terça-feira, 28 de julho de 2015

Ninguém me liga nenhuma


Não tem idade este sentimento. Esta terrível frustração de não ser para os outros o que se acha que se deveria ser.

Não tem direcção. Tanto faz se estamos a falar de quem nos é próximo, de quem nos é menos próximo ou daqueles que julgamos conhecer só porque todos os dias nos deixam algumas palavras, tantas vezes arrancadas à solidão, nas redes sociais.

Nem tem sentido. Porque só pode ser fruto das baixas auto-estimas com que a sociedade, cada vez mais, nos presenteia.

Não é, por tudo isto, uma razão vectorial. Mas existe. Vive em nós e é real.

Ninguém me liga nenhuma!


E, se ninguém me liga nenhuma é porque eu não presto para nada. Mas como, cá no fundo, às vezes muito no fundo, eu até sinto que presto. Eu até quero prestar. Então são os outros que não prestam porque não olham, não vêem e não merecem que eu fique. E, numa desgarrada tentativa, serei inconveniente, agressivo, insultuoso até. Ou, simplesmente, virarei costas para voltar, logo a seguir, quando ouvir o público que tanto anseio bater as palmas por um encore.


2 comentários:

Anónimo disse...

Por analogia diria que esta é uma simples e comum situação que se resolve com uma resposta adequada, pelo que o comentário "Pergunta o que podes fazer pelo teu pais, em vez de ficar à espera que o país faça alguma coisa por ti", vem muito a propósito.
Jorge A. Pereira

Alda Couto disse...

Nem mais Jorge. E se não fosse a dificuldade em pensar que têm geralmente estas pessoas, a coisa até que podia funcionar 😀