Lá fora tocam todas as marchas e santas cantorias sobre Lisboa ir ladina e cheirar bem. Há gente que dança e outra que não. Há gente às varandas e gente que não. Em noites como esta em que o dia já passou a outro dia, eu rendo-me às evidências e vou-me entretendo até que se desliguem as aparelhagens e eu possa enfim dormir. Já me inclinei sobre o gradeamento lá de fora, trauteando as mesmas músicas e balançando a cintura num gesto de aceitação, de cumplicidade mesmo, dizendo de mim para mim que quando não os podes vencer o melhor mesmo é juntares-te a eles.
Um pouco afastadas da festa estão quatro adolescentes que teclam incessantemente nos pequenos aparelhos de onde não levantam nunca os olhos, enquanto a maioria dos folgazões se mantém sentada à espera sabe-se lá de quê. No meio de tanta algazarra, reparo agora, só um ou dois pares se mantém estoicamente na pista de dança. Se calhar já desligavam o aparelho, apagavam as luzes, tiravam os carros de cima da relva e punham-se a mexer para a casinha deles. Se calhar já era uma boa, pararem com os festejos. Não estamos no Porto pelo que o S. João, que apesar de ser santo não é omnipresente como Deus, não está por estas bandas. Por isso…ponham-se a mexer que eu quero ver se durmo qualquer coisinha.
(Até porque já se estão a repetir. Os corpetes já passaram tantas vezes por aquelas colunas que já não são três. São, pelo menos, nove...)
1 comentário:
:):) Imagino...
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