domingo, 14 de junho de 2015

Ir aos Figos


Seja lá de que maneira for, ir aos figos é sempre muito agradável - goste-se  ou não dos ditos.

Neste caso a referência pretende ser literal.  É fruta que, sempre que posso, não dispenso. E viver num lugar onde as figueiras abundam e deixam cair os ramos, e os frutos, para fora dos quintais, é um privilégio.

Todos os dias passo por várias. Observo-os, aos figos, e penso que com ou sem companhia lhes hei-de deitar a mão - assim que amadurecerem.

Já consegui saborear dois. Eu sei, é coisa pouca. Mas prefiro deixá-los amadurecer um pouco mais. Prefiro que absorvam todo o sol que puderem porque a fruta, tal como o amor, é boa quando está madura e alberga, dentro de si, o calor e a energia de um raio de sol.

Mas nem tudo é como se espera e os figos, cujo crescimento tenho vigiado, os figos pelos quais pacientemente tenho esperado, estão a sucumbir a esta chuva fora de horas.


Esta água que cai do céu desprevenida e despropositada retrai os frutos e fecha-os, como aos homens, dentro de cascas mirradas deixando-me sem figos e sem homens mas na esperança, sempre na esperança, que haja quem sobreviva às intempéries e, sem medo, amadureça para mim.


1 comentário:

Maria disse...

Podes não colher muitos figos, mas o aroma da figueira esse não se esconde e é delicioso.