Não
sei se existe uma tendência geral para insistir nos mesmos passos, como quem
quer todos os dias resgatar o passado, ou se sou só eu. Mas creio que não. Não estarei sozinha neste particular, até porque ninguém quer estar sozinho quando se trata de questões mais complexas. Aliás, na verdade ninguém gosta de se sentir único nos defeitos. Já nas virtudes...
Daí que, em frente ao espelho, fixos em imagens que já não existem, desviando os olhos de qualquer sinal de novidade, recriam-se momentos, situações, valores, como quem, estando parado, finge que anda.
Ignorando,
ou supondo ignorar, a verdadeira alma da palavra “novo”, busca-se
constantemente o que nunca chegou a ser – destino fatal para tudo o que é
imitação. Mesmo que não o saiba, ou sabendo, tanto faz.
Romper
com o passado é o caminho para quem procura paz de espírito.
Não
um romper romper, de quem vira a cara sempre que se cruzam. Não um romper de
quem deixa de falar ou de quem está muito, mas mesmo muito, zangado, não.
Antes
um romper tranquilo, de quem ama e acarinha mas sabe que já passou. Um romper de
quem agradece mas sabe que é hora de seguir, de avançar para a construção de
novos passados.
Um
romper de quem perdeu o medo, abriu os olhos, olhou o espelho, e seguiu em
frente.
Esse
romper.
2 comentários:
... só que os passado faz parte de nós, da nossa vida e do nosso presente. Aquilo que somos hoje é hora do que construímos ou desconstruímos no passado. Quantas vezes, imagens, sons, aromas, fantasmas do passado não me perseguem. Difícil conviver com o passado...
Um abraço
João
~ ~
~ Belo e muito bem construído o seu texto, Antígona, sobre a necessidade de romper, firme e serenamemte com aquilo que sabemos que já terminou e com isso, readquirir o equilíbrio de uma a sã e rejuvenescedora paz de espírito.
Saber arrumar e fechar as gavetas da vida. ~
~ ~ ~ Abraço ~ ~ ~
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