sábado, 18 de setembro de 2010

Déjà-vu...

Cada vez que despejo uma casa parece que desmancho um bocado de vida, que pode até nem ser meu, se é que não é meu também aquilo que pertence aos que me são mais próximos…
Hoje foi a dos meus pais. Alugámo-la. Não faria sentido estar vazia de gente e cheia de móveis a coberto do pó, e de máquinas a degradarem-se. Quem a alugou quise-a livre de tralhas antigas e escuras e hoje foi o dia escolhido para o despejo.
Não fui capaz de tirar tudo. Por lá ficaram pequenas coisas. A umas abandonei, a outras meti-as ao bolso. Lembram-me tempos antigos... Não consegui dominar o aperto do coração. E nem as lágrimas. O nó na garganta. Dói-me sempre! Por esta altura já deveria estar habituada! Mas dói-me sempre.
Para a semana trata-se do resto.

2 comentários:

Sputnick disse...

Já fechei casas. Ao dar a última volta à chave, não mais olhei para trás. A casa dos meus avós, em Lisboa, foi difícil, fechei a porta a gerações que ali viveram e às recordações. O Meco também, mas um alívio, ao mesmo tempo. Bjs.

CF disse...

Faz parte Antígona, mas dói, é um facto. São memórias que julgamos perder e arrumar, tolice nossa, que nos pertencem para sempre. Ainda assim, o ser Humano necessita de espaço físico onde se movimente, e daí a importância dada aos espaços. Há que lidar. Sorrisos :)