terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Nós e as moscas


Há momentos em que duvido de tudo. Ponho em causa todas as certezas e minimizo a importância do mundo. Não, não se trata de relativizar. É muito mais do que isso. É desvalorizar tudo aquilo a que nos atracamos na convicção de que tem valor universal. É desvalorizar todas as certezas, por as acreditar improváveis e temporâneas. É desvalorizar todos os dramas, por os encontrar insignificantes no meio desta vastidão que é o universo. É desvalorizar todas as lutas, por as acreditar pequenas e vãs, incapazes de vencer as forças que têm, verdadeiramente, mantido o comando – as daquela natureza que também é a nossa mas que teimamos em incompreender.
Um amigo muito querido, que não via há muito tempo e com quem hoje almocei, contou-me uma história de um grupo de cientistas que se reuniu para estudar o voo da mosca. Cada um, na sua especialidade, foi concluindo que a mosca não pode de forma alguma voar – tem peso excessivo para a envergadura das asas; não possui o aerodinamismo necessário para o empreendimento… enfim, este grupo de cientistas concluiu que a mosca não pode voar e toda a gente ficou a saber que a mosca não pode voar.
Toda a gente, menos a mosca.

2 comentários:

CF disse...

:)) E diria eu que a mosca é que importa... Vai-se a ver e podemos tirar ilações... Não??

Urbano Gonçalo de Oliveira disse...

Olá!
Alguém por favor que informe essa mosca!!!
Não vá ela ter um acidente.
Agora a sério, passei para te descobrir, voltarei com mais tempo.
Fica bem, bom fim de semana.