e terras) em Portugal (e não só...)

Chove durante uma hora e meia, ou mesmo duas horas, e é o caos! Casas inundadas, montes que caem...montes que caem, gente que morre porque leva com pedregulhos em cima.
Este senhor estava dentro do carro, à beira de um penedo, à espera sabe-se lá de quê, quando um pedregulho o levou desta para melhor!
O que é que a família da criatura vai responder quando lhe perguntarem de que morreu ele?! Acidente rodoviário?!
Sim, eu sei, ando com um humor um bocado negro...

O outro António Costa

E aquele menino que abandonou o debate?! Quem é?! Vem donde?! Onde mora?!

Ruben de Carvalho


Eu quero este senhor para a Câmara de Almada.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Da importância das necessidades básicas

Sim, eu sei, se não fossem verdadeiramente importantes não seriam básicas, mas é que nem sempre se tem essa consciência, nem sempre se tem a noção da forma como podem alterar o nosso quotidiano; da forma como relativizam tudo!
Hoje saí da Faculdade aflitinha aflitinha aflitinha e, embrenhada na conversa, sem querer cortar o fio à meada, saí! Só no caminho para o carro é que percebi o nível da minha necessidade e, para não voltar para trás, pensei – Deus queira que não haja bicha…
Assim que dei a volta à alameda parei numa fila de trânsito daquelas mesmo típicas das noites em que chove tanto que não se vê um boi mesmo que esteja especado à nossa frente. Senti-me tão mal, mas tão mal! A chuva! A noite! A fome! O querer estar em casa! E… A Aflição, daquelas que até já dói, a piorar tudo! Senti-me tão infeliz!, mas tão infeliz!...
Foi quando decidi virar para um beco, abandonar o carro e entrar na primeira Faculdade que encontrei.
Pois que, de volta à viatura, mesmo com fome, mesmo com a chuva que caía cada vez com mais força, mesmo com o trânsito impossível, liguei o rádio, acendi um cigarro, abri a janela, e o mundo pareceu-me maravilhoso!

Prémio Valmor

Criado para distinguir "(...)o mais belo prédio ou casa edificada de Lisboa (...) de (...) um estilo digno de uma cidade civilizada ", foi atribuido ao edifício que serve de "carcaça" à minha Faculdade.
De início custou-me um bocado compreender o porquê mas agora está tudo explicado. Ele serve para distinguir "o mais belo" patati patatá... Pronto, assim está bem! É que belo nem sempre casa com eficiente ou adequado, o que muito bem se demonstra através do dito edifício.
Os tectos são altos para que a acústica seja a ideal de uma casa de música onde todos os sons são maravilhosa e repetidamente projectados, concorrentes dos sons das dezenas de aviões que sobrevoam, por dia, aquele espaço.
As janelas são de vidro amplo para que a luz do Sol entre e aqueça as várias salas de proporções medianas, todas expostas ao astro rei, onde nunca nunca se tem um pingo que seja de frio, e onde o ar pouco circula a não ser que se mantenha a porta aberta porque as janelas abrem pouco, para não deixar fugir o efeito de estufa.
Ele há mesmo quem acredite que o arquitecto, por qualquer motivo, ou talvez pela aproximação ao Campo Grande e ao seu Horto, julgou estar a projectar um vasto complexo de estufas onde tomates cresceriam, sem dúvida viçosos, mas onde nós, míseros seres humanos, destilamos a toda a hora.
Mas pronto, ganhou o prémio Valmor e isso é que interessa.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Amália - 10 anos depois

Eu não podia deixar passar esta data em branco. Dez anos... diz que é muito tempo... pois a mim parece-me que foi ontem e deve ser da idade com certeza que o tempo passa que nem o vejo...

Quis prestar aqui uma singela homenagem a esta Senhora, que cantou como ninguém, amou como ninguém, e era de uma generosidade avassaladora. Tive o privilégio de me cruzar com ela em circunstâncias descontraídas, daquelas onde as mulheres passam, de vez em quando, um bom pedaço de horas, há alguns anos, não sei se muitos porque como já tive oportunidade de dizer o tempo relativizou-se bastante cá para estes lados..., e fartei-me de rir. Ela "enchia" facilmente uma casa e sei, que se ela cá pudesse voltar e se quisesse mexer aqui pela Internet, haveria de ficar muito triste por ver que, a todos os seus vídeos que circulam no YouTube, foi retirada a possibilidade de serem incorporados.


Mas que não seja por isso! Quem a quiser ouvir e ver, mais bonita do que nunca, carregue aqui.

Ai Ai Ai...

Uma pessoa atrasa-se um bocadinho, está um dia inteiro sem poder espreitar aqui e, quando finalmente consegue, já toda a gente se fartou de escrever e eu ainda nem jantei e como é que vou conseguir acompanhar tudo meu Deus meu Deus!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Portugal a saque...

Quando oiço na televisão uma senhora cheia de convicção dizer que os castelos da nossa bandeira são das anarquias e virar-se para o marido com um ar absolutamente determinado - Sim, das anarquias, dantes os nossos governos eram anarquistas...
E quando oiço o Valentim Loureiro a afirmar - A campanha está feita!... os meninos já sabem que quando acabam...vão de avião a Lisboa...o que é muito importante nessa... fase etária!
Nesses momentos acredito que, se não nos pomos a pau, o país estará a saque...

Não me apetece...


Este ano não me apetece o fim do Verão. Por muito que goste de dias chuvosos e da nostalgia que trazem, não me apetece. Não me apetece mudar de indumentária, as roupas de Verão são muito mais alegres, têm mais cor; não me apetece voltar a calçar meias e sapatos, gosto de sandálias; não me apetece trocar as saias por calças, sou friorenta; não me apetece secar roupa dentro de casa. Não me apetece. Não estou preparada. O Verão não me cansou...

Da Sorte

De onde vem a sorte?!
Todo o sucesso a tem como variável, mas de onde vem?!
Até que ponto depende de nós?...
É claro que o sucesso tem muitas variáveis - o empenho; a dedicação; o esforço; o conhecimento… mas qual delas pesará mais? Não será a sorte? De que servem toda as outras se a sorte não bater, pelo menos uma vez, à porta? E quantas vezes ela bate logo no início, antes mesmo das outras?!, muitas vezes sob a forma de contactos; de ajudas: de ganhos inesperados…
Eu sou uma pessoa de fé. Preciso de acreditar, e faço-o sem esforço. Sou positiva, optimista. É sempre com alguma dificuldade que aceito o aleatório, parece-me uma desculpa esfarrapada, uma justificação de quem sabe pouco, de quem não tem outra explicação. É por isso que gostava de saber o segredo da sorte. Porque há com certeza um segredo, escondido por aí…

99 anos faz esta Senhora!


Esta senhora é quase centenária, mais um anito e pimba, faz cem anos, o que é já uma idade venerável, um século é a bitola com que a História tem separado as épocas... Com certeza anda já alguém a tratar disso, do "Grande Balanço".


Eu não sei se sou Republicana ou Monárquica porque, à semelhança daqueles que nasceram após o 25 de Abril, nunca vivi em Monarquia. Mas uma coisa é certa, escusavam de ter morto os homens ou, mais precisamente, o homem e a criança! Eu sei que já era tradição, e que até nem começou aqui, é rei - mata-se, mas ainda assim... tinha sido escusado. Aliás, vista por esse ângulo prefiro a República, pelo menos por cá ainda não se limpa o sebo a Presidentes, só a PMs...enfim...


Não lhe dou os parabéns, ou por outra, até lhe dou! Dou-lhe os parabéns porque na verdade a sua vida tem sido por de mais atribulada e eu penso até que se não se tratasse de algo que, na maioria das cabeças, é até inquestionável, a Velha Senhora já teria sucumbido...


Parabéns à República!

domingo, 4 de outubro de 2009

"A vida decide-se até aos 35 anos"

Andei anos à procura de um colchão suficientemente rijo que me permitisse acordar sem dores no corpo. Quando me foram diagnosticadas algumas irregularidades cervicais consegui encontrar um quase perfeito. Quase, porque de rijo que é não se dobra e uma outra coisa que sempre ambicionei foi uma cama articulada que me permitisse ler sem prejudicar a coluna.
Quando mudei de casa decidi que a compraria, a tal cama. Passei o colchão rijo para o meu filho, pelo sim e pelo não, mantive-o perto de mim, ao colchão, não ao filho que a esse não faria bem.
Mas nada é perfeito na vida. E agora que posso ler na cama, não durmo tão bem quanto dormia e já dou por mim a esquivar-me para o tal de que não me separei, sempre que o meu filho decide ir pernoitar para outras paragens.
E esta conversa surgiu-me porque ao ler Daniel Sampaio fiquei a saber que o pai dele dizia com frequência e convicção que a vida se decide até aos 35 anos!
A minha vida ruiu aos 10; voltou a ruir aos 16; aos 37 e aos 45. E só não volta a ruir porque eu não hei-de deixar, mas que anda a ameaçar, lá isso anda.
Se a minha vida se tivesse decidido até aos 37 eu já estaria morta com certeza, ou, quem sabe, internada nalguma instituição para doentes mentais; ou então andaria para aí a deambular sem eira nem beira, ao sabor da boa vontade alheia.
Quando é que uma vida se decide?! Não será todos os dias? Não estaremos sempre a tempo de ajustar caminhos? De corrigir percursos?
“A vida decide-se até aos 35 anos” parece-me uma frase demasiado redutora!

"Velhos são os trapos"

A propósito de um comentário deixado aqui por um amigo, dei por mim a pensar, o que também não é muito difícil, acerca dos termos e do seu uso.
As palavras têm alma. Transportam consigo, independentemente do seu significado, um determinado carisma, uma determinada força.
Isso não nos foi ensinado numa altura em que quando abríamos a boca havia sempre alguém para dizer – Não é assim, é assado! Isso não se diz…velhos são os trapos…não são pretos, são “de cor”… e mais uma quantidade de subtilezas a roçar um certo cinismo inconsciente, de que eu agora não me lembro e nem interessam.
À medida que fui crescendo e lendo, e lendo…fui escolhendo as palavras que mais me tocavam, que mais me diziam. Até porque sem essa escolha não se consegue escrever, o dicionário de sinónimos de nada serve se nós não formos capazes de “sentir” a alma de cada termo para o poder aplicar no sítio certo, à hora certa.
Existem três termos, pelo menos, para designar os mais velhos, são eles: Idoso; Sénior; Velho.
De todos o mais fraco é “idoso”. Sendo um termo terno, é molinho, doce, subtil, cheio de comiseração e de complacência. Um idoso é frágil, dependente, cheio de piedade por si. Triste, vive no arrependimento de ter deixado a vida passar sem dela ter tirado grande partido.
Um “sénior”, é alguém que não se entrega aos males do corpo; que continua a fazer exercício; que tem uma fala grossa; que encolhe a pouca barriga que tem e estica o peito. Um sénior pode ter 80 anos mas nunca vergará. É rijo, resistente, estará bem vivo até ao momento em que a morte o levar, provavelmente de repente, sem aviso prévio.
Um “velho”, é alguém que foi posto à prova durante toda a vida, alguém que sabe o que é sofrer e sorri porque aprendeu. Um velho é um sábio. Alguém que está em paz consigo, alguém que compreende o mundo e que é capaz de o reduzir à sua verdadeira dimensão.
Uma velha é aquilo que eu quero vir a ser.

sábado, 3 de outubro de 2009

Estou a ficar...


... um bocadinho farta da propaganda eleitoral das autárquicas! Não dão descanso a uma pessoa!

Eu para aqui de volta de conceitos e de textos, e os carros alegóricos com música aos berros e gravações roufenhas a passar constantemente debaixo da janela! É que já não os aguento! Preciso de me concentrar! Parem lá um bocadinho se fazem favor!

Dos meios-termos

Os momentos mais perigosos da vida de um condutor não são aqueles em que ele, acabado de sair do exame de condução, tacteia a estrada. São sim aqueles em que ele, passados alguns meses, acredita que sabe conduzir.

Um bêbado ao volante, não constitui perigo. Um bêbado, quando está mesmo bêbado, nem sequer acerta com a chave no buraco da ignição. Perigoso é aquele meio-termo em que ele pensa que não está…

Os momentos mais perigosos são aqueles em que acreditamos que já sabemos tudo; aqueles em que já não somos bebés mas ainda não somos crianças; aqueles em que já não somos crianças mas ainda não somos adultos; aqueles em que já não somos novos mas ainda não somos velhos - os finais de cada etapa; os inícios de uma outra que não aceitamos como nova, como estranha.

Até os equinócios, mais do que os solstícios, são as alturas em que mais depressões nascem, mais velhos morrem, mais corpos se sentem…

Nós não gostamos dos meios-termos, dos lugares híbridos, dos infindáveis recomeços que nos acompanham a vida. Não gostamos. E como não gostamos, fazemos de conta que eles não existem. Como se a nossa aprendizagem tivesse chegado ao fim; como se já tivéssemos visto tudo, quando o “tudo” está sempre em mudança, impossível de acompanhar…

É claro que volta não volta, às vezes volta e volta, passamos mal, sofremos e causamos sofrimento. E depois queixamo-nos que “nascemos para sofrer”; afirmamos que “não há crescimento sem dor” ; que cada um “tem de aprender à sua custa”…

Mas, mesmo considerando que cada um tem o seu próprio percurso, mesmo considerando que as experiências alheias não nos servem, há uma coisa simples que poderíamos fazer – era partir do princípio que, estejamos em que patamar estejamos, nunca nunca saberemos tudo, haverá sempre mais para aprender. Se conseguíssemos agarrar um momento que fosse de humildade e congelá-lo, se nos mantivéssemos abertos a tudo o que há para ver, saber e conhecer, tanto que mil vidas não chegam!, poderíamos até tirar algum proveito dos finais de cada etapa; criar algum entusiasmo, mesmo ingénuo e infantil, qual é o mal!, acerca da etapa que aí vem e poupar, a nós e aos outros, alguns dissabores – muitas mortes chegam, por acidente, nestas pequenas pontes da vida…

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"Já não faço falta a ninguém"

Há tantas pessoas que escondem as lágrimas atrás de um sorriso!
Pessoas velhas, doentes, pobres e tão tão solitárias que quando encontram alguém com quem falar esquecem tudo e sorriem! E falam das suas maleitas como se elas não tivessem importância nenhuma porque elas deixam de a ter naquele bocadinho em que deixaram de estar sozinhas e têm alguém a quem falar, alguém que lhes dispensa uns minutinhos sem mostrar contrariedade, alguém que as ouve e até lhes faz perguntas. E elas sorriem! Sorriem com a boca e com os olhos.
Não há pior maleita do que a solidão de um velho que sente que já “cá não anda a fazer nada”; um velho que “já não faz falta a ninguém”!
Que filhos são estes?! Que netos?! Que vida os levou a afastarem-se tanto que quase esquecem?!
Só há uma coisa que mantém vivos aqueles que amamos – o sentirem que sem eles ficamos mais pobres. Porque a partir de uma certa idade nada mais importa a não ser o amor dos que nos sucederam.

Removeram o video do discurso de Barack Obama...

... do Youtube!, aquele que ele fez aquando da abertura do ano lectivo. Diz que por violação dos termos de utilização! O que quererá isto dizer?!!
Voltei ao Youtube na esperança de encontrar um outro sobre o mesmo tema, nada!
Pergunto-me, sinceramente, se os discursos dos políticos, sejam eles de onde forem, não são públicos e de que forma é que eles podem ser mal utilizados. É claro que isto pode ser a minha ingenuidade a falar. É claro que podem existir formas macabras de utilizar um vídeo que fala de educação, ou de outra coisa qualquer! A minha imaginação é que não chega lá!...

Da falta de solidariedade

Não gosto nem um bocadinho de gente pouco solidária, de gente que, podendo, não ajuda ninguém. Gente assim é mesquinha, egoísta e não merece ter sucesso. Gente que atinge um determinado nível de bem-estar, seja ele social ou económico, e se recusa sistematicamente a partilhar a sua sorte com outros, que se recusa a partilhar os bens que conquistou, é gente que não merece que eles se mantenham nas suas mãos.
Ninguém consegue nada sozinho. Seja o que for que se atinja, atingiu-se porque alguém, nalgum momento, nos deu uma, ou mesmo duas mãos. Recusar as nossas mãos a outros, quando chega a nossa vez, é vergonhoso!
Posso compreender que muitas vezes as lutas para se alcançar um determinado lugar são tão renhidas que nos fica entranhado um medo de perda. Mas há que compreender que quando se estende uma mão, não se perde, ganha-se mais um bocadinho. Fecharmo-nos a nós e às conquistas num abraço apertado do tipo aqui ninguém entra ou, isto é meu e de mais ninguém, revela uma grande insegurança, uma enorme mesquinhez e a ausência do conhecimento do papel que cada um de nós desempenha na sociedade.
Quem não dá, não pode esperar receber e quem se fecha, e estar sentado num poleiro lá no alto é estar fechado, acabará por perder aquilo que conquistou.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

FDS

Não sei o que é que se passa com o Outlook! Não sei!...
Não sei se sou eu; se é o programa... Mais uma vez perdi tudo! Tudo! Contactos, agenda... tudo!
Num dia está lá, no outro já não está! Parece um truque de prestimoniação, prestigiação, prestidigitação. IRRA! que até a palavra me custa a dizer!...se formos a ver bem qualquer uma serve...
Enfim - uma merda!
Seja padre, bruxa ou ilusionista eu quero os meus dados de volta! JÁ!
Se não compreenderam a relação espreitem no dicionário que eu não estou em condições de explicar nada. Se me chegarem um fósforo, rebento.

Parabéns meu querido

Faz, neste preciso minuto, 22 anos que o meu filho nasceu e desde aí nunca mais parou de nascer a esta hora. O dia para ele começa na noite da maioria. Por muito cansado que esteja, por muito que o sono o assole, ele renasce ao início da noite para mais um dia de uma vida rodeada de amigos e do trabalho que escolheu. Se eu soubesse tinha aguentado mais um bocadinho e fazia-o nascer mais pela manhã… mas isso sou eu que adoro o Sol…
De mim herdou todas as certezas que o sustêm e não vale sequer a pena dizer-lhe que elas se esvairão com os anos porque ele não acredita nisso.
Do pai herdou o tamanho do ego mas, mais uma vez, isto sou eu a falar… se fosse o pai diria, provavelmente, o contrário.
Com ele trouxe uma sabedoria invulgar e uma personalidade vincada que lhe permitem o afastamento necessário à independência e a aproximação necessária à ternura que não se coíbe de manifestar quando nos dá o enorme prazer da sua companhia, coisa que nunca faz contrariado pelo que às vezes é difícil pôr-lhe a vista em cima. Dou comigo a aproveitar todos os minutinhos e a pensar que o melhor é fazê-lo enquanto posso, enquanto o tenho por aqui, porque quando bater asas hei-de estar semanas, e digo semanas e não meses para não me angustiar, sem saber por onde anda, o que faz ou com quem está. O meu filho não guarda nem revela segredos, é como se os não tivesse até ao momento em que eles se manifestam, a ele e aos outros.
Pragmático, confunde-se quando o coração o trai, surpreende-se com a força com que o sente à mínima manifestação de humanidade que testemunha onde quer que seja – tanto faz se for cinema ou esquina de rua.
O meu filho já faz 22 anos! Está (quase) um homem e vai ter de me perdoar se eu ainda levar mais algum tempo para me inteirar dessa sua, ainda nova, realidade.
Faz 22 anos e eu amo-o mais do que à vida.