Enquanto na Índia se tenta encobrir o homicídio de uma
garota de dezasseis anos violada em Outubro por seis manfias que deveriam ser
encarcerados para todo o sempre mas que, em vez disso, puderam fazer valer os
seus direitos ao poder – violá-la uma outra vez e por fim queimá-la que é para
aprender a estar calada que as mulheres, na Índia e, vai-se a ver, em muitos
outros lugares, são para ser violadas, abusadas, desrespeitadas e postas na
linha à força de músculos, tal e qual como nos primórdios da humanidade em que
a sobrevivência deles dependia.
Dizia eu que, enquanto na Índia se passa isto que aqui
ledes, em Taiwan é notícia o rebentamento de um pato gigante que, apesar de ser
considerado obra de arte, não passa de uma versão exageradíssima dos pequenos
patos amarelos que costumam servir de incentivo aos banhos dos mais pequenos.
Pois, em Taiwan, as pessoas ficaram quase tão tristes com
o rebentamento do pato quanto na Índia com o homicídio da jovem.
Enquanto isto, no Camboja, vivem-se horas de confusão à
pala da greve dos trabalhadores têxteis. Quem vir as imagens que de lá chegam
perceberá que cada cêntimo que paga por cada peça de roupa não serve, com
certeza, para melhorar o nível de vida daquela gente.
Pelo Ocidente não sei o que se passa. Provavelmente, mais
ou menos as mesmas coisas mas, enquanto nos entretemos com notícias mais distantes,
vamo-nos abstraindo das nossas…
Se calhar o mundo foi sempre assim – o que não abona
muito a seu favor -, só que agora tudo se sabe. Até que existem patos gigantes,
feitos de borracha, a nadar em grandes lagos para deleite dos transeuntes.
2 comentários:
Arte é arte!
Explodiu em Taiwan, o patinho gigante com 15m de altura, mas há um no porto de Sidney e outro na baía de Hong Kong.
Segundo a fútil comunicação social, estes mostrengos alegram muito os dias nublados...
Há quem aprecie estas notícias hiperbólicas; de fato, o colosso enche uma fotografia.
A propósito, adoro pato à Hong Kong, uma ironia. Papam os patos e admiram o tal patinho artistico!
Aguardamos o seu regresso, após esta longa ausência, esperando que tudo esteja bem.
Abraço.
Antígona...
Infelizmente vivemos num mundodo consumo imediato, num mundo dos sentimentos descartáveis, do "faz-de-conta", do usar e deitar e fora, quer se trata de objectos inúteis, quer de pessoas. Repare-se na facilidade com que se tira a vida a alguém! Uma simples discussão de trânsito é pretexto para se empunhar uma arma e abater friamente o outro. É a lei da selva primitiva que chegou às relaçoes humanas.
Um abraço minha Amiga
J.
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