Há tesourinhos que mesmo
que deprimentes se arrastam pela vida fora nas sucessivas mudanças
de casa, ou de lar, que pode não ser exactamente o mesmo.
Os meus, não sendo
revisitados com regularidade, não sei já se são ou não
deprimentes – ser deprimente é um critério que muda com o avanço
do tempo – ontem foi, hoje já não, sendo que o contrário é tão
válido quanto este.
Adivinharam – mudei de
casa. Novamente. A vida é, preciso de acreditar, mesmo assim –
para ser vivida em toda a sua plenitude. E apesar da paz e do sossego
serem uma ambição, não podem ser conseguidos a qualquer custo –
aliás, não podem custar nada, têm de ser parte integrante do
pacote, ou este não valerá a pena.
Nestas
minhas andanças tenho arrastado comigo três ou quatro pequenas
caixas, dois diários e muitos manuscritos. Mas, importantes mesmo,
são as caixas e os diários que me acompanham desde a infância –
sim, infância. Não adolescência ou juventude, mas infância. Lá
guardo, religiosamente, bilhetes de autocarro de 2$50, capicuas
preciosas que dão sorte na vida. Lá guardo uma noz de três quinas
e um rabo de coelho que me foi dado por um apaixonado para que, mais
uma vez, me desse sorte. Lá guardo cartas e cartinhas de amigas que
me marcaram para a vida, ou as suas cartas não fariam parte do rol.
E lá guardo mais uma série de pequeníssimas coisas que já não
sei, não me lembro, porque nestas andanças nem tempo tenho para as
revisitar. Mas que as guardo, guardo, e por muitas que sejam as
coisas de que me vou desfazendo, estas ficam, sabe Deus
porquê...Provavelmente para me darem sorte.
1 comentário:
~
~ Que te acompanhem por muitos, bons e felizes anos.
~ ~ ~ Beijinhos. ~ ~ ~
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