domingo, 17 de março de 2013

Não gosto da pobreza. De nenhum tipo de pobreza. De coisas pequeninas, comezinhas, feias e pobres. Não gosto de imitações. Não gosto da pobreza.

Fizeram-nos acreditar na nobreza do trabalho braçal e da pobreza enquanto enchiam os bolsos, e as casas, de descendentes ociosos e loiças caras.
Ainda hoje há quem enobreça essa miséria – as artroses incapacitantes e a falta de dentes de quem alancou fardos impossíveis e nunca ganhou para o dentista. Mais!, de quem nunca conseguiu comer decentemente. Esse foi o Portugal dos anos 30, 40, 60, do século passado. Um país pequenino e miserável, de gente esforçada mas ignorante e absurdamente crente nas baboseiras impingidas por uma religião que desde a idade média que faz de tudo, e quando digo de tudo é de TUDO mesmo, para enriquecer mais e mais e mais e cada vez mais. Uma religião que oferece o céu aos pobrezinhos! (Estou capaz de apostar em como há quem dependa tanto dela que chegue a acreditar que os seus membros, ao viverem na opulência, no conforto e na proteção que a maior parte dos povos nem sonha, se sacrificam pela humanidade!...)
Portugal cresceu. O mundo cresceu. E a ignorância, embora subsista, tende a ter cada vez menos voz. Vivemos num país que pode até estar pobre – na verdade nunca foi rico -, mas que se soube munir de instrução, cultura e conhecimento. Um país repleto de gente difícil de enganar e, por isso mesmo, mais difícil de manobrar. Contudo, continua a existir um fator dominador que deve, que tem de ser combatido. E hoje, tal como ontem, só funciona na divisão. O medo de ser despedido; de não encontrar sequer emprego; de não ter meios de subsistência leva à submissão, à aceitação muda de estados ilegítimos, injustos e perniciosos. O medo de seguir em frente; de casar; de ter filhos levará a seu tempo ao desaparecimento de nós.
Ficarão eles. Aqueles que não sabemos bem quem são mas que continuam, ainda que de formas mais subtis, a dominar as massas que somos nós. Mas uma coisa é certa, da forma como temos crescido, cada vez mais terão de aguçar o engenho e, com o tempo, também eles hão de perder poder.

3 comentários:

Goldfish disse...

Ai, acabei de apagar o comentário... Bem, resumidamente, eu não creio assim tanto na nossa evolução e o que ouço nas lojas de bairro em plena Lisboa desespera-me. O "pobre mas honrado", o trabalho no campo "que não cura mas também não provoca maleitas, como os trabalhos da cidade, com todo o stress", o "malvado trabalhador grevista" que leva o país à falência e o "esperto político que se enriqueceu à custa do que nos roubou, fez bem, que se fosse eu fazia o mesmo". E quando me dizem para não deixar a cadela tocar-me na barriga, ou a criança vem com sinais peludos?!? Ah, e em relação à religião, quando católicos praticantes não sabem nem acreditam que o deus cristão é o mesmo que o judaico e o islâmico?!? Bem, o resumidamente já lá vai, e ficava aqui até amanhã. :(

Alda Couto disse...

:):):) Pois, de certa forma ainda somos um povo de crendices, mas isso é porque ainda vivem gerações que foram criadas nelas porque a coisa tende a acabar :) Não é falso que temos, agora, a geração mais instruída deste país :)

Goldfish disse...

Sim, também tenho esperança nas novas gerações! Mas só quando deixarem de achar que o sol provoca constipações... :D