segunda-feira, 31 de maio de 2010

Alguém lhe perguntou alguma coisa?!

A crítica é um bichinho que nos mói a todos. É tipo vício. Mais ou menos fundamentada, menos, na maior parte dos casos, grita-nos aos ouvidos sempre que presenciamos algo que não é do nosso agrado ou não condiz com as nossas expectativas.
Todos gostaríamos de ver o mundo à nossa maneira; de olhar para os outros e vê-los como nós, ou não. Ainda há quem ame o diferente; quem se aborreça com a normalização, quem se entusiasme sempre que vê ou ouve algo pela primeira vez. Mas não são muitos.
Depois há os artistas. Aqueles que são capazes de reciclar de forma mais ou menos original. Reciclar, porque criar, ninguém cria. Teria de se partir do nada e ainda não chegámos lá... Recicla-se, portanto, o mais originalmente possível. E por original entende-se, muitas vezes, a repescagem de coisas muito antigas. Quanto mais antigas, melhor – mais esquecidas estão... Importam-se, portanto, ideias; modas e gostos num suposto pioneirismo e originalidade. Se for preciso volta-se à Antiguidade Clássica, não seria a primeira vez…
Os restantes, os que não são artistas mas gostavam de ser, batem palmas e seguem-nos, convencidos que têm ideias próprias e gostos genuínos. Como cada vez há mais «artistas», o resultado é «cada cabeça, cada sentença», e passa-se, amiúdas vezes ou sempre que nos cruzamos com pessoas a quem o «bicho da crítica» mói mais do que aos outros, por situações em que os extremos não se tocam, isto é, somos magros quando «deveríamos» ser gordos; gordos quando «deveríamos» ser magros; morenos quando «deveríamos» ser loiros e loiros quando «deveríamos» ser morenos. Enfim, aquilo que deveríamos, talvez, era ter a consciência da manipulação a que estamos, todos, artistas incluídos, sujeitos diariamente. É que dessa manipulação não nos podemos livrar, mas ter consciência dela seria já um passo atrás que evitaria cairmos no abismo do convencimento de que somos detentores da verdade quando na verdade somos meros transmissores e seguidores desta ou daquela verdade vinda não se sabe bem donde mas não, seguramente, das nossas únicas e individuais cabeças.

domingo, 30 de maio de 2010

Ele há cada invenção!!!

Quem inventou estas fitas, deveria ter inventado também uma caneta especial. É que é suposto o que lá se escreve ir cheio de boas vibrações e tal e tal, mas o esforço é tanto, a letra sai tão repisada e retorcida que a tendência é para se abreviar o discurso porque já nos doem os braços, um porque se cola à caneta como se não houvesse amanhã e o outro porque agarra o pano que tende a escorregar por tudo quanto é sítio.
A ver se alguém se lembra de inventar a canetita, sim? Uma que seja vendida em conjunto com as fitas. Eu é que não percebo nada de canetas, porque pode muito bem ser uma oportunidade de negócio...

sábado, 29 de maio de 2010

E já agora...

...gostava de saber quanto é que deslizou dos cofres de um certo ginásio para os da GNR aqui do burgo para ter sido possível transformar-se durante uma tarde inteira um campo de ténis em discoteca que até os vidros vibraram e como é que eu vou fazer o exame de Estatística alguém me diga. E se tiverem dificuldade em respirar ponham vocês as vírgulas. Hoje estou assim, com a paciência nos limites.

Há dias...

Não tenho poder de encaixe.
Não suporto faltas de respeito; invasões de privacidade; abusos de poder. Não suporto a corrupção nem a mentira. Não suporto a vigarice. A falta de educação dá-me vómitos, a ignorância arrepia-me.
E é por isso que há dias em que só me apetece mudar de país. Há dias em que a desilusão me vence; em que olho o nosso povo e só vejo gente fraca, gente pobre, gente pequenina, e burra e ignorante (e não estou a falar de dinheiro, nem de poder de compra, nem de fome…). Gente que não presta.
Há dias em que só me apetece fazer as malas e zarpar.

O estado não é «pessoa» de bem

A Segurança Social não é «pessoa» de bem. E como a Segurança Social pertence ao Estado, o Estado não é «pessoa» de bem.
Recebi ontem uma notificação de dívida à Segurança Social, relativa à Empresa.
Se há coisa que nós fazemos questão é de não dever nada a ninguém. O montante era, para uma Empresa pequena como a nossa e que tinha acabado de entregar uma boa maquia relativa ao IVA, desconfortável.
Não tínhamos pago, diziam eles, o primeiro mês de actividade.
Vai de remexer em papéis, brancas como a cal e de pernas a tremer, vai de puxar dos dossiers. E lá estava! O famigerado documento. E pago! Então o que é que aconteceu?
Aconteceu que nos enganámos na introdução do mês de referência e, em vez de Agosto, pusemos Setembro.
O que a Segurança Social não viu foi que, de Setembro, tinha dois pagamentos! Nenhuma pessoa de bem esconde o que recebeu a mais e protesta pelo que recebeu a menos mas, mais grave do que isso, muito mais grave, foi o facto de ter andado, esta honorável entidade, a emitir declarações em como não tínhamos dívidas nenhumas, durante todos este meses em que nos andavam a cobrar juros de mora sem nós sabermos.
Pois é verdade, a Segurança Social emitiu, para entregarmos ao banco, três declarações em como estava tudo nos conformes e em dia e, por trás, ia acumulando juros por um suposto pagamento em atraso.
Foderam-se, que nós não devemos nada!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Mourinho

Os senhores do Barcelona têm aquela ideia romântica da «luta pela camisola» e querem acreditar que o Mourinho, enquanto lá esteve, teve mais o Barcelona no coração do que os outros clubes por onde tem passado.
Mas pessoas como o Mourinho criam e «descriam» laços com a facilidade de quem tem o objectivo de mostrar ao mundo quem manda. Cada vez que um jogador, treinado por ele, levanta uma taça, não é a equipa que ganha – é ele.
A disputa é com ele. É contra ele que os outros jogam. E quando chora, chora por este ou por aquele particular, não chora pela camisola. A camisola a ele, provavelmente, nada lhe diz. Pelo menos não lhe dirá com certeza tanto como os euros de que já não precisa. São tantos!...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

As obrigações não existem

Cada um é livre de fazer ou cumprir o que muito bem lhe aprouver. Não são as obrigações que nos movem mas os valores e a ordem em que os temos arrumados dentro de nós.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Dia de Aniversário

Faz hoje anos que nasci. Nem muitos, nem poucos, mas mais de metade. Pelo menos é o que espero. Se tiver que ser eterna que o seja no coração de alguns. E nas prateleiras, também gostava de o ser nas prateleiras, nas lombadas dos livros e nas páginas que vou escrevendo, ou que ainda hei de escrever se chegar a ter tempo para isso, evidentemente.
Das minhas mãos já voaram, logo de manhãzinha, uma tampa de panela e uma chávena de café.
Convencida que os percalços se concentraram nestes pequenos nadas, joguei no totoloto e no euromilhões. Boa sorte para mim.
Cheguei a pensar em fazer um balanço mas seria demasiado exaustivo e, se há coisas que vale a pena recordar, outras o melhor é nem nos lembrarmos delas. Que a vida comece hoje e que a sorte me entre pela porta adentro, são os meus votos. A quem quer que leia isto e tenha esse poder, pode começar pelo retorno, acrescido de seis zeros, do meu mais recente investimento na Santa Casa da Misericórdia. Obrigadinha, sim?

terça-feira, 25 de maio de 2010

O mundo dos ricos e dos poderosos

Organizámos, a minha sócia e eu, uma Colónia de Férias para os meses de Julho e Agosto. O programa é ambicioso. Decidimos que não nos limitaríamos a levar as crianças à praia e a fechá-las uma tarde inteira entre as mesmas paredes, por isso levá-las-emos a todos os lugares possíveis: parques; museus; espaços de divertimento e de faz-de-conta...
A organização está feita. E bem feita. O problema agora é como passar a mensagem. Sem dinheiro para anúncios televisivos ou mesmo radiofónicos, valemo-nos dos nossos braços e da nossa imaginação. Temos consciência que o programa que elaborámos ultrapassa os bolsos da maioria dos pais dos meninos que frequentam o nosso Centro, pelo que se impõe chegar perto dos mais abastados.
Como diz Eulália Barros num texto que li há pouco tempo, eu ainda não vivi tudo mas já tenho muita coisa para contar e posso afirmar que há poucos mundos que me são estranhos. Continuo, no entanto, a ser uma pessoa voluntariosa e a acreditar que não me caem os pergaminhos na lama quando me movo de cima para baixo. Decidi, portanto, munir-me de alguns folhetos e plantar-me à porta de um dos mais conceituados colégios lisboetas, alguns minutos antes das oito da manhã.
Não foi apenas a chuva, que em protesto caiu copiosamente, que me fez desistir, foi um certo agravamento de humilhação que ela trouxe consigo. É que uma coisa é receber olhares de alto e «não obrigado, os meus filhos vão para a Colónia XPTO», com o sol a brilhar; outra é recebê-los de guarda-chuva na mão debaixo de um quase dilúvio.
E assim, a minha ideia de que há gente a quem faria, talvez, algum bem, cair do pedestal, saiu reforçada.
Mais tarde, junto à hora de almoço, uma simpática professora incentivou-me a ir falar com a directora do dito colégio. «Diga que vai da minha parte». E fui. E disse. Bem recomendada, claro que fui recebida mas a resposta foi não. Não. Apesar de fecharem em Agosto; apesar de não terem Colónia de Férias, cumprem escrupulosamente um princípio ancestral: Não divulgar internamente nada que não seja da sua própria lavra. «Bem vê», dizia-me a honorável directora, simpática sem dúvida, «não podemos abrir nenhuma excepção porque se o fizéssemos a si, teríamos de o fazer a toda a gente que nos bate à porta.» Compreendo. Compreendo que quando a escolha é entre o sim e o não, é porque o critério anda pelas ruas da amargura; e compreendo que um estabelecimento que está garantido; que existe há anos com um prestigio inabalável e que, mesmo nos tempos que correm, não corre riscos nenhuns, quando se recusa a divulgar internamente seja o que for que parta de terceiros, sem sequer tentar averiguar da validade, seriedade e competência desses terceiros, na verdade o que está a fazer é a fechar portas, a negar ajudas, a ser sovina, elitista e tudo aquilo que é contrário à política que a família que o gere apregoa e que o nome que tem defende. Ser moderno é ser aberto. Ser socialista é ser do povo, é apoiar os mais fracos, é dar força a quem precisa. Ou deveria ser...
Portanto, e mais uma vez, estamos por nossa conta e risco neste mundo do salve-se quem puder.
E como derrubar não é vencer, amanhã estarei, provavelmente, a pregar numa outra freguesia.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Comparações

Eu sou um pouco como o Chandler*, às vezes falo de mais e acabo por ser inconveniente.
Mas sou boa pessoa.
* Personagem da série Friends

domingo, 23 de maio de 2010

Tudo se encaixou...

…de forma harmoniosa.
Com cedências de ambas as partes, tudo se encaixou.
Parece que agora sim, acabaram as mudanças.

sábado, 22 de maio de 2010

Ainda em mudanças...

Chegaram hoje as últimas caixas; uma arca negra e alguns quadros.
São cheiros que se misturam; estilos que se acomodam. O novo e o velho, lado a lado. É preciso mestria.
Se há peças que ficam bem, outras, como a arca, ficam-se pelo singelo papel de «mal (quase) necessário». Há circunstâncias em que o necessário serve o coração e quando o coração está cansado há que conservar o «necessário» não vá ele sofrer de desgosto. Fica-se com a arca, portanto. E, de tão grande que é, não deu trabalho nenhum a escolher o «onde» - não passou do hall de entrada.
Quanto às caixas – abrem-se amanhã, e logo se vê…

Upgrades

O facto de ter os meus pais a viver comigo traz os meus filhos de arrasto.

Agora, dizem eles, é uma casa de família e já há que comer para além do salmão e dos iogurtes de soja.

Quando se vive sozinho compra-se aquilo que se come e pouco mais. Faz-se o mínimo por falta de tempo e os imprevistos sofrem a contradição de terem de ser programados. Hoje voltei à praça. Vamos ser 5 à mesa. Só se perdeu o terraço. Aquele terraço onde se assavam sardinhas. Ganhou-se mais, muito mais.

O meu pai comprou canteiros que dispôs pela varanda para colmatar a falta que o jardim lhe faz. Já não vê tanta televisão como via e dá passeios matutinos pelos campos. Anda feliz.

A minha mãe está mais calma, sente-se apoiada e libertou-se de uma série de tarefas que a cansavam. Diz constantemente que se sente muito melhor.

Só me falta agora a mim, ser capaz de alicerçar o mais solidamente possível esta vida que não anda sem o vil metal e rezar para que tudo corra bem, para que todos os projectos se cumpram e possamos,enfim, viver em paz.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Há dias assim

Há dias em que vacilo entre a exaustão e o incómodo, quase ansiedade, que me causa o dever não cumprido. O corpo pede-me um pouco de descanso e a cabeça e o coração param na urgência de andar para frente, de tomar medidas, de não parar para não morrer.
Os sinais vêm de todo o lado, é o estômago que se aperta, o coração que dispara, a cabeça que dói ao mesmo tempo que os olhos se fecham e os membros entorpecem, de calor e de cansaço.
Perspectivo o Verão já preparado, já agendado, mas na incerteza, sempre na incerteza e no medo que a incerteza trás. Ilusório ou não, é um medo que se esvai quando me mexo, quando faço, quando resolvo, ou acho que sim.
É por isso que enquanto estou parada, enquanto obedeço ao cansaço, o meu coração não descansa. Mas não é no cansaço que se resolvem coisas, que se abordam pessoas, que se tomam decisões. Porque neste mundo o cansaço, o medo e as incertezas confundem-se com incapacidades. Cheiram-se à distância. É preciso respirar fundo, dormir uma noite bem dormida, erguer a cabeça e lutar.
Amanhã será outro dia. Hoje, vou descansar.

Da estupidez e outras limitações

Que a estupidez, só por si, já dá uma trabalheira do caraças, imaginem quando se decide juntar ao sofisma; à incapacidade de integração e à falta de confiança!...
Não há compreensão que lhe valha, nem paciência que aguente.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

«Antes a morte que tal sorte!»

A miséria aterroriza-me. Qualquer tipo de miséria – a moral; a intelectual:; a física; a económica. Aterrorizam-me.
Vivem todos lado a lado. Partilham cama; mesa; casa; bairro.
Oxalá houvesse um limite para a miséria humana! Mas os limites não existem senão impostos por nós.
Se alguma vez ela vos bater à porta, tenha que cara tiver, não a abram. Tranquem as janelas.
As misérias são como as pestes – quando damos por nós estamos infestados.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

E se?...

E se, de repente, todas as profissões passassem a usufruir de um salário condigno? Não é nada de extraordinário! Ao fim e ao cabo todas são igualmente necessárias.
E se, de repente, um qualquer sistema avaliativo, verdadeiramente honesto e imparcial, tivesse a capacidade de detectar as aptidões de cada um de nós?
E se, de repente, se montasse um sistema capacitado para as desenvolver?
Quantos jardineiros não se transformariam em engenheiros? Quantos engenheiros, não passariam à jardinagem? Hem?

terça-feira, 18 de maio de 2010

Calor

Já lá vai o tempo em eu gostava de verões muito quentes.
O calor em demasia frita-me o cérebro e adormece-me o corpo, luxos aos quais não me posso entregar...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Não os posso deixar sozinhos!

Sai uma pessoa de manhãzinha para trabalhar e quando chega a casa, o pai caiu; a mãe fechou o carro com a chave lá dentro, e deu um jeito à perna (que entretanto já está boa); e mais uma série de peripécias de que se riem porque têm sentido de humor, mesmo com a cabeça partida e o cansaço de um dia cheio de aventuras.

domingo, 16 de maio de 2010

O Memorial do Convento e o roubo das «vontades»

Quem leu O Memorial do Convento sabe da recolha de «vontades» que Blimunda empreendeu em prol de uma causa maior – fazer voar a «Passarola» do Padre Bartolomeu de Gusmão.
Haverá maldade maior do que esta de recolher as vontades alheias, se a vontade do padre não era suficiente então talvez a Passarola não devesse ter sido construída. A quantos corpos roubou ela as vontades nunca se saberá, mas que as vontades dos portugueses andam pelas ruas da amargura lá isso andam.
Como pode um país andar para frente sem vontades férreas?! Não pode. E a culpa só pode ser da Blimunda que as roubou.

Oportunidades

A Santa Casa da Misericórdia oferece quatrocentos e tal euros e mais 70% da pensão às famílias que se dispuserem a tomar conta dos seus velhotes. No caso de se tratar de alguém com problemas de saúde, a mensalidade pode ir até aos 800 euros.
É, sem dúvida, uma medida bem intencionada e, à semelhança do que se faz com adolescentes problemáticos, pode ser uma grande ajuda, quer para as famílias quer para os idosos que não a têm. Só espero é que a Santa Casa disponha de Assistentes Sociais competentes e diligentes, que visitem essas famílias com regularidade, porque não faltará gente a tentar aproveitar a oportunidade para subir os rendimentos familiares e velhos mal tratados é o que há mais por aí...

sábado, 15 de maio de 2010

Não quero crescer

Não me dêem escolhas, não quero escolher, escolher dá trabalho e ansiedade e medo. Tira-me do sossego. Escolham por mim.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

«O barato sai caro» ou como a sovinice engole o dinheiro

Ultimamente sempre que tento «poupar» acabo a gastar o dobro ou mais ainda.
Com esta idade já deveria saber que «poupar» significa «não gastar senão naquilo que realmente se precisa», mas não, estupidamente tenho insistido em poupar nos preços e nos materiais. Os tiros têm-me saído todos pela culatra.
Numa atitude do mais sovina que há, mergulho lentes diárias em soro, só porque, na minha estreita cabeça, «diário» será sempre um período de 24 horas, portanto é natural que possam ser usadas por dois períodos distintos, ou três, até perfazerem as tais 24 horas. Resultado? Desfazem-se nos olhos e gasto mais do dobro em médicos, medicamentos e um mal estar sem medida. Bem feito!
Preciso de um gravador. Tenho uma entrevista para fazer. Uma entrevista cujo guião está pronto há muito e até segunda-feira tenho de a ter transcrita, categorizada e de conteúdo analisado. Corro a comprar um gravador que dê para o computador mas...o mais baratinho que houver e mais pequenino também, que tralha já eu tenho muita e insisto em carregá-la dia-a-dia, nos ombros. Depois de algumas diligências mais ou menos tortuosas alguém me encontra alguém para entrevistar. Rejubilo. Entrevisto. Cerca de meia hora de conversa interessante e útil. Ficou gravada? Ficou. Ouve-se? NÃO! Ruído! Só ruído! e lá ao fundo, muito ao fundo, duas pequeníssimas vozes, quase inaudíveis, sussurram tudo aquilo que eu terei de escrever.
Das duas uma, ou deito tudo fora; vou comprar outro e tento, novamente, encontrar um novo entrevistado. Ou tento, penosamente, escutar, e escutar é a palavra certa, as vozes que se escondem atrás de tanto ruído.
Palavra de honra que já não me apanha mais, a sovinice.

Já tinha saudades...

...destas tertúlias em que três amigos se juntam e que apesar das diferenças, se unem no carinho e na música.
Aqui ficam dois dos melhores poemas que este país alguma vez produziu, na minha modesta opinião, evidentemente.
Já tinha saudades, do bem que me fazem estes momentos que cada vez são menos e que forçosamente terão de voltar a ser mais.



quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ainda a p... da lente

Desta vez deu direito a infecção, Hospital e oftalmologista arrancado de casa fora de horas.
Raios partam as lentes! Agora, para castigo, ficam 8 dias sem sair da caixa.
E eu, vou andar de duas em duas horas a deitar gotas no olho. Mas para que se saiba, não desisto. Não desisto, que sou teimosa que nem um burro. Para a semana volto à carga.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O dia hoje...

...seria quase perfeito se uma puta de uma lente não se tivesse esmigalhado dentro do meu olho esquerdo e por lá não tivessem ficado os restos...
Se os óculos não fossem tão incómodos já tinha desistido disto. É que volta não volta é esta merda! É que só me apetece dizer asneiras!

Da importância da palavra dita

Para certas pessoas as palavras são pormenores de somenos importância e aquilo que se disse ontem já não conta para nada porque as circunstâncias alteraram-se e, portanto, também as palavras.
São pessoas que vivem ao sabor das circunstâncias. Controladas pela vida, circulam tipo bolas de ping-pong, direccionadas pelas «circunstâncias».
Para esse tipo de pessoas aqui fica um alerta: A vida já tem na sua mão o suficiente, que nos aparece em forma de imprevisto ou inesperado. Se cada um de nós não tentar segurar as rédeas da sua própria vida, arrisca-se a que a vida lhe fuja e que, assim de repente, ela deixe completamente de lhe pertencer, sendo que passa a ser a pessoa a pertencer à vida e não o contrário.
Para além disso, o cumprimento da palavra dita é fundamental para a confiança que os outros depositam em nós, e nós mesmos em nós mesmos evidentemente. Saber que podemos contar connosco e saber que os outros sabem que o podem fazer também, ajuda a facilitar este percurso já de si tão complicado.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Incapacidades

Na impossibilidade de me transformar neste











Estou a transformar-me neste

Fazer jus ao nome aqui do burgo

O que dizer de uma pessoa que reconhece todos os erros e graves pecados da Igreja; de alguém que vê neste Papa um olhar algo diabólico, mas que depois, quando na televisão olha aquela multidão e a recepção e a solidariedade e os ajuntamentos, fica com um nó na garganta e, comovida, prende uma ou outra lágrima traiçoeira?
O que dizer?! Eu pecador me confesso?...ou, Estou a ficar velha?...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

SLB

Ok, não é todos os dias que um clube se sagra campeão. Mas tanto festejo não será indício de, Nem quero acreditar que aconteceu! Como foi possível?!...

domingo, 9 de maio de 2010

É a falta de silêncio...

...a falta de silêncio e de sossego, é o pior de tudo! Preciso disso como de pão p'rá boca e não sei como é que me vou adaptar a esta ausência. Preciso de reaprender a concentrar-me no meio do movimento e do ruído.
A vida é feita de hábitos e os hábitos de adaptações. Não existem circunstâncias perfeitas, há que criá-las. Difíceis são os meios tempos. Aqueles que vivem ali, no limbo. Nem pretos nem brancos.
As aulas que perdi; os trabalhos que atrasei; as tarefas que adiei, dificilmente os recupero mas, o verdadeiramente importante é não me centrar demasiado nisso - tira-me a força; baralha-me o cérebro e imobiliza-me. Há que retomar as coisas no ponto em que estão e logo se vê. É isso que vou fazer.
Isso, e descansar.

sábado, 8 de maio de 2010

Felicidade...

...é estar rodeada dos meus. Nasci para isso. Qualquer separação me é dolorosa.

Dos livros

O que me fascina nos livros é a capacidade que têm de me dizer, por um lado, Este é o nome daquilo que vês e, por outro, Olha lá, aposto que nunca tinhas visto isto assim. E há momentos, fracções de segundo, em que vejo o real. As mais das vezes, vivo na ilusão do que a luz me mostra, a da realidade.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Resiliência

As palavras são como os casacos – adaptam-se às modas. Se eu utilizar a palavra «resiliência» numa conversa com a minha mãe, ou com qualquer pessoa da idade dela, o mais certo é surgir a pergunta – O que é isso?!

O próprio dicionário começa por definir «resiliência» relativamente aos materiais - «energia potencial acumulada por unidade de volume de uma substância elástica, quando deformada elasticamente» [in Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora, (2009) p.1381], e só a última designação, a figurativa, se refere ao ser humano. Contudo, hoje em dia, esta palavra tem lutado para tirar do anonimato o seu significado figurativo - «capacidade de defesa e recuperação de uma pessoa perante factores ou condições adversos.» (idem, ibidem). Se isto se deve a um aumento de condições adversas ou a uma maior preocupação em evitar estados de incapacidade mental, não sei. Mas uma coisa é certa, nunca tinha ouvido, ou lido, tanto esta palavra como agora.

Associada ao «stress», ela fecha a porta da nossa transformação em elásticos. Mas, atenção – elásticos capazes de esticar e retornar, quando largados, à sua forma inicial. Para tal, há que saber o limite do elástico e há ainda que ter em atenção a forma como este é largado (não vá embater em algo ou alguém). Assim, estimados terráqueos, desejo-vos uma excelente elasticidade e uma ainda maior resiliência.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

E agora...


...vou ali ver se me despacho para ir ao aeroporto buscar o meu filhote que lá deixei no dia 1 de Fevereiro. Ah, pois é!...

Regresso ao passado

Ao fim de trinta anos voltamos a partilhar casa. Ontem, quando cheguei, já cá os tinha, sentadinhos na mesa da sala, a jantar. Gostei de os ver. O pior mesmo são os hábitos que se vão adquirindo ao longo da vida. As mulheres do antigamente que se educaram para servir. Para servir os homens. E educaram-se mal, elas e eles.
Teimoso que só ele, o meu pai insiste em recusar todos os artifícios, hoje em dia tão comuns, que permitem uma vida mais simples e ajudam tanto quem precisa como quem tem de ajudar. Comprei uma prancha para a banheira – não a quer; comprei uma pega para se agarrar – usa o toalheiro, e a minha mãe, velhota que está, é que tem de estar de braços no ar para o ensaboar. Já lhe disse que não é por ele, é por ela, e só assim ele aceita que a prancha se monte amanhã e que outra pega se compre porque uma só serve para entrar, não serve para sair.
A televisão a gritar novelas nocturnas é outra coisa de que vai ter de se desabituar a não ser que endoideça eu. Portanto, já está montada uma mais pequena no quarto para onde ele pode ir ensurdecer com os disparates novelescos e dar descanso à minha mãe que anda há anos a aguentar o que não gosta.
Mimado, isso sim, é o que ele tem sido, o que vale é que me parece que tem bom feitio e lá vai sorrindo às contrariedades, mas uma coisa é certa – é ele quem mais vai sentir esta mudança, que em vez de uma agora tem duas mulheres a rodeá-lo, e uma delas é tão teimosa como ele.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Quanto mais velho pior...

A vida aproxima-nos de uns e afasta-nos de outros. Ou somos nós.
O que fazia sentido ontem, hoje já não faz. Gente que conhecemos, e ou mudou ou fomos nós, cuja companhia nos agradava e agora já não.
As pessoas tendem a refinar com a idade. Pequenas chamas, que ardem ténues, ganham dimensão ao longo dos anos e é quase possível, agora que já vivi uma boa maquia deles, adivinhar o que lá vem.
Pena que sejam precisos também alguns anos para aprendermos isto. Evitar-se-iam alguns constrangimentos se, jovens ainda, soubéssemos que esses pequenos nadas que nos incomodam pontualmente, um dia se transformarão em quase tudo, que incomoda permanentemente.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Rescaldo

Esta terça acordou segunda, transformou-se em si mesma e agora está outra vez a andar para trás...
Quando, de afogadilho, me desunho para acabar qualquer coisa, fico tão esgotada que o mais sensato seria tirar uns diazitos de férias só para me consolar com a visão da obra pronta, refastelada no sofá sem me mexer. Mas acontece que os dias de férias, se é que se podem chamar assim, foram gastos naquilo que me esgotou. E estou tão esgotada, mas tão esgotada que a minha resistência a qualquer contrariedade está reduzida, sei lá, para aí a um terço vá...ou a um quarto. E quando espero, e quando preciso, MESMO, que tudo corra de feição, o carro começa a guinchar e cá para mim é um rolamento e mais qualquer coisa que estremece quando travo, coitado está velhote e eu abusei dele que carregou que nem um burro, agora toma lá o que é bom para tosse.
Mas a casinha está bem catita e já não dormia tão bem faz tempo, o silêncio é uma bênção, sem camionetas, sem carros a passar durante a noite, sem vizinhos aos gritos, sem cães a ladrar. Só se ouve o canto dos pássaros e quando me sento na varanda tenho horizonte, e algumas árvores, e crianças a brincar no jardim ao sábado, e gente a jogar ténis, pode-se ficar horas ali, só a olhar...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A casa está pronta

Os dados estão lançados. Passei o fim-de-semana a despejar caixas, a arrumar e a limpar e está tudo preparado, à excepção de pequeníssimos pormenores, para receber os meus novos companheiros.
É verdade, vou partilhar a casa. Com quem? Com os meus pais.
A vida é assim, uma espiral que se confunde com círculo. Foi com eles que comecei e é comigo que conto que eles acabem. A idade já começou a pesar faz tempo, as alternativas foram analisadas em família e esta foi a solução que mais agradou a todos e a mim parece-me muitíssimo bem. As vantagens são múltiplas e ultrapassam, creio eu, uma ou outra desvantagem que possa surgir e que se prevê. Vou desfrutar de companhia, ter alguém que me espera quando abro a porta e eles vão sentir-se, com certeza, mais apoiados, porque isto de andar a correr de um lado para o outro sempre que algo acontece é muito cansativo.
Podem mudar quando quiserem. A casa está ponta.

domingo, 2 de maio de 2010

Dia da mãe

Hoje é dia de todas as mães e eu vim aqui para lhes desejar um coração suficientemente forte para deixar os filhos voar quando a altura chega, e uma alma suficientemente generosa para os colocar, a eles, em primeiro lugar.
Neste momento está toda a gente a pensar que isso é o apanágio de todas as mães. Pois não é. O apanágio da generalidade das mães é fugir à dor que sentem quando têm de castigar um filho, por isso não castigam, e evitar o terror de os deixar crescer e aprender sozinhos, por isso não deixam.
Por detrás da superprotecção mora um egoísmo disfarçado que na verdade serve mais a mãe do que o filho.
Por isso mães de Portugal, força aí e muito amor do verdadeiro, daquele que põe realmente em primeiro lugar o outro; daquele que só uma mãe é capaz de sentir.

sábado, 1 de maio de 2010

Back in Town

Finalmente consegui ligar o computador, eis uma grande desvantagem dos não portáteis...mas quando quis tirar uma foto para vos mostrar o quanto estou a viver escondida entre caixas de cartão, acabou-se-me a bateria da máquina, e o carregador, que deve andar por aí a passear numa caixa qualquer, recusa-se a ser encontrado.
É a segunda noite que passo aqui, e o carregador da máquina fotográfica é o menor dos males, há dois dias que não consigo tomar um pequeno almoço decente, e as restantes refeições ou são fora ou em casa da mãe, mas o pequeno almoço é indispensável, pelo menos para mim que se me prega uma dor de cabeça quando não o tomo. Na última manhã em que acordei do outro lado não o pude tomar porque já aqui estavam as caixas praticamente todas, graças a este menino que as transportou e a um outro que ajudou a carregá-las (um grande bem haja para eles), e na primeira noite que aqui passei disse para mim mesma que o indispensável seria: ter roupa para vestir; ter duche para tomar e ter pequeno almoço para comer. Por isso tratei de arrumar a casa de banho; alguma roupa; e pôr a jeito o pequeno almoço...o pequeno almoço! Cadê ele?! E vai de abrir caixas e vai de vasculhar e a caixa dos cereais sem aparecer, e eu a duvidar se a tinha trazido, tu queres ver que foi uma das coisas que lá ficou, junto ao Ernesto, sim, é verdade, esqueci-me do canário e só quando a noite caiu é que lhe senti a falta e se me apertou o coração, por ele e pelos cereais. Parecia uma alucinada de canivete na mão a rasgar caixas. Eram duas da manhã quando o meu corpo sucumbiu e eu pensei que o melhor era dormir qualquer coisita já que hoje, ou melhor ontem, seria o dia de entregar a casa ao senhorio e teria de estar vazia e limpa e ainda faltava uma quantidade de coisas, não, o Ernesto não ficou sozinho, ficou rodeado de restos no frigorífico, de alguma roupa pendurada e, acreditava eu, dos meus cereais. De manhã, quando acordei mais ou menos conformada com a falta do pequeno almoço, resolvi montar a máquina de café. Pode não haver cereais, mas sem café não passo, disse de mim para comigo até ao momento em que percebi que, se o quisesse beber, teria de ser por um pequeníssimo cálice já que, dos copos, tinha sido o único que tinha escapado ao admirável embrulho jornalístico, desculpa minha filha mas os is foram todos, não sobrou nenhum, se te servir de consolação, nenhuma loiça se partiu. E foi assim, de um minúsculo cálice que eu bebi «o café da manhã». Chateada que nem um peru, fui arejar à varanda quando, qual não é o meu espanto, uma caixa abandonada com «LOIÇA» em letras garrafais, se riu para mim. Corri ao canivete e foi com rasgo que a rasguei. Lá dentro, a rir-se, estava a caixa dos cereais. Acreditem que são poucos os momentos de tamanha felicidade! Abri o frigorífico, tirei o leite para fora e quando me preparava para me sentar comodamente com a minha tigela intacta e limpa que tinha viajado juntinha aos cereais...percebi que não tinha colher.
O resto é melhor nem contar, porque deveria ter sido um triste espectáculo (se alguém a ele tivesse assistido), ver-me a comer cereais secos às macheias e a beber, intercaladamente, o leite pela tigela...