Este ano enganei-me na liquidação do imposto único de circulação. Há anos que me habituei a fazer tudo pelo computador e em vez de digitar 30.10€, fiquei-me pelos 30€.
Apercebi-me disso quando precisei de uma declaração que ficou suspensa por mor dos dez cêntimos que tinham passado despercebidos.
Dirigi-me à repartição da minha área de residência e liquidei os ditos.
Alguns meses mais tarde, recebi uma daquelas cartas que me deixam sempre suspensa entre a perplexidade e a curiosidade, proveniente do Ministério da Finanças. Um invólucro-mensagem, em correio registado, com o convite: “é favor rasgar pelo picotado”. Chegou nos finais de Outubro com uma referência multibanco para pagamentos ao Estado que eu utilizaria para liquidar 15€ de multa por me ter atrasado no pagamento dos dez cêntimos.
Por vezes as nossas atitudes devem-se mais ao comodismo do que à razão e, para não me chatear, paguei e calei.
Pois que anteontem recebi mais uma, em tudo igual à primeira, à excepção da referência para pagamento, essa traz outros números mais frescos e elevados. Contudo, o propósito é o mesmo, bem como a quantia a liquidar.
Pergunto-me, curiosa, se no dia em que confundi um 1 com um 0 me terei constituído forte candidata a perseguição fiscal e, se assim for, quantas cartas mais irei receber. É que, ao fim e ao cabo, incomoda-me ser causa de tanta despesa numa época de crise como esta que atravessamos.
1 comentário:
Pela lógica do fisco, se tivesses pago os 10 cêntimos a mais, serias tu a exigir os 15€...
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