terça-feira, 6 de maio de 2014

Tesouros

Há tesourinhos que mesmo que deprimentes se arrastam pela vida fora nas sucessivas mudanças de casa, ou de lar, que pode não ser exactamente o mesmo.

Os meus, não sendo revisitados com regularidade, não sei já se são ou não deprimentes – ser deprimente é um critério que muda com o avanço do tempo – ontem foi, hoje já não, sendo que o contrário é tão válido quanto este.

Adivinharam – mudei de casa. Novamente. A vida é, preciso de acreditar, mesmo assim – para ser vivida em toda a sua plenitude. E apesar da paz e do sossego serem uma ambição, não podem ser conseguidos a qualquer custo – aliás, não podem custar nada, têm de ser parte integrante do pacote, ou este não valerá a pena.


Nestas minhas andanças tenho arrastado comigo três ou quatro pequenas caixas, dois diários e muitos manuscritos. Mas, importantes mesmo, são as caixas e os diários que me acompanham desde a infância – sim, infância. Não adolescência ou juventude, mas infância. Lá guardo, religiosamente, bilhetes de autocarro de 2$50, capicuas preciosas que dão sorte na vida. Lá guardo uma noz de três quinas e um rabo de coelho que me foi dado por um apaixonado para que, mais uma vez, me desse sorte. Lá guardo cartas e cartinhas de amigas que me marcaram para a vida, ou as suas cartas não fariam parte do rol. E lá guardo mais uma série de pequeníssimas coisas que já não sei, não me lembro, porque nestas andanças nem tempo tenho para as revisitar. Mas que as guardo, guardo, e por muitas que sejam as coisas de que me vou desfazendo, estas ficam, sabe Deus porquê...Provavelmente para me darem sorte.


1 comentário:

Majo disse...

~
~ Que te acompanhem por muitos, bons e felizes anos.

~ ~ ~ Beijinhos. ~ ~ ~