sexta-feira, 16 de abril de 2010

Da vitimização, ou não...

Se formos a ver bem, a vitimização é uma coisa relativamente simples. Todos nós temos razões de queixa. Todos nós podemos, se quisermos e estivermos para aí virados, chorar as nossas desgraças; lamentar os nossos esforços; carpir sobre os nossos azares; sofrer, enfim, as injustiças do mundo e até de Deus e darmos, assim, realce a todas as mágoas.

Se quisermos, e estivermos para aí virados…

Mas também se quisermos e estivermos para aí virados, podemos agradecer toda a nossa sorte; alegrarmo-nos com todas as nossas conquistas; regozijarmo-nos com os nossos esforços; fortalecermo-nos com os nossos percalços e, sobretudo, chamar-lhes isso mesmo – percalços.

Podemos. Se quisermos e estivermos para aí virados.

Talvez por isso se veja por aí gente sem nada a não ser dor; gente curvada pela vida, a sorrir e a agradecer o sol que espreita, olhe ali, não vê?! naquela nesga! E gente que trabalha e tem um salário, todos os meses; gente que respira saúde; gente que estuda; que escolhe; que luta, porque pode e porque quer, num lamento diário de não aguento mais isto; num choro sufocado de ninguém me quer, ninguém me dá atenção, ninguém me dá valor. Talvez por isso…

1 comentário:

Goldfish disse...

Quando entramos numa espiral de auto-comiseração é complicado sairmos dela. E as forças falham para se continuar a lutar... Mas é garantido que, se não encontrarmos forças para lutar, nunca sairemos dessa espiral negativa! (Parece que andei a ler livros de auto-ajuda e agora distribuo bitaites...)