quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

No rescaldo de um dia estranho (Para a Carolina)

Foi um dia estranho o de ontem. Ia dizer complicado, mas depois pareceu-me impróprio. Estranho. Foi um dia estranho. Daqueles em que as pessoas chocam. Em que as energias andam desaustinadas e os mais improvidentes se deixam desaustinar também.

Um dia esquisito. Capaz de quase sangrar corações. Um dia em que uma morte se deixou anunciar, já no fim, como se viesse dizer pronto, já passou. Um dia esquisito. Um dia em que a vontade me fugiu por brechas, que irresponsável e levianamente deixei que abrissem. Em que um certo mal espreitou exigindo atenção redobrada e cheguei ao fim de peito cansado mas longe, bem longe, da tranquilidade.

Estou melhor agora. Fez-me bem a noite. Apesar de continuar por cá um certo aperto, uma certa zanga. Devem-me desculpas e eu não me porei a jeito para que elas cheguem até mim. Não, nem todas as pessoas desta ou daquela faixa etária são desta ou daquela maneira, mas que existem características comuns, existem, menos boas muitas delas, e a culpa só pode ser nossa que os criámos. E como sou daquelas que se esforça por olhar as imagens que os outros espelham, veio-me à ideia aquela que diariamente transmito da minha mãe velhinha  que não tendo tido, nem procurado, as mesmas oportunidades que eu para crescer, teve as dela que nem imagino, porque dificilmente imaginamos as oportunidades alheias, ou seja o que for que não nos pertence. Veio-me à ideia a presunção que por vezes ponho nas palavras, a forma desrespeitosa como por vezes menosprezo a sua experiência e acabei por sorrir: não há dúvida de que o que vai volta, para uns mais cedo, para outros um pouco mais tarde, mas volta sempre.

E quanto às dúvidas. É tão bonito e politicamente correcto apregoarmos que quanto mais sabemos menos sabemos, o que só é verdade visto do ponto da extensão do conhecimento, i.e., da noção cada vez mais extensa de possibilidades. O que não implica, evidentemente, que não se construam ao longo da vida alicerces assentes no conhecimento que a vida nos foi, amavelmente, transmitindo, através da experiência. 

Defender que não há certezas e afirmar isso como uma certeza inabalável é que é, não só estupidamente contraditório, como revelador de uma ainda muito fraca maturidade.

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