terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Do medo

A vida não teria com certeza metade da graça sem todas as incertezas que nela vivem. Imaginem se soubéssemos de antemão tudo o que nos vai acontecer, como nos vai acontecer, onde nos vai acontecer… Nada faríamos. Deixar-nos-íamos ficar, quietos no nosso canto à espera, à espera que acontecesse…
As incertezas são o sal da vida, não me queixo; não duvido. Mas são elas, também, que me arrasam o coração; que me pregam nas mãos este tremor; que me trocam os passos; que me plantam na alma o medo de me perder pelo caminho; o medo de não chegar, eu! Eu que sempre disse que é o caminho que interessa! Chegar ou não, aqui ou ali, logo se verá. O que interessa são as cores que encontramos; as estradas; o sol e a chuva; as gentes que connosco se cruzam. Isso é que interessa.
Então porquê este medo agora?! Este medo de acabar torta; de não conseguir lá chegar; de não ter tempo; de ser já tarde?! Este medo que não me serve para nada a não ser para me atrasar ainda mais; para me atrapalhar. Este medo que só me prejudica! Esta merda deste medo capaz de estragar, ele sim, todos os passos do meu caminho; todos os verdes; todos os sóis e até as pedras! Este medo capaz de tomar conta de mim!
Estamos numa era de ciência e de tecnologia. Numa era rica em descobertas e invenções.
Vou lá fora. Vou entrar em todas as lojas; em todas as farmácias e para farmácias; em todas as drogarias que encontrar. Nalguma encontrarei, com certeza, um remédio para o meu medo e, se por acaso se tiver esgotado, vou correr todos os jardins até encontrar a árvore do antimedo. Depois apanho um ou dois frutos e como-os. Um ou dois. Penso que será o suficiente...

1 comentário:

CF disse...

Hum... Tenho para mim que encontras dentro de ti tudo quanto precisas. É só procurar...