Quando eu era miúda faziam-se as festinhas de Natal dos
colégios, não faço ideia se as escolas públicas tinham alguma coisa desse
género, não andei em nenhuma a não ser quando passei para o Preparatório, e
como também não me lembro de mais nenhuma festa infantil a partir dessa altura,
depreendo que não existia essa tradição.
Agora, as escolas públicas fazem festas, às quais dão o pomposo nome de saraus, de fim de
ano, muito por caturrice de certos professores de música. Aliás é provável que
daqui a uns anos se comecem a erguer estátuas e a escrever versos aos professores
de música, tal tem sido a influência exercida nos comportamentos e nas
culturas.
Falta-lhes, ainda e contudo, a estreita colaboração do resto
do pessoal docente que tem o hábito de guardar para a última hora os preparos
de festas que acabam por sair coladas com cuspo (eis uma expressão deveras útil
para muitas das coisas que se fazem por este país fora), sem primor ou brio,
sem grande exigência, acabando por transmitir às crianças uma mensagem do tipo:
não se preocupem, não têm de ter muito trabalho ou empenho, qualquer coisa
serve, levando-as assim a acreditar que basta subir a um palco e olhar os que
na plateia aguardam, para serem já estrelas brilhantes num qualquer céu.
Festas de fim de ano em que filas de miúdos se estendem pelo
palco sem saber o que fazer, enquanto um rádio roufenho transmite música
estridente e dois professores, sentados de pernas cruzadas, orquestram
sozinhos, deveriam ser proibidas. É muito bonito, e até estimulante, apresentar
a todos os pais as “habilidades” dos filhos. Seria deveras proveitoso e
verdadeiramente educativo apresentar-lhes algo que prendesse, realmente, a sua
atenção, como, por exemplo, os filhos a darem espectáculos dignos de serem
vistos por serem o resultado do esforço e do empenho de quem os fez.
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