sexta-feira, 31 de julho de 2009

A Terra tal como não a conhecemos...

Quantos nascem e quantos morrem, a cada momento, em cada país?

Quantas toneladas de CO2 emitimos todos os dias?

Este site é uma simulação, mas dá para ter uma ideia do que se passa e do que se pode fazer para que não se passe tanto...

A sexta-feira que tem sido um 31 - Parte II

Fiquei duas horas com a tinta na cabeça porque no momento em que a ia tirar faltou a luz e o esquentador é eléctrico e não me apeteceu tomar banho de água fria. Não, não fiquei careca, está tudo bem.
Logo a seguir ligam-me a pedir um documento, sim senhor vou digitalizar e mando já…faltou a luz!
E tem sido assim – uma festa! Até porque aqui todas as casas têm alarme e cada vez que a luz falta ele soa, ó se soa!
Não me vou pôr a dizer que mais nada pode acontecer, porque pode e bem pior…afinal de contas nada disto tem importância, tudo se compôs e o sol brilha que se farta…a acontecer que continue a ser a luz intermitente, desde que não me dê cabo do computador já se vê…

A culpa é do Al...zeimer, só pode!

Um dia acidentado é aquele em que começamos por nos esquecer em que dia da semana estamos e, por conseguinte, deixamos pendurados os nossos compromissos. Para agravar ainda mais as coisas, quando nos lembramos deles, ou alguém nos lembra, encontramo-nos em situação de impossibilidade porque, entretanto, resolvemos espalhar tinta pelo cabelo, coisa que não se desfaz em cinco minutos, convencidos, evidentemente, que o dia é outro. É claro que isto é o resultado de se estar em período de semiférias…nem são, nem deixam de ser…uma pessoa baralha-se!
Se logo a seguir nos telefonarem a dizer que o banco nos tirou dinheiro indevido da conta e, ao ligarmos para lá, a pessoa que nos pode esclarecer não se encontrar, está montado o circo para um dia stressante…
Só espero que, no fim disto tudo, a tinta pegue…

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Um pouco de publicidade dirigida a quem gosta de escrever ou mesmo de contar histórias

Alguma vez pensaram em escrever um livro?
Ou desejaram que alguém escrevesse por vós? Assim tipo "a história da minha vida"?
Alguma vez tentaram editar um livro e foram recusados por várias editoras?
Alguma vez pensaram em oferecer a um amigo ou a um familiar a história da vida dele?
Se alguma vez alguma destas coisas lhes passou pela cabeça, ou outras parecidas, chegou a vossa hora.
Cliquem aqui.

Sabe-me muito bem poder dizer isto

Às voltas com a burocracia e a papelada que ela exige, que os bancos estão cada vez mais exigentes, mais cuidadosos, acho bem, tenho verificado que o atendimento neste país está diferente. Muito diferente. Para melhor. Muito melhor.
É certo que respeito gera respeito e que quem respeita tem muito mais probabilidades de ser respeitado mas a simpatia, a disponibilidade e a eficiência de quem me tem atendido telefones nas mais diversas áreas para me ajudar a resolver pequenos problemas sem ter de me deslocar fisicamente aos respectivos organismos, merece ser divulgada.
Às meninas da Oney; aos meninos da companhia do gás; ao meu banco e a mais algumas organizações às quais me tenho dirigido, aqui fica a minha vénia.
Estamos a progredir.

Forever Young

Era minha intenção colocar aqui o original cantado por quem o compôs. A verdade é que apesar de toda a admiração que tenho por Bob Dylan, que tenho, não aguento ouvir a voz ele. Nunca aguentei, que me perdoem os puristas. Bob Dylan deveria ter-se, na minha opinião, limitado a compor e a escrever o que tão bem compôs e escreveu, mas outros, que podem muito bem ser Joan Baez, que cantassem as suas composições. Para além de nos poupar àquela terrível voz roufenha que só foi sofrível durante alguns anos, porque assim que começou a envelhecer tornou-se absolutamente inaudível, para além disso dizia eu, oferecer-nos-ia o privilégio de compreendermos as letras e elas merecem ser compreendidas.
Por tudo isto aqui fica Joan Baez. Porque hoje me apetece, é isto que vos desejo.



Começou por me apetecer uma composição linda dos Buena Vista Social Club mas, infelizmente, a incorporação estava off. Talvez num outro dia, quem sabe...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Que um raio os parta a todos! mas a TODOS, ao mesmo tempo.

Longe, muito longe, vão os tempos em que um terrorista era um puto reguila e em que as revoluções e as lutas eram assumidas, francas, objectivas e leais a uma qualquer causa.
Agora um terrorista mais não é do que um psicopata delinquente, um cobarde, que se esconde permanentemente atrás de organizações tão cobardes como ele. Organizações que se arrogam o direito de andar para aí a matar ao desbarato.
O que devia acontecer era que em cada atentado tombassem os membros das famílias deles, a ver se se aguentavam muito mais tempo no papel de terroristas.
Gentinha que se alimenta da violência. Gentinha cujo ego é tão pequenino que precisa de se esconder atrás de actos de guerra para acreditar que é alguém. Porque é que não vão para o ginásio?! Brinquem aos índios e aos cowboys! Agora até existe uma imensa panóplia de desportos violentos…comprem jogos de computadores e deixem-se ficar em casa, descansadinhos a disparar no écran. Ele há jogos tão reais mas tão reais que até parecem verdade! Matem-se uns aos outros! Mas deixem em paz quem quer viver e ainda acredita que, apesar dos pesares, isto ainda vale muito a pena.

Não sei se é medo, se inveja, se um misto das duas coisas...

Sinceramente não consigo entender a fobia de certos homens relativamente às escolhas sexuais de cada um. Reagem perante a homossexualidade como se de um vírus se tratasse. Um vírus contagioso, evidentemente.
O que é que me interessa a mim com quem é que cada um dorme?! Será que as escolhas sexuais determinam a personalidade de cada ser humano?! É que só assim se justifica uma discriminação.
Os ladrões; os assassinos; os violadores; os raptores; os pedófilos, devem ser discriminados. Agora os homossexuais?! A quem fazem eles mal?! São uma ameaça para quem?!
O único defeito que lhes encontro é o facto de não gostarem de mulheres, o que é uma pena já que a maioria acaba por ser bem mais interessante do que certos denominados heterossexuais. Vai-se a ver e se calhar é por isso que são discriminados. Os homens estão habituados, desde tempos imemoriais, a combater tudo aquilo que sentem como ameaça. Tentaram arduamente, e conseguiram durante séculos, discriminar as mulheres. Agora que as mulheres estão a fugir-lhes completamente ao controle, agarram-se com unhas e dentes aos homossexuais. Aposto que a maioria deles nem sabe quem é quem, mas tentam, catalogam e discriminam.
Cada vez que vejo um homem aflito, e aflito é o termo correcto, perante a possibilidade de alguém das suas relações ser gay, a primeira coisa que me vem à ideia é que está com medo de contágio. Sim, porque a reacção normal seria o descanso – pelo menos este não me faz concorrência. Qual quê! O instinto é – Ai Ai Ai que isto pode pegar-se!...
Entristece-me dizer isto, mas se cada vez há mais, mesmo discriminados, imagine-se a proliferação quando deixarem de ser, como de resto acontecerá mais cedo ou mais tarde. É vê-los aí, esses, que hoje se armam em machos latinos, a saírem do armário e nós a percebermos enfim porque é que se arrepiavam todos só com a designação.
É que sempre ouvi dizer que “quem desdenha quer comprar”…

terça-feira, 28 de julho de 2009

Das nossas necessidades; das necessidades dos outros

É um erro partir do princípio que existe alguém capaz de satisfazer todas as nossas necessidades. Um erro e uma enorme fonte de frustração consequente duma permanente insatisfação.
Necessidades todos temos. Se nos focamos exclusivamente nelas esquecemos as do outro e candidatamo-nos, todos, à qualidade de vampiros. Os vampiros das relações afectivas, aqueles que buscam, alimentam-se e partem, sem se importarem com os destroços que deixam pelo caminho.
Alguém que me é querido, uma mulher à beira dos cinquenta anos, tem feito a vida negra a um outro alguém que me é ainda mais querido. Casada há mais de trinta anos, queixa-se da inexistência de paixão.
Mas quem é que sente paixão ao fim de trinta anos de casamento?! Ninguém. A paixão é um estado de alma e corpo, e corpo!, que dura, quando muito, uma estação. Depois, ou se transforma, ou não. Ao fim de trinta anos já se devia saber em que é que ela se transformou.
A quase permanente necessidade de emoções fortes acaba por suplantar a importância da responsabilidade que é formar e cuidar de uma família, do amor que isso exige, do respeito, do carinho, da assunção da escolha feita.
A vida tem-se encarregado de me mostrar que a satisfação das minhas necessidades está muito mais dentro de mim do que naquilo que me rodeia. Tem-se encarregado de me mostrar que se eu não for capaz de ser autónoma não sou, também, capaz de partilhar coisa nenhuma.
A necessidade de um outro é o primeiro passo para um mau relacionamento. Estar com alguém porque gostamos de estar; estar com alguém porque enriquece a nossa vida, é bem diferente de estar com alguém porque não se sabe estar sozinho.
Precisar não é amar. Procurar no outro o nosso alimento ou o ar que se respira é vampirismo.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Acabadinha de chegar



de um fim-de-semana indizível estou ainda meio zonza e com alguma dificuldade em assentar arraiais neste planeta que é o meu.


Diz que o que é bom acaba depressa, eu teria ficado por lá mais uns dias, se calhar muitos. Não posso, não pude, mas voltarei.


No entretanto vou-me alimentando das emoções que se me entranharam sem eu perceber muito bem o como ou o porquê, não que isso tenha importância, na verdade não tem nenhuma, o que interessa é que as vivi e quero mais, talvez daqui a uns dias, quem sabe...


Contava trazer mais fotos mas ao desligar a ficha desliguei-me também da máquina e a minha relação com ela acabou por ser muito mais esporádica do que aquilo que seria previsível. Aqui ficam estas duas. Peço que me desculpem, foi o que se pôde arranjar.


Agora vou ver se acordo que a vida chama, não exactamente a que eu gostaria neste momento mas aquela que escolhi e de que gosto mesmo quando me cansa, porque é a minha.






sexta-feira, 24 de julho de 2009

Acabaram-se os protestos

Ultimamente parece que não tenho feito mais nada senão protestar e isto quanto mais se protesta mais o mundo enegrece e quanto mais enegrece mais motivos há para protestar…
Não quero saber se o Oliveira e Costa foi para casa, que até nem existem indícios de roubo ele coitado não roubou nada que neste país somos todos muito honestos e as prisões são poucas e não têm condições para figuras tão eminentes. Vou ali assaltar um banco e volto já só para ver se a mim me prendem ou não.
Não me interessa nada que o presidente da associação dos oftalmologistas diga que afinal os seis cegos foram vítimas de erro humano, que nada tem a ver com a qualidade do medicamente que os medicamentos neste país são todos bons que se fartam e não têm porra de contra-indicações nenhumas, e que venha o outro que também é médico dizer que afinal estas coisas são próprias da idade e que para além disso são hereditárias, afinal as criaturas são todas primas umas das outras e o facto de terem cegado no mesmo hospital e com o mesmo medicamento é pura coincidência.
Como já disse, quanto mais se protesta mais motivos se encontra para protestar…
Ando irritada, ando sim senhor e vou ver se reequilibro estas minhas energias num retiro muito zen lá para os lados de Tavira.
Vou fazer aquataichi. Vou vegetar no meio dos montes. Vou apanhar sol que bem preciso. Vou mudar de ares. Vou esquecer a tecnologia por uns diazinhos.
No net; no TV; no phone; no clock.
Segunda-feira estarei de volta.
Desejo-vos um óptimo fim-de-semana a todos.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Das compras

Hoje apeteceu-me fazer uma coisa que não está nos meus hábitos e menos ainda no meu feitio – dar um giro pelas lojas e tentar aproveitar os saldos.
Confesso que não sou uma mulher de compras. Na verdade não gosto de andar às compras, não tenho paciência e canso-me com facilidade. Sou mais do género – preciso vou encontro e compro. Mas hoje dei uma volta inteira a um centro comercial e entrei, praticamente, em todas as lojas.
É extraordinária a forma como as pessoas NÃO são atendidas nas lojas. As empregadas estão ali para dobrar e voltar a arrumar a roupa que os clientes desarrumam e para vigiar não vá algum levar sem pagar. Não são empregadas de loja, são controladores. Se queremos experimentar alguma peça, recolhêmo-la e, se por acaso, o número não for aquele, temos de nos voltar a vestir, voltar à sala e procurar uma outra de um número diferente, para voltarmos a entrar na cabine, nos voltarmos a despir e constatarmos que, afinal, aquilo é mais bonito na mão do que no corpo.
Ninguém vem ter connosco a perguntar o que se procura e a sugerir uma outra peça, enfim, a tentar vender. Já não há vendedores nas lojas.
De todas aquelas onde entrei apenas numa, numa única, uma senhora me ajudou e vendeu. Essa vendeu. As outras não.
Isto já é assim há muito tempo. Nada disto é novo. Novo novo foi o que me aconteceu numa loja de marca com um único empregado que deixou que um par de miúdos aos gritos e numa correria pela loja fora, abrisse a cortina da cabine onde eu me estava a mudar, por mais do que uma vez, sem nada dizer.
Vesti-me rapidamente e saí. Indignada perguntei de quem eram as criancinhas e se ninguém tinha visto o que fizeram. O idiota olhou para mim e perguntou-me, depois daquilo tudo, se me podia ajudar. Atirei com o vestido para cima do balcão, deitei-lhe um olhar que ele não vai esquecer tão depressa e respondi – Não obrigada, ao mesmo tempo que saí numa atitude de, nunca mais cá ponho os pés.
Será que os donos destas lojas têm consciência das vendas que perdem todos os dias? É que não sou só eu a queixar-me, de certeza.

Cambada de sornas!

Hoje à porta do meu local de trabalho a dona do café da esquina… já sei, aqui parece que tudo fica numa esquina, e fica, quase tudo…não me perguntem porquê porque não faço a mínima ideia.
Bom, à porta do meu local de trabalho a senhora, de vassoura em punho, varria o passeio e protestava sozinha. Assim que me viu desabafou em tom mais alto – Cambada de porcos! Veja lá bem que andaram aqui os da câmara a limpar o passeio do outro lado. E um deles, que eu ouvi muito bem, a dada altura diz para o outro que queria vir limpar este lado, “deixa lá isso vamos mas é embora”! Não querem é fazer nenhum! - e acrescentou em tom de esclarecimento – Não é que eu ande a dizer mal dos trabalhadores…
Deus nos livre de uma blasfémia dessas! Dizer mal dos trabalhadores! Quem se atreveria a tal?! Dos trabalhadores! Que se fartam de trabalhar neste país! Principalmente os que limpam as ruas! São verdadeiros Moiros de Trabalho! Incansáveis, os trabalhadores da câmara que andam de carro a aspirar as ruas!
Quando eu ia mesmo a entrar a porta pergunta-me ela como quem não quer a coisa – Não acha que eu devia ligar para lá?
Acho. Pois claro que acho! De resto a única forma de conseguir que as ruas andem limpas é ligar para lá todos os dias a toda a hora! É chateá-los até não poderem mais!
Cambada de sornas! E estou-me nas tintas se é politicamente incorrecto. São sornas e pronto. Quero lá saber da desculpa de serem mal pagos! Somos todos e não é por isso que deixamos de trabalhar! Olha qu’esta!

Ou o mar está bravo ou o vento de feição

Conhecem aquele barulho que se ouve quando encostamos um búzio ao ouvido?
Pois neste momento a minha casa, a minha rua, esta terra onde habito, transformaram-se num búzio gigante e nós estamos todos dentro dele.
Ouvir o mar com esta intensidade e não o ver é um bocadinho assustador. Parece que a qualquer momento ele vai inundar as ruas e entrar pela porta dentro.
Sempre vivi ao pé do mar. Cresci, até, a olhar para ele. Tive essa sorte. Mas sempre estranhei aquelas pessoas que dizem que o mar as acalma. A força e o poder que tem não me acalma coisa nenhuma. Um rio acalma-me, o campo acalma-me, as árvores acalmam-me, o silêncio acalma-me. O mar…não me acalma coisa nenhuma. A não ser, é claro, que ele próprio esteja calmo…e hoje não parece estar...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

É típico

Se há coisa que nós, humanos, gostamos de dar, são opiniões. Opiniões e conselhos.
Mesmo que a pergunta não seja, o que é que achas?, nós opinamos. Opinamos e aconselhamos, que da vida dos outros sabemos nós bem. UI! Muito melhor do que eles, pobres coitados!
Se déssemos amor, carinho e compaixão com tanta prontidão como damos opiniões e conselhos, vivíamos no paraíso.

Imperdoável!

Quem tem um negócio não pode ser trombudo. Tem de saber sorrir a cada cliente, nem que por dentro lhe esteja a chamar tudo menos santo.
Toda a gente sabe isto. Toda a gente menos o casal de trombudos que tem uma tabacaria mesmo aqui ao virar da esquina.
São tão trombudos, mas tão trombudos, que eu prefiro meter-me no carro que me leva ao quiosque da vila, do que entrar ali para comprar o jornal.

Como não tenho dois dias iguais, alguma coisa tinha de se repetir...

Há coisa de um ano a esta parte que o meu almoço é, quase invariavelmente, um filete de salmão, feito no forno, com espinafres ou brócolos, raras vezes brócolos, cozidos, e uma chávena de chá que pode ser verde, vermelho ou branco.
Vario, evidentemente, quando vou comer fora. Em casa como SEMPRE, isto.
Agora digam lá todos em coro: E NÃO ENJOAS ?!
Não. Sabe-me bem todos os dias. Sabe-me sempre bem. Tal como a maçã que como a meio da manhã ou os cereais com leite de soja e os kiwis que como de manhã. SABE-ME SEMPRE BEM.
E é por estas e por outras que eu me recuso a aceitar a teoria de que os homens me cansam. Eu não sou de cansar. Pelo contrário, sou fiel aos meus gostos. Portanto, só posso concluir que, de facto, o que se passa é que ainda não encontrei o salmão do reino dos homens. (E terá de ser mesmo salmão, não pode ser cherne, não faz o meu género e muito menos cachucho, tem os olhos demasiado esbugalhados.)

Se estou boa?

NÃO !
Acordei cheia de dores de cabeça! Este tempo dá cabo da cabecinha de qualquer um!
Se isto se prolonga até ao fim-de-semana sou capaz de acreditar que se trata de uma qualquer conspiração!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Do casamento

Devíamos casar-nos com o nosso melhor amigo. Aquele a quem contamos tudo tudo. Aquele que nos conhece melhor do que ninguém.
Devíamos ser capazes de sentir por ele, num dado momento, uma atracção sexual que nos permitisse casar com ele sem que isso suplantasse a nossa amizade.
Assim, quando algo não corresse bem, ele seria o primeiro a saber. E compreenderia. E apoiar-nos-ia porque é isso que fazem os maiores amigos.
O seu, e o nosso, maior desejo, seria vê-lo feliz, porque é esse o maior desejo dos maiores amigos.
Deveríamos ser capazes de nos casar com o nosso melhor amigo porque na amizade não existe posse, só amor. Porque os verdadeiros amigos conhecem-nos bem e, mesmo assim, gostam de nós.
Todas as relações amorosas deveriam começar por ser relações de amizade e não ao contrário. As que começam ao contrário têm menos probabilidades de sobreviver.

Isto é preciso é calma, muita calma e paciência, sobretudo paciência

Há certos homens para quem, à excepção talvez de um bom jogo de futebol, alguma coisa dê tanto gozo como ralhar com uma mulher, chamá-la à atenção para qualquer coisa. Os olhos riem-se-lhes, o semblante empertiga-se, o macho Alfa desponta em toda a sua plenitude.
Assim sendo eu hoje fiz o dia de um simpático condutor a quem, por distracção, ia abalroando numa confusão de trânsito em mudança de faixa de rodagem. Note-se que ia abalroando, não abalroei.
Apercebendo-me imediatamente da sua presença, levantei o braço, desfiz-me em desculpas. Desculpe, desculpe, o susto que lhe preguei, não o vi.
Parado ao meu lado, em frente a um semáforo, uns metros mais adiante, teve a gentileza de abrir a janela para me instruir sobre as funções dos retrovisores, quer o exterior quer o interior. Obrigada gentil senhor, não fazia a mínima ideia para que servem, em trinta anos de condução diária já me tinha indagado várias vezes para que serviriam aqueles espelhos se nem a mim consigo ver e tanto jeito me davam para o retoque da maquilhagem que nunca uso.
Depois de eu me ter desculpado mais uma boa meia dúzia de vezes, despediu-se de mim com um, Tem de ter cuidaaaaadooo, em sorriso rasgado e paternalista, que eu agradeci com um sorriso parecido com o dele. Aí está outra coisa que eu não sabia, que para se circular nas estradas é preciso ter cuidado.
Mais uma vez, obrigada gentil senhor. As suas instruções foram preciosas, segui-las-ei à risca. Desculpe, desculpe, não voltará a acontecer.
Coitado, provavelmente foi a coisa mais emocionante que lhe aconteceu nas últimas...365.450 horas?!...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Errare humanum est

Ora bem, tenho recebido mensagens que advogam a retirada ou a correcção deste post.
É claro que eu o poderia fazer. Mas não faço. Errar é humano e eu sou humana. Temos pena…
Corrigi-lo passaria por trocar 1.000.000 (de euros) por 1. Ou 10.000.000 (de portugueses) por 10 e eu gostaria de ajudar mais do que isso. Logo, decidi que, se me sair o Euromilhões, distribuirei os tais 10.000.000 por, digamos, 50 famílias. 200.000 euros já dá para qualquer coisa – montar um pequeno negócio; resolver um problema qualquer. Com os restantes 47.000.000, partindo do princípio que seriam os tais 57.000.000, ainda posso fazer muito coisa, tipo formar pequenas empresas, criar postos de trabalho, tirar gente do desemprego…
Como vêem eu até sei fazer contas. E, não, não me socorri de máquina de calcular. Por estranho que pareça, não foi preciso.

Carros Eléctricos


Está decidido:
O meu próximo carro vai ser eléctrico.

Digam lá se não é fofinho (smile)...

Estou saturada!

Há demasiado tempo que não saio daqui.
Preciso urgentemente de mudar de ares.
Amanhã, que é já hoje assim que acordar, vou encontrar um lugar para passar uns dias. Ó se vou!
Nem dei pelo fim-de-semana. Passei-o a trabalhar. Estive fechada em casa, de volta de uma obra de 200 e tantas páginas.
Amanhã vou encontrar um sítio para me pirar. Rapidamente. Olá se vou!...

domingo, 19 de julho de 2009

Regresso ao passado

Há certas músicas e certos cheiros que têm o condão de me transportar, instantaneamente, através de túneis de tempo.
Não são meras recordações. São definições exactas de um determinado momento, de uma determinada época. Não me trazem imagens ou memórias definidas, trazem-me sensações. As mesmas que vivi. As memórias só vêm depois, se eu quiser que venham; se eu me detiver, por momentos, no mesmo local para onde o túnel do tempo me transportou.
Há dias precisei de comprar um perfume e ia decidida a repor nos meus hábitos um que usei durante bastante tempo e de que gostei muitíssimo, ficava-me bem.
Cheguei à perfumaria sem muito tempo para despender em procuras cansativas, e fui direitinha à prateleira onde se via o tal perfume. Olhei o frasco do tester e, ainda que não precisasse de o fazer, qualquer coisa me impulsionou e borrifar um pouco um dos punhos. O perfume é bom e fica-me, como já disse, muito bem. Gosto dele tanto quanto gostava quando o usei mas não o trouxe comigo. Ao aroma veio imediatamente associado um mal-estar no estômago, um aperto na garganta, uma sensação deveras desagradável. E não exagero quando digo que fui, literalmente “puxada” para trás, ainda que o túnel estivesse à minha frente.
O que é mais curioso no meio de tudo isto é que só nesse momento eu tive a consciência do quanto não quero voltar a viver o que vivi na época em que usei esse mesmo perfume. Só nesse momento tive consciência de que não foi, de todo, uma época benéfica para mim. O que me levou a pensar que, se calhar, vivemos muitas vezes uma ilusão de bem estar; se calhar, só quando mudamos é que realizamos a importância de ter mudado. Ou então voltar para trás, seja em que circunstâncias for, é um acto absolutamente anti-natura…

sábado, 18 de julho de 2009

As minhas desculpas

Pronto, pronto! Já vi o disparate que disse!
Mas a intenção era boa, e a intenção prevalece. Se me saísse o euromilhões havia de arranjar maneira de ajudar muita gente.

Euromilhões

E pronto, lá vieram mais uns milhões para Portugal. Cinquenta e sete milhões quinhentos e vinte e oito mil cento e dezoito, mais precisamente. Isto se não contarmos com os segundos prémios que foram quatro.
Ainda bem. Estamos a precisar. É claro que nenhum de nós vai sentir isso a não ser, é claro, os felizes contemplados. O que é que esta pessoa irá fazer com tanto dinheiro? É que os segundos prémios não são nada de especial, compra-se uma casa e um carro, pagam-se as dívidas e pronto, lá se foi o segundo prémio. Agora o primeiro! Cinquenta e sete milhões de euros! Dá para muita coisa caramba!
Olha se esta alminha resolvesse oferecer a cada português um milhão de euros! Ainda ficava com quarenta e sete! E se excluísse aqueles que não precisam, ainda ficava com mais e esse mais seria o suficiente para viver descansado o resto da vida.
Dei por mim a pensar nisto caso me saísse alguma vez. Não que eu jogue todas as semanas, mas nunca se sabe…O melhor mesmo é estar preparada…

Terminologia cinéfila ou Um disparate que às vezes me apetece porque gosto de brincar com as palavras

Ultimamente, sim sou um pouco lenta, tenho reparado que existem dois tipos de efeitos nos filmes, os especiais e os visuais. Sendo que os especiais não se vêem e os visuais são, com certeza, ordinários. Isto porque se os especiais se vissem não seriam especiais mas visuais e os visuais se fossem fora do comum seriam especiais e não visuais.
A não ser que eu não esteja a ver bem a coisa, e provavelmente não estarei já que nada percebo de realização, estas deduções parecem-me lógicas.
Agora se os especiais não se vêem porque é que existem? Sempre ouvi dizer que são eles que encarecem a produção de um filme. Então porquê gastarem-se fortunas em algo que não é visual? A não ser, é claro, que se trate de efeitos visuais especiais, como já disse sou lenta, só assim se justifica existirem. Nesse caso os apenas visuais serão aqueles efeitos que não são bem efeitos são pr’aí, representação? fotografia? truques de ilusionismo? actores que aparecem vestidos e de repente ficam nus sem nós os termos visto despir?
Ora se retirarmos todas estas coisas – os efeitos visuais especiais e aqueles que sendo visuais são ordinários o que nos resta? Os textos e a forma como são ditos. Mas isso é teatro! Nesse caso o cinema é um teatro mascarado por efeitos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Impiedosos

É fácil passar de bestial a besta. Nisso somos como as crianças – impiedosos. Derrubamos ídolos mais depressa ainda do que os fabricamos, e fabricamo-los bem depressa. Num momento estamos nas primeiras páginas de todos os jornais, nos écrans de todas as televisões com todo o tempo de antena em horário nobre, e no outro já ninguém se lembra de nós. Somos cruéis para com aqueles que idolatramos em demasia mas somos cruéis porque vivemos num tempo de pouca exigência e quem sobe com pouco cai com menos ainda.
Não há muito tempo o Herman José era o maior comediante que alguma vez pisou os estúdios da nossa televisão. Ele era inteligente, capaz, inédito em muito daquilo que fazia. Ele era Bestial.
Hoje não passa de uma Besta. Grosseiro, vulgar, preterido.
Eu faço parte do grupo que gostou muito e depois deixou de gostar e hoje, ao ver aquele anúncio em que ele aparece como Diácono Remédios lembrei-me do quanto eu gostava dele, do quanto o apreciava, e questionei-me sobre o que é que tinha acontecido com ele para eu ter deixado tanto de gostar. Tanto ao ponto de não ter um pingo de pachorra para o ouvir a dizer fosse o que fosse. Senti-me injusta. Senti que ninguém passa assim de um extremo ao outro e, se calhar, todos merecem pelo menos a oportunidade do meio termo. Agora, que passou a zanga da desilusão.
E o Herman nem sequer é o melhor exemplo daquilo que tenho estado a dizer apesar de ter sido ele a suscitar em mim este monólogo. Pior pior é o Cristiano, Deus o livre de não fazer uma temporada exemplar que toda aquela carneirada (desculpem-me o termo mas não me ocorre nenhum mais apropriado) que lhe venerou os passos no campo do Real Madrid será a primeira a atirar-lhe calhaus que o arrumarão num instantinho. Ele que se cuide…

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A Madeira é um jardim e o Alberto João um cacto

Se há político capaz de me mexer com os nervos é o Alberto João Jardim . O homem sofre do síndroma do Imperador. Desde pequeno que deve ser o sonho dele, ser Imperador de um qualquer Império e se não nos pomos a pau ainda é bem capaz de organizar uma frota e vir por esse mar fora conquistar os Açores , o Continente e sabe Deus que mais que o mundo é largo.
Agora diz que quer acabar com os comunistas e com a extrema direita, porquê?! Porque não são democratas. Vai-se a ver e deve ter sido esse o motivo por que Salazar acabou com eles também. Se o deixarmos ainda nos leva a acreditar que Salazar afinal era um democrata. De resto lábia é coisa que não lhe falta. Ainda não me decidi é se ele é mesmo inteligente ou se é só esperto e ardiloso.
Nem vale a pena sequer apelar a alguém que lhe explique o significado de democracia, ele sabe-o muito bem, como sabe muito bem que não é um regime que lhe seja particularmente grato.
Não gosto do homem nem só um bocadinho mas tenho de admitir que no fundo, cá muito no fundo, é capaz de me despertar sentimentos tão antagónicos como o desprezo e a admiração.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Neste país é fácil desaparecer

Os criminosos, diletantes, delinquentes, somem-se com uma facilidade atroz embrenhados no pinhal de Leiria; perdidos entre chaparros e oliveiras das planícies alentejanas ou mesmo entrincheirados nas encostas da Serra da Estrela – somem-se.
Por vezes somem-se mesmo por entre as povoações - nos bailes, nos mercados, nas feiras… e toda a gente os vê menos a polícia porque para estes se tornaram invisíveis e para tal se conta com a ajuda dos mestres da invisibilidade que torcem para que a polícia perca e os outros ganhem. Neste concelho onde habito, muitos dos mestres da invisibilidade andam mascarados de polícias…
Há dias, um qualquer jovem resolveu por uma qualquer razão esfaquear o dono de um estabelecimento comercial. Toda a gente sabe quem ele é. Todos o conhecem. Mas a polícia não o encontra apesar de ele frequentar todos os cantos que sempre frequentou.
Nada disto me surpreende porque há mais de 12 anos fui roubada e durante 12 anos encaminhada para perder manhãs inteiras num tribunal onde o julgamento se foi adiando por falta de comparência da ré que ninguém sabia onde estava, nem mesmo a polícia. Ninguém excepto talvez eu que me cruzei várias vezes com a dita no mercado.
Não vale a pena contar aqui a história toda, seria exaustivo e demasiado lamentável, mas uma coisa é certa, hoje em dia existem mecanismos oficiais e fidedignos para acabar com esta ordem de coisas. Contudo, para que isso aconteça, é essencial que certos abusos, interesses ou incompetências sejam denunciados e cabe-nos a nós cidadãos, fazê-lo. A mentalidadezinha do secretismo e do complot com certos membros corruptos da lei e da ordem, tem de acabar. Já nada justifica o medo da denúncia, da exposição pública daquilo que está mal.
Chegou a hora de nos mexermos, de gritarmos a nossa justiça. Chegou a hora de acabar com o cinzentismo e os jogos de interesses. Chegou a hora de assumirmos as nossas responsabilidades. Chegou a hora de sermos cidadãos e pessoas de bem. Que ninguém mais contribua para a invisibilidade de criminosos, sejam eles de que tipo forem, é o que se pede, nada mais.

P'rá frente é o caminho!

Não vale realmente a pena desesperar porque as oportunidades acabam sempre por surgir para quem luta, para quem não se resigna, para quem não cruza os braços ou esconde a cabeça com as mãos. E mesmo que algumas se percam pelo caminho, porque nem tudo se pode agarrar, outras ficarão e germinarão.
Com as oportunidades vêm as ideias e com as ideias mais oportunidades e é nesse carrocel que andamos, eu e a minha sócia, desde ontem, porque a vida não está para indolentes e nós queremos é trabalho; queremos expandir os nossos serviços; queremos singrar; queremos vencer. E venceremos. Ah pois é!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Vizinhos

Uma espanhola de Badajós comprou um dos andares do prédio onde ainda estou e mudou-se com sus hijas, unas niñas mui guapas e su pero mui pequeniño más mui palrador, para passar férias neste nosso cantinho à beira mar plantado.
Como professora todos os anos tem dois meses de férias – o Julho e o Agosto. E como gosta muito de Portugal, resolver comprar cá casa para vir para siempre passar cá estes dois meses.
Com ela vierem outros que ou compraram também, ou alugaram casa aqui perto.
Hoje acordei com buzinas a gritarem, elas a assomarem à varanda e um palavreado animadíssimo de cá para lá, capaz de ser ouvido no final da rua. Assim de repente pensei que também eu estava de férias, que tinha viajado para uma qualquer ilha e que eram horas de me levantar porque a praia gritava por mim. Afinal não, hoje até tenho mesmo é de ir trabalhar. Mas soube-me bem este acordar alegre e bem disposto dos nossos vizinhos espanholitos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

As alturas difíceis da vida...

...são aquelas em que não gostamos de nós.
Não é o que os outros dizem, pensam ou olham que na verdade nos afecta. O que nos afecta são as nossas culpas, as desilusões que sofremos acerca de nós mesmos, as nossas incapacidades, os nossos erros.
As opiniões alheias são apenas veículos para um novo olhar sobre a nossa imperfeita pessoa. É só nessa medida que essas opiniões, as alheias, contribuem para as alturas difíceis da vida.
Ao longo do tempo vamos estando mais seguros de quem somos e mais descartáveis se tornam as opiniões dos outros. Contudo, há sempre um leque de gente que pelo lugar que ocupa no nosso coração, conta. São as pessoas desse pequeno círculo as únicas que mantêm o poder de nos derrubar, ainda que temporariamente. As únicas capazes de nos fazer chorar.
Ter a noção que cada um de nós pertence a um qualquer pequeno círculo, é ter a consciência do nosso poder sobre cada uma das pessoas desse mesmo círculo. É com essas que devemos ser mais cuidadosos porque são elas as mais frágeis. No entanto são também as únicas com quem faz sentido zangarmo-nos, disparatarmos, despejarmos a nossa ira. Este é um dos antagonismos da vida e é, muitas vezes, aquele que mais nos faz sofrer.

domingo, 12 de julho de 2009

Dos pais e dos filhos

A minha filha disse-me ontem algumas das coisas que lhe vão na alma e que a trazem um pouco zangada comigo. Eu também já fiz isso à minha mãe, e arrependi-me. Arrependi-me porque fi-lo demasiado tarde, numa altura em que ela já estava algo fragilizada, porque a fragilidade é assim, decresce à medida que crescemos e volta a crescer à medida que envelhecemos. Magoei-a, gostaria de dizer - sem necessidade, mas não tenho tanta certeza assim.
Há coisas que devem ser ditas. Todos nós temos dedos a apontar aos nossos progenitores. Uns mais, outros menos, mas todos temos razões de queixa, todos sofremos ao longo da vida com erros cometidos por quem nos criou. Falar sobre eles é saudável e sinal de que foram detectados, primeiro passo para serem ultrapassados.
Uma amiga psicóloga costumava dizer, há alguns anos atrás, que “os pais, a gente leva-os para a cova…”. Não há escola de pais. Não há nada que realmente ensine como criar um filho e mesmo aqueles que têm conhecimentos de psicologia infantil, falham neste ou naquele ponto. Só à prática, à maturidade e ao bom senso se pode recorrer e ninguém a tem quando o primeiro filho nasce.
Há pouco estava aqui a pensar que quando engravidei pela primeira vez senti uma alegria tão grande, como se tivesse sido abençoada. Se pensei na criança que ia nascer? Creio que não. Como podia! Era a mim que me estava a acontecer. Eu de crianças nada percebia e sobre aquela, que crescia dentro de mim, eu nada sabia a não ser o amor imediato que senti por ela. A não ser o sabê-la minha. Ora isto é pensar em mim, não nela.
Quem tem filhos pela primeira vez não é neles que pensa, é em si. Na felicidade que reside em ter um filho, na maravilha que é gerar um ser, ensiná-lo a viver, ajudá-lo a crescer.
Quem tem um filho não pensa nos disparates que ao longo da sua vida vai fazendo, porque não faz a mínima ideia do que vai acontecer. Criar um filho é uma improvisação permanente, uma descoberta.
Não há muitos dias o meu ex-marido dizia-me que eu tinha educado melhor a minha filha do que o meu filho.
Ontem a minha filha disse-me que eu tinha sido melhor mãe para o meu filho do que para ela.
Alguém de fora dirá, com certeza, outra coisa qualquer.
As opiniões podem ser muitas, diferirem, como diferem, umas das outras, mas do que fiz e não fiz só eu posso recolher os louros. Não nego que se pudesse voltar atrás muita coisa faria de forma diferente. É natural, estou mais velha, mais sábia, mais experiente. Mas se a minha filha já chegou ao ponto de identificar o que a prejudica e de apontar o dedo à origem, então, mesmo os erros que cometi, estarão em vias de ser sanados. A maior parte de nós vive uma vida inteira com eles, sem sequer os identificar.

sábado, 11 de julho de 2009

Às vezes falo de mais!

Tenho a mania que sou esperta e que o meu sentido de justiça é maior do que o dos demais. Tenho, em suma, a mania de meter o nariz onde não sou chamada e isso, num país que se alimenta de segredos e de esconde-esconde, é fatal.
Cruzei-me com uma cara conhecida à entrada deste prédio onde habito temporariamente, ainda que o temporariamente se esteja, contra minha vontade, a prolongar… não indefinidamente, espero. Acontece que a cara conhecida só é conhecida porque pertence a um vendedor, vejam bem como é que eu já estou, reconheço vendedores em cada esquina ou então o país está a saldo e os vendedores proliferam pelo que não é nada estranho esbarrarmos com um em cada esquina. Pois que o dito, que também me reconheceu, qualquer dia sou internacionalmente conhecida por aquela que procura casa mas não encontra e quando encontra surge um obstáculo que mantém o estado de procura, como se a casa que procuro se situasse no monte Parnaso e eu para a conquistar fosse obrigada a empurrar encosta acima a gigante pedra que há-de dar lugar à sua construção. Qual personagem sísifiana… (para quem não percebeu esta parte é só consultar o mito de Sísifo, aquela história do tipo que foi condenado a empurrar eternamente um pedregulho montanha acima. Não há nada que enganar – O Mito de Sísifo.)
Mas estou a desviar-me do assunto.
Pois que me cruzei com o tal vendedor que se encontrava aqui no prédio com a estóica missão de vender um dos andares. Eu ainda não vos disse mas estão todos para venda e, quem tem seguido ultimamente este blog há-de perceber porquê. Afinal de contas de pouco mais tenho falado senão de casas, isto já parece uma novela! Prometo que me fico por aqui e que só voltarei a mencionar este tema quando REALMENTE se justificar.
Pois que ele está a tentar vender um dos apartamentos. Eu entro no prédio. Cruzamo-nos. Olhamo-nos. Reconhecemo-nos e ele pergunta – vive aqui? E eu respondo, vivo sim, e ele aponta para a parede que está a descair, para as madeiras que se estão a soltar e o que é que queriam que eu dissesse?! Ia dizer, ah não se preocupe que isto não é nada?! Não sou capaz!
Passado poucos minutos tinha a proprietária do dito apartamento a bater-me à porta. Afinal de contas eu estava prestes a estragar-lhe o negócio. Não foi essa a intenção. Até gosto dela. Mas não suporto injustiças e muito menos vigarices. Passo-me! É que me passo! Enfim, devia era ter ficado caladinha, isso sim…

Tenho uma má notícia

Foi o que ouvi da boca do agente imobiliário, logo a seguir aos bons dias, depois de entrar a porta de sorriso rasgado e de cheque em punho.
Estava combinado para hoje às dez e meia. Ver a casa pela segunda vez, mostrá-la à minha mãe, deixar o cheque de reserva e compilar todos os documentos necessários para pedir ao banco que a fosse avaliar. O preço já tinha sido negociado e acordado entre todas as partes interessadas.
- A senhora desistiu da venda, comunicou-me o vendedor com um olhar abatido, disse que se a senhora quisesse lhe explicaria os motivos na primeira pessoa.
Quero lá eu! Desistiu, desistiu, ponto final. A casa é dela, ela é que sabe.
Esmorecida sentei-me no carro e liguei o rádio. Vai começar tudo de novo, pensei. Isto não está nada fácil…
E o rádio respondeu-me com esta música. Ah! Pois é! Foi isto exactamente que nesse momento começou a tocar. É claro que não pude deixar de sorrir…

Alguns conselhos para alguns vendedores

Conversa do vendedor:
Não se comprometa com nenhuma casa sem ver esta primeiro. Vai adorar. É um primeiro andar com uma varanda muita jeitosa, boas vistas. O prédio é muito bonito. Não tem elevador mas é só um lance de escadas. O proprietário é um emigrante que enviuvou há pouco tempo , o filho foi viver para outro lado e ele prefere ficar na moradia que tem. A casa era para o filho mas ele já não a quer. O homem fez obras. Pôs tudo novo. A cozinha nem foi usada. Está impecável. É uma casa muito agradável. Não é muito grande mas é muito bonita e está praticamente nova.
O que eu vi:
Um prédio com muito mais de vinte anos. Dois lances de escadas. Uma varanda simpática com vistas simpáticas. Uma casa com os estores todos avariados; uma tranca na janela da cozinha porque o fecho está partido; um frigorífico cheio de bolor; uma casa-de-banho sem banheira; armários do século passado; uma despensa com duas bilhas de gás ligadas a um tubo que atravessa “a céu aberto” a parede que vai dar à cozinha; um fogão antigo encostado à parede; um exaustor velho; uma bancada recente assente em móveis recentes, mas feínhos.
Em suma – uma casa a precisar de obras, com boas áreas, ao contrário daquilo que me foi dito, num prédio mais do que sofrível.
Passei grande parte do tempo a pedir aos santinhos que o vendedor se calasse por um bocadinho porque já não o podia ouvir, e fiquei com pena do proprietário, um velhote mais do querido, convencido que tem ali uma coisa maior do que aquilo que realmente tem, mas isso é normal, as nossas casas valem sempre mais para nós do que para quem as compras, eu sei disso já vendi duas.
Senhores vendedores:
-Não falem mais do que o necessário porque a partir de um determinado momento tudo o que dizem só abona a vosso desfavor.
-Não tratem os clientes como se eles fossem atrasados mentais porque podem não ser.
-Sejam humildes e, sobretudo, não criem falsas expectativas.
-Revejam os vossos gostos ou não os manifestem porque se há coisa subjectiva é o gosto de cada um.
Ainda não foi desta. Hoje vou ver outra, pela segunda vez. Deus me livre de entusiasmos antecipados, mas vou vê-la pela segunda vez e isso quer dizer qualquer coisa. A ver vamos, como dizia o ceguinho…

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Gato escaldado de água fria tem medo

Isto de ser mãe é muito complicado, principalmente quando a filha anda por esse país fora e até já teve um acidente e sabe-se lá o que é que pode acontecer e por mais que me tente controlar o coração dá saltos se ela não atende o telefone até porque a reportagem estava marcada para o meio-dia, lá para trás do sol-posto, e eu comecei a ligar ainda não eram onze horas e nada, nada meu Deus! e eu a ficar cada vez mais ansiosa mas porque é que ela não me atende o telefone, porquê?! E vai de ligar para tudo quanto é gente e vai de chatear tudo e todos até que houve alguém que lá me acalmou, afinal a reportagem teve de ser antecipada e passou para as onze, bolas que eu já estava para aqui em desespero. Valha-nos que é a última, pelo menos para já que eu ainda não recuperei do susto do pé partido que podia ter sido bem pior. Graças a Deus que não foi.

Isto de ser mãe tem muito que se lhe diga e não me venham cá dizer que é só enquanto as crianças são pequenas que não é nada, quando crescem é pior ainda porque fogem completamente ao nosso controle, sim eu sou controladora, às vezes…

Sobrou p'ra mim...

Pois claro! Com tanto estardalhaço, tanta demolição, tanto batuque, tinha de dar bronca. E sobrou para mim!

Acontece que as obras, afinal, não são no prédio ao lado. São mesmo por cima da minha cabeça. As movimentações do prédio vizinho não passam de simples pinturas. A guerra, a verdadeira, a demolidora, está mesmo por cima da minha cabeça e as criaturas que a estão a levar a cabo esqueceram-se reparem, esqueceram-se de fechar a água enquanto arrancam pias, banheiras e sabe Deus que mais.

Pois estava eu a tentar ignorar, se é que isso é possível, o bum bum bum do martelo pneumático, distraindo-me com a costumada leitura leve que gosto de ter em circunstâncias especiais em que preciso de me descontrair, quando, vinda do espaço que é como quem diz, do tecto, uma gota de água aterrou na minha mão, e outra em cima do bidé, e mais uma do outro lado, e mais outra, e outra, e às tantas olho para cima e nem queria acreditar, chovia-me em casa imagine-se num dia de sol como hoje!

Lá se foi a minha boa acção. Vai de subir as escadas, vai de alertar os trabalhadores, olhe que está a chover na minha casa e um deles com cara de parvo, a chover? Exactamente. Epá fecha a água!, gritou ele lá para dentro. Então vocês mexem em canalizações sem fechar a água?! Desculpe lá, foi esquecimento. Encolheu os ombros e revirou os olhos como quem diz, foi o atrasado mental do meu colega, aquela besta!

E pronto. Resta-me esperar que seque e que pouco ou nada tenha ficado depositado no falso tecto de alumínio onde a água quando cai faz-nos acreditar que uma qualquer tempestade rebentou, tal é o eco que reproduz e lá vou eu ver mais uma…é que se me vejo livre desta até penso que é mentira. O senhorio que os ature que eu já tenho a minha dose. Este prédio tem cancro digo-vos eu. São problemas atrás de problemas e eu que ainda cheguei a pôr a hipótese de ficar com esta casa. Irra! É que não são as obras do vizinho. Isso acaba e sempre são melhoramentos, mas ainda ontem vieram cá da companhia das águas para mudar o contador e não o puderam fazer porque os canos estão podres. Num dos apartamentos do rés-do-chão abateu o chão da sala. Abateu completamente. Desapareceu nas fundações! Ah pois é! Só espero que a Terra não se lembre de tremer aqui para estes lados…pelo menos enquanto eu cá estiver…dassssssssssss.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Das crenças e das religiões

As religiões, as crenças, as práticas esotéricas, as ligações com o divino não servem para nada se não servirem para nos transformar em pessoas melhores. Mais humanas, mais tolerantes, mais justas.
Cada vez suporto menos aqueles que dedicam parte do seu dia a falar com um qualquer deus, a fazer-lhe promessas e a bater com a mão no peito, mas que depois são bem capazes de dizer mal do vizinho, de lhe riscar o carro, de insultar um qualquer transeunte, de virar as costas a um amigo porque não pensa, não vive e não sente como ele. Praticantes de uma qualquer religião, seja lá ela qual for, que julgam com a maior das facilidades os comportamentos alheios, são ignorantes, limitados, preconceituosos, poucochinhos.
A religião é um dos vários caminhos para o conhecimento. Se é comummente utilizada para preservar a ignorância é uma falsa religião encabeçada por gente que não vale nada e cujo único objectivo é, mais uma vez, o poder.
Aliada à ciência, a religião pode abrir muitas portas e responder a muitas perguntas, tal como a filosofia.
Juntem-se as disciplinas, cruzem-se as descobertas, abram-se as mentes e, quem sabe, poderemos, enfim, voar.

Vivemos num mundo do salve-se quem puder...

...num mundo em que a agressividade é fundamental. Se queremos singrar temos de ser agressivos. O mercado é agressivo, a competição é agressiva, a concorrência também.
É claro que ainda não chegámos ao ponto de esbofetear o potencial cliente, mas já estivemos mais longe. A mim já me desligaram o telefone à simples pergunta, porquê eu?!
O telemóvel toca a qualquer hora, seja para receber sms ou chamadas de números não identificados, chovem as promessas de mundos e fundos.
O meu tocou hoje e do outro lado da linha uma mais ou menos simpática senhora anunciou-me que tinha um cheque de 250 euros passado em meu nome para eu gastar nos serviços da empresa que ela representa, quando eu quiser e no que eu quiser. À pergunta porquê eu, ela respondeu que não era a única, que estavam a oferecer a mais clientes. Quando lhe disse que não sou cliente, respondeu-me que já fui. É verdade. No século passado. Quando lhe perguntei quanto é que me iria custar a sua extraordinária amabilidade, engasgou-se, mudou de tom e exigiu-me, e exigiu-me é o termo correcto para o tom que utilizou, que eu marcasse um dia para levantar o dito. Voltei a perguntar quanto me custaria. Gaguejando respondeu que o cheque se destinava a ser partido em postas que serviriam como desconto nos serviços que eu, evidentemente, contrataria.
Muito obrigada, respondi, não estou interessada.
Nem bom dia nem boa tarde, pimba – desligou o telefone.
Outra chamada recorrente é a de uma brasileira, e creio sinceramente que é sempre a mesma, a quem eu já ameacei mas que não serviu de nada, que pergunta agressivamente se eu sou cliente de uma determinada companhia de comunicações. Ora se ela trabalha realmente para essa companhia tem obrigação de saber se eu sou ou não cliente. Pois parece que não sabe. Utiliza um nome que a empresa já não tem e tenta tirar nabos da púcara. Quer vir cá a casa dar assistência a um qualquer problema que ela diz existir mas que eu não detecto.
O que me preocupa não é que façam isso comigo que com eles posso eu bem, já os topo à légua. Mas os meus pais têm quase 80 anos e como eles há muitos por este país fora sedentos de conversar com alguém. Se o telefone deles toca deliram com a conversa, vão atrás dela e vai de dar informações que não podem, não devem. Às tantas já esta chentinha sabe a que horas estão e não estão, se vivem sozinhos ou acompanhados. Cambada de vigaristas. Gente má que não tem escrúpulos nenhuns. Gentinha perigosa. E a quem é que uma pessoa se pode queixar? A ninguém. Ao fim e ao cabo as informações foram dadas de livre vontade, a porta foi aberta, não foi arrombada.
Resta-nos alertar os velhotes, se é que eles nos ouvem, e rogar a este tipo de gente todas as pragas do mundo.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Vamos lá a tomar mais banhinho, sim?

Para não ser acusada de falar apenas de comida, hoje vou falar de uma coisa totalmente diferente – a bebida.
Existem, como todos sabem, várias espécies de bebida mas há uma que todas as outras contêm e que é evidentemente essencial – a água.
Se eu gostava que pudéssemos viver sem comer o mesmo não sinto quanto ao beber.
Não há prazer maior do que sentir a água a escorrer pelo corpo, pela alma. Sim sim, eu sei que existe gente que diz não gostar deste maravilhoso líquido. Posso aceitar, eu aceito e acredito em quase tudo, mas não posso compreender. Como é que é possível não se gostar de um elemento que é maioritário na nossa constituição?! Como é possível não se gostar de um duche? De um banho?
É claro que da chuva pouca gente gosta, especialmente se for apanhada de surpresa, sem protecção. Mas só não se gosta da chuva porque é fria, vem em tempo frio e quando a apanhamos estamos vestidos. Não é da chuva que não se gosta, é do efeito húmido que tem nas roupas que vestimos, porque se pudéssemos andar nus e estivesse muito calor, abençoá-la-íamos.
Existe alguma coisa melhor do que uma cascata de água a escorrer pela garganta de alguém que tem sede? Não. A não ser, talvez, uma cerveja gelada mas até essa tem água, admitam.
Existe alguma coisa melhor do que um mergulho no mar ou no rio quando se tem calor? E um banho de cascata? nadar num lago onde ela cai? Ou mesmo um duche, à falta de melhor…é ou não é senhoras e senhores que não gostam de água. É pois. Até porque sem água a vossa pele seca, os vossos órgãos secam e, com este calor todo, sem águinha nenhuma não se pode com o cheirito. É que cada vez que o sol bate nas cabecinhas de quem não gosta de água, quem está por perto é que sofre as consequências. E desagradáveis que elas são…desagradáveis…

Oração sincera, pedido urgente

Diz que para ganharmos o céu temos de praticar pelos menos uma boa acção por dia. É o que eu estou a fazer hoje ao suportar estoicamente o barulho insuportável das obras do vizinho de cima do prédio ao lado. Ainda não gritei, não barafustei, não fui lá chamar-lhes todos os nomes disponíveis no mercado e neste entretanto o chão treme debaixo dos meus pés, as paredes vibram enquanto outras são deitadas abaixo, soalhos arrancados, banheiras demolidas.
Tento, com todas as minhas forças, concentrar-me na felicidade dele ou dela, não faço a mínima ideia. Ele, ou ela, que vai ter uma casa nova novinha enquanto eu endoideço nesta que me grita a toda a hora que é tempo de abandono, que já ia pregar para outra freguesia se outra freguesia me aparecesse e não há meio.
Não consigo ouvir o canto do Ernesto, o canário. Não consigo ouvir o meu filho que encostado a mim grita qualquer coisa enquanto eu repito, O QUÊ?! O QUÊ?! NÃO OIÇO NADA!!!
Espero sinceramente que as obras acabem antes de darmos em doidos, tal como espero que Deus lá do alto contabilize, como deve ser contabilizado, este sacrifício desmedido e me compense em tempo útil com uma casa melhor, mais sossegada, mais fresca, mais minha. Ámen.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Nunca lhes passou pela cabeça...

...que esta nossa necessidade de nos alimentarmos é de facto sinal de primitivismo? Que se fossemos realmente criaturas evoluídas não precisávamos de nos empanturrar com tudo aquilo que determinámos ser comestível?! É que ainda por cima nem critério temos, ao contrário de outros animais que são herbívoros, carnívoros, insectívoros, nós somos o quê?! Omnívoros, pois claro. Todos os outros vêem a classificação inspirada no tipo de alimentos, nós tivemos de inventar uma inspirada em nós mesmos.
Somos alarves, tão alarves que a única possibilidade de inspiração somos nós! Alarves e vaidosos! Temos a mania que somos bons! S-U-P-E-R-I-O-R-E-S! YEAH!!!
Se fossemos realmente criaturas evoluídas nem sequer precisávamos de nos alimentar. Podíamos muito bem viver de ar e vento, e sol. Isso sim, seria económico e faria com que nos sentíssemos parte da natureza. Parte integrante, claro.
Para além disso, se não precisássemos de comer não precisávamos de c….
Isso sim, seria M-A-R-A-V-I-LH-O-S-O! Um mundo sem dejetos, sem necessidades. Um mundo de almas livres e auto-suficientes. UAU!!!
Pois eu acabei de me empanturrar com meio frango e haviam de ver a figura! Degradante! De ossos em punho como se não houvesse amanhã. Tipo cão esfomeado mas menos honesto, já que se fosse cão fá-lo-ía em público. Experimentem olhar para vós mesmos quando estão esganados e sozinhos nos vossos cantinhos a saborear um acepipe. Há lá imagem mais deprimente!
E quais são os animais que nos acompanham nesta cruzada? Quais? Os macacos; os porcos, ah pois é…; os ursos, e pouco mais…
Feios, porcos e maus.

E quando eu julgava que já tinha visto tudo...

…eis que deparo com o ex libris das construções lusas – um andar com churrasqueira na varanda do quarto.
Exactamente. Na varanda do quarto. Tão contíguo, mas tão contíguo ao roupeiro que com ele se geminaria não fosse aquele bocadinho de parede que sustenta a porta e que separa o quarto da respectiva varanda.
Um prédio novo, tão novo que ainda ninguém lá habita, num bairro novo construído junto a um jardim de dimensões generosas e de um complexo de piscinas com muitíssimo bom aspecto. Isto para não se pensar que é um empreendimento de casas económicas. Não é.
O respectivo prédio, como de resto todos os outros, está equipadíssimo. Desde o vídeo porteiro, ao gás natural, às portas blindadas, às cozinhas todas equipadas, às instalações disto e daquilo, música, aspiração, blábláblá... Ao inteligentíssimo construtor não faltou sequer a ideia de instalar em cada fracção um sistema de alarme, coisa que eu ainda não tinha visto e já vi, acreditem, muita coisa, e uma churrasqueira…na varanda…do quarto.
Uma churrasqueira meus senhores! Não é um simples fogareiro. É uma churrasqueira daquelas mesmo grandes, feitas de tijolo burro e com prateleira para o carvão!
Eu não sabia se havia de rir se de chorar. Já me imaginava a atravessar o aposento com o tabuleiro da sardinha assada. E se tropeçasse?! E se os bichos se estampassem todos na colcha que veio das índias?! Será que teria direito a indemnização? Mas que raio de arquitecto é que teve esta brilhante ideia?! AH! E mais! Reparei que na cozinha, havendo de tudo não havia micro-ondas. Pois claro, com uma churrasqueira quem é que precisa de micro-ondas? Quando perguntei ao construtor, só por curiosidade porque é que o senhor não pôs micro-ondas na cozinha, ele respondeu-me que era muiiiiiiiiiiiiito caro. Fiquei a olhar para ele com cara de parva e nesse preciso momento acreditei que algo de errado me tinha acontecido. Provavelmente no meio de um qualquer colapso do qual não tinha memória, fui parar a outra dimensão, aquela onde os micro-ondas custam fortunas e as churrasqueiras pertencem às varandas dos quartos.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Do meu país

Confesso que sou uma portuguesa de gema. Mas alturas há em que me sinto num país tão mesquinho, tão pequenino, que só me apetece virar as costas, baixar os braços, tentar a sorte longe daqui.
Sei que não passam de momentos, que dificilmente seria feliz longe dos que amo, longe de Lisboa. Até porque já tive essa experiência e ainda que me tenha dado muito bem só me dei bem porque a sabia temporária.
Continuamos a ser um país onde a incompetência grassa, onde o respeito por quem trabalha é praticamente nulo, onde os empregadores não exigem apenas o que lhes é devido querem a nossa alma. Serem donos de cada um alimenta-lhes mais o sentido do poder do que serem gestores de uma firma que cumpre, de forma competente, com os requisitos sociais, morais e económicos pelos quais qualquer país civilizado anseia. Vivemos de lobbies, de pequenos nichos de mercado, de pequenas ditaduras sinistras e encapuçadas. A sensação que tenho é que o sonho de quem pode é ser dono do todo que cada um é. Do nosso tempo, do nosso espaço, da nossa vida. E tudo isto por meia dúzia de patacos que nos mantêm dependentes, submissos, vencidos.
Todos os dias nos debatemos com obstáculos sem sentido, dispensáveis. Saímos de casa como que para mais uma batalha e as batalhas não são construtivas. As batalhas só fazem sentido pontualmente. Não podem constituir um modo de vida.
Momentos há em que, de cansada, só me apetece ir à guerra. Talvez assim se acabe de vez com estas mesquinhas, diárias e pequenas, batalhas.

A Minha Realidade

Eu tenho uma enorme capacidade para sonhar e para acreditar. É essa a minha força, o meu trampolim.
Mas da mesma maneira que me faz andar para a frente, esta capacidade também me puxa, às vezes, para trás. É quem mais sonha e acredita que mais facilmente se sente ludibriado. E quanto mais alto se sonha maior é o impacto quando se cai. E quanto maior é a força com que se acredita, mais densa a desmotivação quando a crença vacila.
É esta a minha luta, acreditar que sou feliz, que tenho o que preciso, que nada me vai faltar, que tudo vai bem. Pouco importam as aparências. O que importa é a minha realidade, aquilo em que acredito, porque acredito que é ela que constrói o meu dia a dia. Ela, a minha realidade.

Karmas

Existe nas mulheres da minha família uma incapacidade crónica para se apaixonarem. É genético. Não há volta a dar.
Momentos há em que a coisa parece estar mesmo mesmo para acontecer, só que logo a seguir ele arrota, ou cospe para o chão, ou olha para nós com aquele olhar de carneiro mal morto, ou comenta o rabo que acabou de passar e pronto, está tudo estragado. É como se uma nuvem negra viesse tapar o sol que estava quase quase a aparecer. A partir desse momento é sempre a descer. Cada defeito é um drama, cada dia um esforço, cada jantar um adiamento.
No nosso coração já sabemos que a coisa acabou mas temos sempre aquela esperança que não, que pode ainda ser que as coisas se componham e quando damos por nós, só a presença incomoda.
E não são só as mais novas porque daquelas que rondam hoje os 80 anos, e sim é uma família maioritariamente feminina, metade divorciaram-se! A outra metade não tem sido muito feliz, diga-se em abono da verdade, nem mesmo a minha mãe que tanto se tem esforçado, ainda que por motivos diferentes.
Provavelmente tudo começou com a minha avó que foi tão mal tratada que deve ter amaldiçoado todos os homens das nossas vidas sem saber que, na verdade, nos estava a amaldiçoar a nós.
Há mulheres que se queixam da incapacidade que os homens têm de manter uma relação. Nós nem lhes damos essa oportunidade. A maioria das vezes somos nós que corremos com eles.
Se somos felizes? Não creio. Mas quem o é?! De facto vivemos na esperança, independentemente da idade de cada uma, de que um dia apareça um príncipe encantado que quebre o feitiço. Até lá, há aquelas que se vão contentando com duques e aquelas que não se contentam com nada.

domingo, 5 de julho de 2009

Novas leituras

Comecei ontem a ler esta menina e acabei hoje. Agora mesmo.
Gostava de poder dizer que não me surpreende o facto de a ter lido de enfiada, num só fôlego, mas supreende-me. À parte aqueles que tenho de ler porque de trabalho se trata, há muito tempo que não lia um livro tão depressa. Há muito tempo que não me dava tanto prazer ler um livro. Há muito tempo que não me divertia tanto. Há muito tempo que não sentia esta espécie de ciúmes, que na verdade é inveja por já não ter 20 anos, por ter perdido a frescura e o desaforo ou por, na verdade, nunca os ter tido já que cresci noutros tempos o que me levou a sentir que se foi bom ter 20 anos, agora é, apesar de tudo, muito melhor para quem os tem.
Há pessoas que não precisam de se fazer porque já são. A Ana é uma dessas afortunadas. Vou ficar à espera de mais. Quero mais. E livros se faz favor.
Não é todos os dias que alguém tão jovem cativa leitores enfim…menos jovens. A minha mãe passou cá por casa hoje, deu uma vista de olhos e fez-me prometer que assim que o acabasse lho passaria. Amanhã já lho levo, evidentemente.
Obrigada minha querida. Fizeste-me sorrir, o que começa a ser coisa rara e prendeste a minha atenção, o que é cada vez mais difícil. Não bocejei e não estive em esforço, salvo nos momentos em que fui obrigada a interromper a leitura por valores mais altos que sempre se vão levantando, e isso, ainda que não pareça, é muito significativo. Se o livro tivesse o dobro das páginas eu não teria ficado desagradada.
Venha outro.

sábado, 4 de julho de 2009

Tristes realidades



Confesso que quando vejo estas coisas fico um bocadinho envergonhada. Vocês não?

Esta merda está feita para quem tem dinheiro

Quem tem dinheiro senta-se em cima dele e diz, não vendo, não vendo enquanto não me derem o que eu quero. Quem não tem vai baixando, baixando até o cu lhe aparecer. Diz que foi assim que os Alemães perderam a guerra, mas eles mereciam. Quem não tem dinheiro, não.
Quem tem dinheiro tem os bancos todos dispostos a financiar o que não precisa de ser financiado. Quem não tem é obrigado a subir a parada, não tem outro remédio senão aceitar as taxas mais altas, os custos maiores e bater palmas de contente por conseguir que quem o tem financie uma coisa que afinal de contas sabe Deus quando será realmente sua…
Num mundo perfeito quem pode teria a obrigação de REALMENTE ajudar quem não pode ou pode menos.
Na nossa busca pela perfeição esquecemo-nos do mundo!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Teste


Acabei de testar os meus limites. Uma caixa e meia para ficar REALMENTE cheia e poder dizer: - Não me apetece mais.
Percebi outra coisa muito engraçada - se o tirar da caixa para uma tigela como muito mais do que se o comer directamente da caixa.
Para a próxima já sei, começo logo a comer da caixa. Pode ser que fique cheia com metade do que comi hoje.
O importante é não ficar com aquela sensação de que só não como mais porque não devo. É que na verdade não encontro justificação plausível para esse Não Dever. Portanto, comê-lo-ei sempre até me fartar. O segredo é fartar-me o mais cedo possível.

Procura-se casa que não precise de obras, com vistas e espaço(s) exterior

Recomeçaram as andanças para a escolha de casa. Ontem vi três que me deixaram a pensar mas isto é tudo muito difícil!... se tem varanda não tem vistas, se tem vistas não tem varanda e eu não posso comprar nada sem espaço exterior. Sinto-me claustrofóbica! Já avisei os vendedores de que mais do que procurar casa eu ando à procura de rua. Não compro nada que não tenha uma varanda, um terraço, um quintal... mas de que me serve um quintal que está metido entre paredes?! de que me serve uma varanda tão estreita que nem uma cadeira lá cabe?!
Ele há muita coisa para vender. Eu é que sou esquisita e tesa! Essa é que é essa! Gosto do que não posso e posso o que não gosto!
Isto é tudo muito difícil...mas como o esforço sempre acaba por compensar, cá continuo na minha busca porque sei que algures por aí anda a casa que me está reservada e quantas mais eu vir mais perto ficarei de a encontrar.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Mudam-se os tempos...

Se de Inverno só ando bem de calças, de Verão só ando bem de saias.

Este é um dos privilégios de ser mulher.

Lembro-me que não há tanto tempo assim, se fosse há muito eu já seria velha e não sou, era praticamente proibido as mulheres vestirem calças. Isso mesmo, proibido. Não podíamos ir de calças para a escola! Não podíamos entrar de calças numa igreja e se uma mulher andasse com as ditas pela rua ou no mercado não faltariam olhares daqueles que só não matam se não os virmos.

Nas escolas havia ginástica para todos mas os equipamentos femininos eram constituídos por saias por baixo das quais se vestiam uns culottes da mesma cor, horrorosos, largos e cheios de elásticos para confundir os olhares na hora de fazer o pino.

Era rara a mulher que trabalhava e poucas as que estudavam, a 4ª classe como escolaridade mínima não se aplicava às mulheres. Se uma mulher quisesse sair do país precisava de uma autorização do pai ou do marido, até porque não tinha direito a passaporte independente. Tal como as crianças, figurava no passaporte do chefe de família. O voto foi, como muitas outras coisas, uma conquista pós 25 de Abril.

Quanto a salários iguais para cargos e responsabilidades iguais, acredito que ainda temos muita luta pela frente porque uma coisa é a teoria, outra a prática.

As mulheres foram submissas durante muitos séculos. Já o não são. Pelo menos na teoria…

O facto é que as histórias de violência doméstica continuam a existir e em gente que não viveu nada disto. Mulheres novas que se deixam violentar, física e psicologicamente, acreditando tratar-se de uma fase que passará.

Nós temos uma memória à qual há quem chame “de espécie”. Nos genes que nos vão sendo transmitidos vêm recordações que não são nossas, dizem. Por outro lado há ainda quem acredite na reencarnação e nas marcas que ficam de todas as experiências vividas nas vidas anteriores. Seja de uma forma ou de outra, ou de ambas, penso que é indiscutível que nos nossos subconscientes habitam saberes e viveres mais vastos do que aqueles que os nossos conscientes alcançam. Talvez seja aí que reside a revolta das mulheres bem como a sua tendência para confundirem amor com submissão.

E é nesta dicotomia que vivemos ainda. No meio deste antagonismo amor/ódio.

Há quem afirme peremptoriamente que as mulheres são tão responsáveis como os homens pela sua condição ao longo dos tempos. Pode haver alguma verdade aí, ou talvez não…mas isso ficará para um outro texto, que este já vai longo.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Crackers

Ando há dias a tentar combater com todas as armas que tenho um vírus que me invadiu o computador da empresa.
Sim, tenho anti-vírus. O melhor do mercado segundo me disseram. Comprei-o, instalei-o e este filho da mãe que entrou sem licença disfarçado de anti-vírus neutralizou as minhas tropas como se de uma chusma de maçaricos se tratasse.
Será que esta gente não tem nada que fazer?! Porque é que estes crânios não se dedicam a construir em vez de destruir?! Já que são TÃOooooo inteligentes, construam! Deixem lá viver quem precisa de trabalhar!
Se o vosso problema é tempo a mais, brinquem com a pilinha. Diz que é giro e não chateia.

Requiem por Pina Bausch











Dormi tão bem quanto pode dormir uma pessoa com oito fios, sim, afinal são oito, pendurados pelo corpo, uma cinta à cintura e um aparelho que sempre pesa algumas gramas. Só me lembrei daquelas pessoas que nas camas dos hospitais não se podem mexer, ligadas às máquinas.

Acordei com uma valente dor de cabeça e a primeira notícia que ouvi foi a da morte de Pina Bausch. Fiquei triste. Não foi só o mundo da dança que perdeu com esta morte, fomos todos nós. Foi a Arte e a Cultura.

Sorte têm os que já passaram para o outro lado porque uma mulher como esta continuará a dançar esteja onde estiver.

Requiescat in pace.