segunda-feira, 25 de março de 2013

Inventores, precisam-se

Não me revejo na dicotomia esquerda/direita. Mais – irrita-me solenemente a designação tal como me irritam cada vez mais as politiquices dos partidos. Todas as ações parecem levar à obtenção de interesses partidários. E o povo pá?! Que se lixe o povo.
O estranho no meio de tudo isto é que acabo por me rever muito mais em filosofias que, segundo os especialistas, se encaixam mais à direita. Para mim, não estou nem de um lado nem do outro, sendo que posso até oscilar consoante as ocasiões. Sou, e disso não tenho a menor sombra de dúvida, pela justiça. E sei muito bem o que isso quer dizer, ao contrário de muita gente que anda para aí a apregoar que a justiça está na igualdade de proveitos. Sou pela igualdade, sim, de oportunidades. E depois, cada um que faça o melhor que sabe e quer. É isso a liberdade. Sou pela liberdade. Pela liberdade e pelo respeito. Coisas que cada vez menos vislumbro naqueles que fazem política. Está tudo muito bem, desde que esteja de acordo com as suas ideias. Enfim…
Anda por aí um jornal online que, de vez em quando, diz coisas interessantes. Não as tenho divulgado porque embirro solenemente com o nome. Por causa dele cheguei à conclusão que isto de se ser uma coisa ou outra depende menos de nós do que se poderia supor. Ele há coisas que somos porque sim. Está-nos no sangue como se sempre cá tivesse estado ainda que tenha sido posto. Ao fim de uma série de anos, sabemos lá nós o que é posto ou já cá estava!... A palavra esquerda irrita-me. Associo-a a poucochinho, a pobreza, a ignorância. Depois oiço falar a Ana Drago, por exemplo, ou o Bernardino Soares e não só gosto de os ouvir como posso até concordar com certas coisas que dizem.
Anteontem, numa conferência a que assisti, afirmava-se perentoriamente que não existe democracia sem partidos políticos. Lá está! É também a isto que eu chamo de poucochinho. A esta incapacidade de abrir mão dos modelos existentes. Afinal quem é que inventou os modelos políticos? Não foram aqueles que, sentindo-se irresistivelmente atraídos por uma determinada ideologia tiveram de inventar uma forma de a pôr em prática? Ora novas ideologias não param, com certeza, de assolar as cabeças de quem não dorme à pala de uma crise criada por interesses de quem, provavelmente, ainda não perdeu o sono. Portanto, a matéria-prima está lá. Só falta o know-how.

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