sábado, 28 de abril de 2012

O que a vida é e o que gostávamos que ela fosse


Estranhos que somos! A mim, basta-me prever que não terei tempo, disposição, vontade ou inspiração para escrever por aqui, que logo se me acalma a ansiedade e as palavras surgem sem qualquer tipo de esforço. É o peso da obrigação que me demove, é esse que eu não suporto e que transporto, sem dar por isso, para tudo o que faço, ou assumo fazer, mesmo quando não há motivo para tal. Complica-se assim a vida. E deixa-se de respirar. Sem mais nem menos, sem razão e sem motivo.

Que estranhos somos! Presos na obrigação de nunca envelhecer a despeito dos males dos ossos, dos órgãos, dos músculos. Sempre a correr para o socorro como se não fizessem parte do peso dos anos, as cruzes; as tendinites e as gastrites; os males de pele e o cansaço.

Queremos que a vida seja o que não é e sorrimos sempre que vimos que afinal somos livres, que há males maiores do que os nossos e que os cabelos brancos têm, apesar de tudo, a sua beleza, desde que os olhos brilhem e os lábios se curvem num sorriso rasgado.

Estranhos que somos!

2 comentários:

O Profeta disse...

A ressurreição deu sorriso nasceu com o dia
Ah este inverno que abraça a primavera
Este céu que arroxa meu peito
Estas negras pedras plantadas na terra

O curso do meu errante espirito
Levou-me ao infinito e ao incomensurável
Este orvalho das pequenas coisas
Recorta meu corpo a golpe de cisel

Ocultei meus sonhos numa porta da eternidade
Porque o desespero é voo baixo e sinuoso
Vi ontem dois amantes jurarem uma partilha de vida
Vi olhos que irradiam luz em gesto assombroso

Um imenso abraço

Anónimo disse...

... "desde que os olhos brilhem e os lábios se curvem num sorriso rasgado". É isso! "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena". A nossa predisposição para a felicidade deve sobrepor-se a tudo o resto. É mesmo determinante :-)