Não me revejo na dicotomia esquerda/direita. Mais –
irrita-me solenemente a designação tal como me irritam cada vez mais as
politiquices dos partidos. Todas as ações parecem levar à obtenção de
interesses partidários. E o povo pá?! Que se lixe o povo.
O estranho no meio de tudo isto é que acabo por me rever
muito mais em filosofias que, segundo os especialistas, se encaixam mais à
direita. Para mim, não estou nem de um lado nem do outro, sendo que posso até
oscilar consoante as ocasiões. Sou, e disso não tenho a menor sombra de dúvida,
pela justiça. E sei muito bem o que isso quer dizer, ao contrário de muita
gente que anda para aí a apregoar que a justiça está na igualdade de proveitos.
Sou pela igualdade, sim, de oportunidades. E depois, cada um que faça o melhor
que sabe e quer. É isso a liberdade. Sou pela liberdade. Pela liberdade e pelo
respeito. Coisas que cada vez menos vislumbro naqueles que fazem política. Está
tudo muito bem, desde que esteja de acordo com as suas ideias. Enfim…
Anda por aí um jornal online que, de vez em quando, diz
coisas interessantes. Não as tenho divulgado porque embirro solenemente com o
nome. Por causa dele cheguei à conclusão que isto de se ser uma coisa ou outra
depende menos de nós do que se poderia supor. Ele há coisas que somos porque sim.
Está-nos no sangue como se sempre cá tivesse estado ainda que tenha sido posto.
Ao fim de uma série de anos, sabemos lá nós o que é posto ou já cá estava!... A
palavra esquerda irrita-me. Associo-a a poucochinho, a pobreza, a ignorância.
Depois oiço falar a Ana Drago, por exemplo, ou o Bernardino Soares e não só
gosto de os ouvir como posso até concordar com certas coisas que dizem.
Anteontem, numa conferência a que assisti, afirmava-se perentoriamente
que não existe democracia sem partidos políticos. Lá está! É também a isto que
eu chamo de poucochinho. A esta incapacidade de abrir mão dos modelos
existentes. Afinal quem é que inventou os modelos políticos? Não foram aqueles
que, sentindo-se irresistivelmente atraídos por uma determinada ideologia
tiveram de inventar uma forma de a pôr em prática? Ora novas ideologias não param,
com certeza, de assolar as cabeças de quem não dorme à pala de uma crise criada
por interesses de quem, provavelmente, ainda não perdeu o sono. Portanto, a matéria-prima
está lá. Só falta o know-how.
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