terça-feira, 1 de maio de 2012

Viver


O sossego é um oásis no meio do deserto das azáfamas; dos compromissos; das responsabilidades; dos cumprimentos (e incumprimentos); dos deveres e dos haveres; das metas; das veredas; dos atalhos da vida. 

É a sombra de uma árvore quando os prédios são o único horizonte, os escapes invadem as narinas; e o ruído sufoca a audição. 

É a mão que afaga quando mais nada o faz. Os braços que envolvem quando estamos prestes a cair. O raio de sol que surge por engano no ínfimo intervalo entre duas nuvens negras. O silêncio da noite que se segue ao dia onde tudo aconteceu com tal intensidade que ficamos incapazes de o enunciar. 

É o espirro que se solta quando a comichão obriga a fechar os olhos. O alívio de um desapertar de calças. A ausência de um soutien. 

É um campo coberto de girassóis e papoilas. É um mergulho no mar e um banho de sol. Uma noite de sono e um despertar a sorrir. É ter a certeza. É saber o que fazer.

Sossego é não ter nada de que ter medo e é por isso que a Coragem habita do outro lado do Sossego. 

Viver é ser amigo de ambos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu devo estar um bocadinho longe do sossego... não dei um mergulho no mar, não consegui apanhar sol, despertei com um algum sono, sem ser a sorrir...mas não falta tudo! Dei um espirro, as calças estão desapertadas e não uso soutien! Não leves a mal esta brincadeira. Gostei do texto e a vida é isso mesmo: às vezes mais próximo da coragem (porque se tem medo), outras em sossego porque se está tranquilo com a nossa consciência.

Sputnick disse...

Bem, tirando a parte so soutien, identifico-me :)