sexta-feira, 17 de julho de 2015

O Apego e a Traição



"O apego fere a alma da mesma forma que a traição fere o corpo. Ambas as exacerbações ou desequilíbrios geram violências. A violência à alma é contra a própria vida, e responde pela depressão; ao corpo, por sua vez, se expressa contra o mundo externo, no ódio e na vingança."

                                                                                                 Bonder, Nilton, A Alma Imoral

E quem é que se pode gabar de nunca ter sentido uma e outra coisa?! O apego é a forma mais primitiva de amor, a mais brutal, aquela que leva infalivelmente à traição, já que nunca é correspondida porque só pede, só exige, e pouco ou nada dá. Quem ama assim é sempre atraiçoado, mesmo que não seja.

Poucas coisas são tão difíceis na vida como a conquista de um equilíbrio entre a depressão, o ódio e a vingança, de forma a podermos caminhar rumo ao desapego e à aceitação da inevitabilidade, e até da importância, da traição. Sem ela não há evolução. Sem eles - o desapego e a traição -, não há evolução.

Só quando traio o status quo, quando tenho a coragem de questionar a ordem vigente é que me liberto, é que saio do meu conforto para o desconhecido. Só traindo cresço e, para isso, tenho de aprender a amar, tenho de sair de mim, do meu papel, daquele papel que atribui a mim mesma ao longo da vida pela forma como me fui vendo, a mim, aos outros e ao mundo.

Tenho de sair de mim e olhar tudo com um novo olhar. Tenho de reescrever a minha história. Só assim crescerei. Só assim serei feliz e farei feliz quem me rodeia.


1 comentário:

Majo disse...

~~~
~ As emoções de ordem psicossomática...
É impossível fazer uma leitura tão linear e
racional, como fez o rabino Nilton Bonder.

~ Gosto da sua dissertação, em especial o
que concerne ao último parágrafo.

~~~ Dias muito agradáveis. Beijinho. ~~~
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