Somos
personagens de um enredo que nem sempre foi, ou é, escrito por nós. Afogamos,
na certeza, o nosso desejo de controle, ainda que a nossa vista pouco alcance
e, de vez em quando, só para podermos ter consciência da sua imensidão, surge
uma revelação capaz de nos espantar – alguém da família é, há anos, responsável
pela educação dos filhos de um outro alguém, filho, por sua vez, de outros
alguéns que fizeram, em tempos passados mas marcantes, parte das nossas vidas.
Eram os filhos pequenos ainda. Tão pequenos, que nos nossos corações jamais
cresceriam. E agora, no entanto, são já pais cujos filhos aprendem pelas
palavras de um outro recente membro familiar, na cabeça de quem não existe,
entre nós e os seus educandos, qualquer espécie de elo. Como se engana!
Vivemos no
centro de uma teia que não construímos mas que não deixa, por isso, de ser
real. E, sempre que insistimos em tomar para nós os louros de todos os nossos
feitos, algo nos é revelado. E espantamo-nos com as coincidências cuja
existência nos interessa defender.
As redes sociais
são, para quem estiver atento, instrumentos capazes de nos surpreender nesse
campo. Alguma vez lhes aconteceu descobrir que um amigo de infância, ligado ao
grupo dos amigos de infância, afinal trata por tu um outro amigo, ligado a um
grupo que julgávamos tão distante dos nossos amigos de infância quanto a Lua
está da Terra? Pois pode não acontecer todos os dias, mas acontece. E são estes
pequenos acontecimentos que vão salpicando a vida aqui e ali – alguns de forma
tão discreta que chegam a passar despercebidos -, que me permitem vislumbrar,
levemente, muito levemente, a imensidão desta trama que é o mundo e a vida.
1 comentário:
De fato, o mundo pode ser uma vasta trama para quem não tem medo de viver intensamente.
"Audaces fortuna juvat"...
A vida é nuito curta e merece ser vivida com audácia. Devemos concentrarmo-nos no essencial que é sempre muito simples e não no surpéfluo que pode ser complicado.
Abraço
Enviar um comentário