terça-feira, 17 de março de 2015

Eu, pecadora, me confesso



Não sei lidar com a velhice. Não com a minha que ainda não chegou, mas com a alheia. Não sei acarinhar, tratar como se tratam as crianças, não sei olhar para um velho sem ver alguém que tem, necessariamente, de saber mais do que eu, de ter vivido mais do que eu, mesmo sabendo que isso nem sempre é verdade.

Velhice não é doença.

Não compreendo a necessidade que os velhos têm de juventude. Não compreendo porque não se unem eles, que vivem no mesmo tempo a partilham recordações.

Dentro em breve seremos um país de velhos e terá de ser assim - teremos de olhar uns pelos outros. E não é assim que está certo?

Quanta vida tem um filho de dar para cuidar de um pai, de uma mãe? Não nascem os filhos para voar? Para viverem eles mesmos as suas vidas, crescerem, envelhecerem e morrerem sós ou com os seus pares? Não é isso natural?

Lamentamos os que morrem cedo e lamentamos a velhice! Apetece-me dizer que nós, afinal, lamentamos a vida.