Gosto de me sentar na bancada da cozinha, de manhã, a
tomar o pequeno almoço.
Ligo o pequeno televisor e a box que o acompanha e, à
medida que vou mastigando a bola de mistura recheada do que me apetecer, vou
mudando de canal na esperança, sempre na esperança, de sentir que estou a par de
tudo o que se passa no mundo.
Tarefa cada vez mais difícil, não pelo que acontece por aí mas
por ficar sempre com uma estranha sensação de distração, de alheamento. Como se
quem me transmite as notícias não as quisesse na verdade transmitir ou não as
conheça também e, tal como eu, ande à procura da realidade que foge, cada vez
mais, dos olhares de todos nós, ou quase todos.
Ontem, por exemplo, enterneci-me com o vídeo de um
chimpanzé fêmea que, tendo sido capturada num estado de saúde muito debilitado,
se despede da sua salvadora com um abraço reconhecido e humano. Quem não se
enterneceria?! No entanto, após uma busca – fácil e rápida -, no Google,
percebo que o vídeo que o jornal da manhã me oferece tem mais de um mês. E,
quando finalmente me passou a comoção do abraço, pensei para mim que talvez,
talvez, os jornalistas não saibam, não tenham forma de saber, que neste mundo
de profundas mudanças todos os dias acontecem coisas. Se calhar não tão
importantes quanto a manifestação, afinal humana, de um símio que nos inspira
ternura e amor – muito adequado, por necessário, para os tempos que correm -,
mas atuais como se querem as notícias – atuais ao jeito de última hora. Tal e
qual eram anunciadas, pelos ardinas, nos primórdios do jornalismo quando os
jornalistas eram apenas meia dúzia de coscuvilheiros que gostavam de escrever.
1 comentário:
Pelas razões que inteligentemente abordou, deixei de assistir a noticiários telivisivos.
O principal objetivo destes noticiários é preencher os sessenta ou noventa minutos obrigatórios, pelo que, quando não há notícias suficientes, temos de suportar as desgraças mundiais com relevo para todos os pormenores chocantes.
E o tom?
Já não suporto o tom bombástico e retumbante, destinado à captação de audiências.
Assim, eu própria seleciono as notícias que me interessam e os comentadores que aprecio.
A "Euronews" também abrange a cultura, educação e arte. Em poucos minutos, tomo conhecimento do essencial das novidades do National Geographic.
O melhor que a minha seleção informática me proporciona, é que posso fazê-la no meu PC, quando quero, no espaço que escolher e de acordo com a minha disponibilidade.
~ Abraço ~
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