Adaptação é a palavra de ordem. Adaptação e cedência. Eis o
segredo. Eis a dificuldade. Eis…ia dizer a dor mas reconheço o exagero. Dor é
outra coisa. Dor é coisa que segue desgraça e eu estou a falar de um caminho
que se quer de graça. E agora até parece que a mente me fugiu para as despesas.
Não. Refiro-me à graça que se opõem à desgraça. Sim, essa, porque a outra não
existe. É uma ilusão. Sabemos disso desde os anos 30 do século passado, ainda
que se ignore o cérebro que a tal conclusão chegou. Eis então o segredo; eis a
dificuldade. Abdicar. Abdicar de coisas que nos acompanham há séculos e que
espelham o nosso percurso, só porque não cabem dentro de casa. Abdicar de
decisões para nós primordiais e muito muito superiores a outras quaisquer – não
tivessem sido elas as nossas companheiras de luta até à data. Abdicar de
saberes. Subvalorizar experiências preciosas, só porque (só porque – reparem!)
as do outro existem! É isto, também, a vida. A alternância entre a certeza e a
incerteza; a revisão dos valores; a adaptação das crenças; a aceitação do
outro, tão diferente de nós! Carregado de ideias estranhas, esquisitas, despropositadas
porque não são as nossas. E tão mais despropositadas quanto mais delas se
afastam.
Adaptação é a palavra de ordem. Adaptação e cedência.
Aprendizagens que se fazem com tempo, muita paciência e aos empurrões. Há
coisas demasiado empedernidas em almas quase sexagenárias!
Adaptação é a palavra de ordem. Adaptação e cedência.
Aprendizagens que se fazem devagar, hora a hora, com muita calma, como se estivéssemos
a atravessar um cabo, suspenso q.b., de barra de equilíbrio nas mãos e um pé sempre
à frente do outro. Cuidado! É importante que o calcanhar do da frente se una à
ponta dos dedos daquele que fica para trás. E vale a pena lembrar que as posições,
para que se avance, têm de ser alternadas.
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