terça-feira, 9 de junho de 2015

Ditos e Mexericos


Tenho em mim uma incapacidade de crítica às questões públicas que me deixa a oscilar entre a possibilidade de eu ser realmente ignorante, despersonalizada e indecisa, ou simplesmente incapaz de falar sobre aquilo que não conheço verdadeiramente e não gostar, de todo, de especulações baratas.

Não que não goste de mexericos, que gosto, de vez em quando. Mas no privado. Os mexericos fazem parte das coisas que se partilham com os amigos, na intimidade e na cumplicidade das amizades que se querem divertidas porque todos sabemos que não passam disso, de mexericos e que, provavelmente, estarão sempre demasiado longe da verdade que nem sequer entra nesta equação.

Mas expor publicamente a minha ignorância, mesmo que disfarçada de sabedoria, como agora se faz nas redes sociais onde toda a gente opina com certezas absolutas, não está na minha natureza.

Tempos houve em que admirei esse opinadores convictos acreditando que sabiam o que diziam. Mas acabei por perceber que, na verdade, as suas opiniões não passam de formas de extravasar o que lhes vai na alma – aquilo em que acreditam, aquilo em que querem acreditar e ou aquilo em que precisam de acreditar porque lhes acalma as frustrações. 

Com o tempo descobri que não é possível ter uma visão suficientemente global das coisas para poder opinar de forma verdadeiramente democrática, que é como quem diz – isenta.

Nenhum de nós tem o panorama todo. Por isso, as palavras que se vomitam não passam de opiniões mal fundamentadas por visões limitadíssimas das coisas. 

Não passam, ao fim e ao cabo, de verdades particulares, de realidades pessoais que podem, ou não, contagiar quem as ouve, dependendo da convicção com que são transmitidas.




1 comentário:

Maria disse...

Mas isso é que tem graça, o ponto de vista de cada um. Não somos donos da verdade, mas podemos dar a nossa luz aos assuntos públicos, desde que não se ofenda e se procure a verdade