terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Incapacidades

Entra sem embaraço. Os caracóis artificiais saltam-lhe da cabeça, em desalinho. Vem pedir ajuda. Precisa de escrever uma carta.

Ouve as instruções interessada mas algo dentro dela se opõe como que reclamando a sua incapacidade – então não sabes tu já que não serás capaz de o fazer?! Esta força que a puxa constantemente para trás obriga-a a perguntas repetidas, hesitações, incredulidades…
Volto a explicar, reforçando a facilidade e a importância da prática. Afinal é só uma carta e nem tem de seguir correio fora. Pode sempre ficar pelo caminho, já que é a primeira.
Faz que sim com a cabeça imediatamente antes de um “mas…”que lhe salta do corpo antes de ser pronunciado. As perguntas sucedem-se… as hesitações… as dúvidas… sempre as mesmas.
Viro o jogo ao contrário e pergunto. Ela vai respondendo. Sempre hesitante. Que sabes da instituição para a qual te vais candidatar? Pouco.
Peço-lhe o endereço electrónico. Consulto o site e imprimo-lhe uma página com toda a informação sobre estágios. Repara que a preferência da organização recai nos académicos. Troca académico por curricular, acreditando que um é o outro.  

Esclarece-se e conclui, aliviada, que não vale a pena escrever a tal carta.

Sem comentários: