quarta-feira, 8 de junho de 2016

Quem quer viver comigo?




Estão a surgir na Alemanha comunidades seniores.

Gente com mais de 55 anos que junta os trapinhos, compra ou aluga uma casa grande e vai viver em comunidade, garantindo ajuda, companhia, entretenimento, amparo.

Chama-se a isso – envelhecimento activo.

Confesso que a ideia me encantou. A pessoa com quem falei, que é de lá, contou-me a história da mãe que tem duas amigas, que vivem mais ou menos próximas umas das outras mas que são pessoas tão diferentes que acabam por passar a maior parte dos dias fechadas, cada uma na sua concha.

Estas comunidades, diz ela, permitem uma variedade de gostos e de opções tão vasta quanto o número de pessoas que as compõem, não descurando a privacidade – cada um tem o seu quarto -, a partilha – tanto a sala como a cozinha são comuns -, a autonomia e a independência – ajudam-se uns aos outros na medida em que cada um pode. E, mais importante ainda, são uma oportunidade para os menos abastados poderem ter uma vida mais atraente dado que as despesas são partilhadas.

Diz ela que um grupo de doze pessoas se juntou para determinar o que cada uma poderia dar/fazer em prol da comunidade – sem menosprezar o prazer porque a partir de uma certa idade o que não se faz por prazer não traz proveito. Depois de todas as revelações e acordos, decidiram comprar uma casa de campo, rodeada de um jardim e com um outro situado entre os quatros blocos que compõem o quadrado que é a casa.

Entre elas decidiram o que cada uma tinha de melhor para rechear a casa. Aquilo que não serviu, cada uma desfez-se do que era seu – vendendo ou dando a quem precisou.

Nem todas entraram com a mesma quantia para a compra pelo que ficou decidido que quem entrasse com menos compensaria com um qualquer serviço doméstico ou profissional de valor previamente estipulado de forma a ser possível, numa dada ocasião, restabelecer a igualdade.

Diz ela que nunca mais ninguém ficou sem companhia, para ir ao cinema, para dar um passeio pela cidade, para ir às compras ou para viajar. Nunca mais ninguém se sentiu sacrificado e a disposição da comunidade é, grosso modo, saudável.

Parece-me uma excelente solução para o nosso país cada vez está mais envelhecido, cuja Segurança Social dificilmente garante uma velhice digna, cujo número de velhos abandonados em suas casas é cada vez maior.

Aqui fica a sugestão de um modelo consideravelmente adaptável às realidades e necessidades de cada um. 

Mãos à obra.