quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Notícias de última hora e, à pressa...


Unhas numa lástima; dois dedos com cortes; vias respiratórias numa notável resistência ao pó, sucumbindo apenas aqui e ali – nunca pensei que funcionassem tão bem em tempos de crise. O cabelo!...enfim…se em condições normais sabe Deus…
É o pior acampamento de sempre! Nunca uma mudança de casa proporcionou um estado intermédio acampamento/armazém como esta! E tudo indica que se prolongará por mais tempo do que o desejável.
A biblioteca sofreu mais uma razia. Nada como um  recomeço para empandeirar aqueles que afinal não interessam a ninguém, mais aqueles que afinal não merecem ser revisitados.
Sem internet ou telefone, aguarda-se pacientemente o regresso dos técnicos cuja autonomia deixa muito a desejar.
Entretanto, e para não cair no esquecimento, vou aproveitando os pequenos intervalos fora de casa para textos como este – telegráficos.
Saudades da normalidade.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Uma história dos diabos



E pronto. Cumpriu-se qualquer coisa a que se poderia chamar destino, já que fado transporta uma conotação pesarosa, arrastada e algo triste. Destino é mais leve, traz sempre agarrado a si o livre arbítrio, que é como quem diz – é o que nós quisermos. Ou desígnio. Desígnio talvez seja mesmo o melhor – cumpriu-se o desígnio e amanhã lá me mudo para o pé dele.

Há coisas que nem se pensa revelar por não se saber bem como. Se se diz isto as pessoas podem ficar a pensar aquilo e se o dito for aquilo, nada garante que as pessoas não se fixem no isto.

Há cerca de 40 anos os meus pais levaram-me a ver uma peça de Tchecov, As três irmãs, representada por um grupo de amadores que mais tarde viria a dar actores de gabarito ao teatro português. Connosco ia um rapaz, filho de uma família vizinha e que, por ser aluno interno do Colégio Militar, só víamos aos fins-de-semana. Foi o meu primeiro namorado. Daqueles que nos vão levar a casa, nos dão a mão e, num momento de loucura, se atrevem um pouco mais e nos beijam de uma forma tão estranha que ficamos sem saber se sim, se sopas.

No intervalo da peça, um grupo de curiosos locais muito mais atrevidos do que nós, invadiu o recinto e um deles encantou-se comigo. Tanto andou, tanto andou que acabámos por casar. Não durou muito, mas casámos.

Anos mais tarde contraí aquele que considero o meu matrimónio. Durou cerca de vinte acidentados anos e dele fizeram parte dois filhos que são a luz dos meus olhos.

Estou só, há sete ou oito anos. Enfim, lá vou namorando que eu sou de namorar, mas nunca mais partilhei gavetas, e nem armários, com homem nenhum.

Até amanhã. Amanhã, pelas nove da manhã, hão-de cá vir uns senhores para me levar a mobília, e as malas, e as loiças, para casa daquele rapaz, filho de uma família vizinha e que, por ser aluno interno do Colégio Militar, só víamos aos fins-de-semana.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

C de carniceiro, de cabrão, de cornudo, de capado de tudo o que de pior existir a começar por C. C de câncer


Entrou na família pela porta materna, no tempo dos meus avós. Apanhou-me o avô e uma tia-avó e, não satisfeito com o resultado, veio atrás das tias e de uma prima. Tem-se acomodado mais ou menos nos mesmos lugares ainda que com forças diferentes, o filho da puta, mas em todas tem sido capaz de comer carne, carniceiro que é.

Tempos houve em que o olhei no rosto e pensei que não tinha critério. Mais tarde vim a acreditar que afinal talvez embirrasse com os mais mal dispostos. Hoje confirmo que não tem critério. Não tem critério, nem piedade nenhuma. Não tem compaixão. É cego e surdo. E na sua cegueira destrói vidas que eram lindas até à sua chegada.

Tenho por ele uma raiva cega. Percebo-o hoje. Uma raiva atroz, demente, terrível, imensa, mais do que medonha. Tão grande que só me apetece desafiá-lo como se desafia um touro. Gritar-lhe que venha, que enfrente a minha raiva, contanto que nunca mais, mas nunca mais, toque em quem ainda não viveu.

Família não são apenas os que connosco partilham o sangue. São também aqueles que vimos crescer ao lado dos nossos filhos e eu hoje estou destroçada. Mas quero, e posso, pensar em todos aqueles e aquelas que o venceram, absoluta e totalmente, e acredito que é assim que vai ser, também agora. Mais uma vez.

Nós, nos olhos dos outros


Corremos sérios riscos de imprecisão quando descontextualizamos acontecimentos e continuamos a corrê-los quando os contextualizamos exclusivamente na nossa verdade, na nossa realidade. Qualquer acontecimento tem, pelo menos, dois contextos, a não ser que seja um acontecimento de um só protagonista o que é perfeitamente possível. Sempre que adentro (1) no mar, por exemplo, o que me acontece tem apenas uma verdade. Contudo, no momento em que alguém me avista, passa a ter duas. E raramente se assemelham.

Creio que nenhum de nós faz a mais pequena ideia do aspecto que tem quando visto por outros olhos. Não há espelho que nos valha. Nunca o saberemos, nem através da mais minuciosa descrição ou do mais fiel retrato do mais exímio dos pintores. Os nossos olhos, ao olhar esse retrato, não são os mesmos com que o pintor nos viu e nem o nosso entendimento se assemelha à visão que um outro se esforça por nos dar na sua minuciosa descrição de nós.

A verdade – eis algo que não existe.

Existe, isso sim, a necessidade de abrirmos a nossa compreensão ao maior número possível de verdades. De nos esforçarmos, o mais que pudermos, para vermos o mais nitidamente possível verdades que não são as nossas e que talvez nunca adoptemos como tal mas que não deixam, por isso, de ser verdades. Assim como existe a necessidade de tomarmos cada vez mais consciência da fragilidade das nossas verdades, que hoje são umas e amanhã outras, bem como da sua validade – só nos servem a nós e a quem achar, como eu, que a sapiência está no número de verdades reconhecidas.


(1) Termo inventado por Mia Couto e que se me entranhou pela precisão

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Resposta a um amável leitor que deixou dois comentários que eu não publiquei por estarem fora de contexto


Gosto de literatura. É uma paixão como outra qualquer. Não é que dela saiba muito. O meu filho, pelo contrário, é um especialista. Conhece tudo quanto é autor e obra, filosofia, corrente de pensamento… Eu, limito-me a beber o que escrevem quando com eles me identifico ainda que nem sempre tenha presente o porquê. Bebo-lhes as palavras e faço-as minhas. Adapto-as às minhas realidades, às minhas verdades. Vivo com elas as coisas minhas, não as dos autores que não conheço ou conheci e cujos sentimentos ou estados de espírito nem me atrevo a imaginar. Aliás, já na faculdade eu embirrava solenemente com os formalistas que se acreditavam capazes de retratar psicologicamente autores que já cá não estão para se defenderem.
Assim, agrada-me sobremaneira sentir que, melhor ou pior, lá vou sendo capaz de despertar sentimentos com as minhas palavras. Não façam, contudo, confusão – nem sempre o que digo corresponde ao que vivo porque nem sempre, às vezes quase nunca, a nossa vida interior está ligada à mundanidade do quotidiano.
Ainda assim, todos temos coisas para contar e por muito que gostemos de apregoar a ausência de arrependimentos, todos temos de que nos arrepender e, por isso, todos temos culpas e necessidade de perdão.
A grande diferença, talvez, está na direcção que damos às nossas zangas. Uns sabem que são os principais responsáveis por elas, outros gostam de acreditar que a responsabilidade é do mundo. Outros ainda, vão repartindo responsabilidades de forma mais ou menos harmoniosa.
Eu, por exemplo, considero que fui, na minha infância, vítima neste ou naquele momento. Vítima da ignorância de uns e da loucura de outros.
A idade adulta é outra conversa. Existem, creio eu, personalidades que se prestam à vitimização, tal como outras se prestam à agressão alheia e umas dependem das outras. Se é verdade que não há vítimas sem agressores, o contrário não é menos real e, exceptuando aquelas agressões pontuais e inesperadas que qualquer um pode sofrer se estiver no lugar errado à hora errada, as outras, quando perpetuadas, só o são se ambos, agressor e agredido, pactuarem na sua continuidade.
Isto para dizer que eu, ao contrário do que possa ter dado a entender no meu texto anterior, não tenho alma de vítima e se no passado vivi momentos mais quentes, participei neles em pé de igualdade pelo que sou tão responsável como.
Quando falo em perdoar faço-o na convicção de ser a única via para a libertação de culpas, sejam elas nossas ou alheias. Perdoarmo-nos e perdoar à vida é aceitarmo-nos e aceitá-la como somos e como ela é, e é, sobretudo, o passo essencial para que possamos, nós e a vida, ser mais cordatos, mais harmoniosos, mais livres e muito mais felizes.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Perdoar


Nos momentos em que a reflexão é essencial, tudo me distrai – a música; as palavras; as imagens; o amor… É precisamente quando mais preciso de paz que o burburinho teimoso e persistente do coração não me abandona. Exactamente quando precisava que ele parasse, o danado.

Eu, pelo contrário, queria ser capaz de abandonar tudo e todos sem lamentos. Bem, abandonar talvez não seja o termo ideal, talvez seja demasiado radical. Prescindir; deixar ir; libertar e libertar-me são termos mais correctos que traduzem de forma muito mais realista aquilo que eu deveria ser capaz de fazer e não sou, nem mesmo nos momentos mais dramáticos em que o impulso é a pena de mim mesma, uma espécie de desejo de vingança – vocês vão ver o que é viver sem mim. Esses são momentos relâmpago em que a ideia de suicídio me passa às pressas pela cabeça e recua, quase instantaneamente, com a lembrança da falta que ainda posso vir a fazer a netos por nascer, a filhos que me amam e a outros, porque afinal até há quem goste de mim.

Que difícil é crescer! Crescer a sério. Não é amarfanhar tudo bem amarfanhadinho e atirá-lo sabe-se lá para onde, provavelmente para o vale que se crê dos esquecidos convencendo-nos que já crescemos só porque deixámos de pensar nas coisas. Crescer. Sem tiques e sem máscaras. Crescer, com tudo resolvido. Que difícil que é!

Evidentemente que é mais difícil para quem fica do que para quem parte. Quem parte dir-se-ia que tem uma nova oportunidade. Um recomeço novinho em folha, ali mesmo ao seu dispor, para fazer da vida o que quiser. Por isso é que eu gostava de ser capaz de partir. Mas não sou. Quedei-me por aqui, agarrada ao que já tinha, esticando o que fui para o transformar no que fui sendo. Não soube fazer reset. Olhava à minha volta e tudo estava como sempre, menos eu. E, sem saber o que fazer daquele mim, fui-me deixando ficar, assim.

E o tempo não passa.

Passa para toda a gente menos para mim, porque o tempo só existe no movimento. Quando se pára, tudo pára, até ele – o tempo -, e eu com ele.

Um dia será dia de seguir viagem. De dizer adeus ao que foi, de deixar ir o passado mas ai, nada me convence a largar tudo assim, sem mais nem menos. A carga é demasiado rica para ser abandonada no meio da estrada. Não, nem pensar. Vai comigo. Faz parte de mim e eu dela e é ela que me vai ajudar à construção – aquela a que tenho dedicado toda a vida – a minha. E se o tempo não passou ou eu não dei por ele passar, melhor ainda, mais tempo me resta pela frente, para o perdão.

Convicções - as minhas.


Não existem coincidências. O acaso foi um conceito que o Homem inventou para mascarar a ignorância. 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Bento XVI. Aquilo a que ele renuncia e aquilo a que ele não renuncia

O discurso que Bento XVI fez da janela do Vaticano alertando os fiéis para "os tentadores" que subtilmente nos empurram para o mal fazendo-nos crer que o bem está no poder e nos bens materiais, crença essa que não só nos afasta de Deus mas que acabará por O anular, i.e., Deus "dissipar-se-á", deixará de existir, foi um belo discurso, um discurso pleno de palavras com sentido.
 
Contudo, na minha modesta opinião, as palavras proferidas teriam muito mais força se não fossem ditas de um lugar tão alto, tão distante dos fiéis, tão pleno de poder. Que isto de ensinar os outros a viver com pouco quando se vive, e a isso parece que o senhor não renunciou já que conta não sair do Vaticano, rodeado de ouro, é fácil.
 
Sempre me disseram, e eu acreditei, que não há melhor escola que aquela do exemplo.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Como nos filmes


Os automóveis avançam em câmara lenta e quase que param quando se cruzam, dando tempo a que os condutores se fixem, troquem olhares e guardem, talvez para sempre, as imagens daquele momento. Um momento que carrega uma vida inteira – sonhos, alegrias, amarguras, precipitações, incompreensões, impossibilidades…

Ignorância! Ei-la! A nossa pior inimiga. Sempre.

Que espécie de força, que tipo de energia transporta a vida real para imagens cinematográficas? Em que circunstâncias e com que frequência pode isto acontecer? Esta realidade de filme na realidade da vida?

O que por cá fica quando partimos


A quantidade de obras que vamos deixando pelo caminho é notável. Fundamentalmente daqueles que por cá andaram o tempo suficiente para as ir acumulando.

É certo que nem todos fazemos questão de “fazer coisas”. “Coisas” como construir casas ou escrever livros. Mas basta, contudo, rodearmo-nos de vida para estarmos, mesmo sem darmos por isso, a “fazer coisas”.

Eu estou prestes a mudar de casa. Nos últimos cinco anos é a terceira vez que o faço e em cada uma delas entro como se nunca mais de lá fosse sair – arranjo-a à minha maneira; pinto-a; decoro-a; adapto os móveis ao espaço. Nem que seja por um ano! É isto a vida. É esta a construção. Ainda que nos doa depois a partida. Ainda que nunca mais se lembrem de nós porque quem vem a seguir faz o mesmo – adapta a si aquela casa e apaga, ou vai apagando ao longo do tempo, os vestígios que por lá deixámos.

Ainda assim, há marcas indeléveis. Marcas que ficam entranhadas nas paredes; nos muros dos quintais; nos degraus das escadas. Marcas dos passos de cada um; das mãos que ao subirem as escadas se apoiaram nas paredes. Memórias escondidas das vozes; das zangas; dos dias felizes. E, sobretudo, ficam as fotos para provar que tudo aquilo existiu, que não foi um sonho. Existiu. É nosso. Um pequeno fragmento da nossa vida. Uma marca que um dia alguém, no meio de todas as invenções, conseguirá desvendar.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Eis uma frase que detesto:


No meu tempo, no tempo das decisões e das tentações, muitos ficaram para trás, alguns seguiram em frente e poucos, muito poucos, subiram na vida.

De vez em quando vêm-me à memória pessoas que mais tarde revi e tento, muitas vezes em vão, associar as escolhas que fizeram ao seu destino.

Fulana ficou para trás, não porque tenha tomado uma decisão mal tomada num momento específico, mas precisamente porque nunca as tomou, porque se foi deixando ir na onda e, quando deu por isso, era tarde de mais – sim, pode ser tarde de mais para quem tem pouca força, ou porque a gastou ou porque nunca a teve.

E nesses périplos que faço pelo passado vem-me à memória a imagem da Clara. A Clara apaixonou-se por um pintarolas. Um tipo sem futuro aparente, por quem ninguém dava um tostão furado. Nessa época eu estava muito bem acompanhada e, consequentemente, com um futuro promissor, sem grandes sobressaltos. 

Nessa época, eu tinha futuro, a Clara, provavelmente, não.

Passados alguns anos – os suficientes para termos, tanto uma como outra, procriado -, encontrei a Clara e o pintarolas. Tinham ido viver para a Suíça; tinham duas crianças lindas e vestiam de vermelho. Digo isto porque esta é a imagem que deles retive – um casal de cores alegres; feliz; bem-sucedido na vida. Eu vestia de cinzento. Saída havia pouco de um divórcio complicado, os ombros descaiam-me e o meu horizonte era o espaço que os meus pés pisavam. A Clara, ao contrário de mim, era feliz. E eu, que nunca acreditei muito no que o povo dizia, fiquei feliz de a ver.

Há gente que nasce a saber o que é o amor. E há aqueles, como eu, que não o identificam dentro de si. Esses, que como a Clara nascem a saber o que é o amor, pouco se importam com as vozes do mundo e, parecendo cegos aos outros, são os que mais vêem porque se vêem a si e lutam, mesmo sem darem por isso, por quem verdadeiramente amam e amarão, sabendo que esse é o seu destino, assim tenham a sorte de se cruzar e reconhecer, como a Clara reconheceu aquele que mudou, sem se aperceber, no momento em que com ela se cruzou.

Provavelmente pouco interessa o que somos. Interessa sim se somos ou não amados, se somos ou não capazes de amar. É ele que molda, é ele o transformador - o amor.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A vida e a nossa responsabilidade naquilo que nos acontece


Faço parte daquele grupo de pessoas que compreende o papel que cada um desempenha nas aventuras da vida, que é como quem diz – tem consciência que a vida muitas vezes se limita a responder, de forma que até pode ser graciosa, àquilo que lhe pedimos.

Não somos um grupo grande – digo eu, que não tenho qualquer tipo de estatística a não ser este feeling de quem já cá anda há algum tempo. Grande parte dos hominídeos crê no acaso, crença essa que facilita, e muito, a vitimização desresponsabilizadora e sempre sempre muito confortável. Ah e tal, a vida é uma merda e só me acontecem coisas más.

Não é. É tão só uma excelente oportunidade para nos conhecermos melhor, para crescermos, enfim, para sermos verdadeiramente livres. O que pode ser, e por vezes é mesmo, uma merda, é a nossa incapacidade de ver. De se ver. E é com uma dessas incapacidades que eu ando às voltas, vai já para alguns meses.

Sei que, tal como em tudo aquilo que me vai acontecendo na vida, parte da responsabilidade é minha, mas não consigo discernir qual. Há meses que espero respostas de gente de carne e osso que se queda no silêncio deixando-me pasma, oscilando indecisa entre a minha responsabilidade – o que é que fiz de mal, o que tenho eu que leva estas pessoas a ignorarem a minha existência depois de terem até manifestado interesse no que eu tive para lhes dizer? -, e a aceitação de que vivo rodeada de gente que, das duas uma, ou anda de tal maneira transtornada que se incapacitou para o dia-a-dia, ou é, realmente, muito mal formada. E, para ser franca, custa-me tanto a acreditar nesta última – de resto é uma hipótese na qual eu não acredito nem que ela se apresente nua em frente dos meus olhos -, que continuo às voltas com quem sou, até descobrir o que preciso de fazer para inverter esta tendência de deixar que outros me larguem, expectante e muda, na esperança sabe-se lá de quê.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Leituras

Tenho andado a ler um livro politicamente incorrecto  E digo que o tenho andado a ler porque já o li de fio a pavio e voltei ao princípio para o voltar a ler. Exactamente – é suficientemente politicamente incorrecto para ser lido várias vezes, mastigado, e muito muito reflectido. 

Aqui fica um “cheirinho” da coisa: 

“Aquele que não faz uso de todo o potencial de sua vida, de alguma maneira diminui o potencial de todos os demais.” 

(…)

“Somente no dia em que a traição não ferir o traído ou a tradição, mas despertar ambos para novas possibilidades que se descortinam através dela, surgirá um mundo muito além da tolerância – um mundo de apreciação. O ancião do futuro não perceberá no rompimento de um filho que sai de casa uma traição, mas uma casa que se expande, que se amplia, para conter um lugar não estreito.” 

Bonder, Nilton, A Alma Imoral, 1998, Editora Rocco Ltda., Rio de Janeiro