domingo, 10 de novembro de 2013

A teda do mundo e a inexistência do acaso

Somos personagens de um enredo que nem sempre foi, ou é, escrito por nós. Afogamos, na certeza, o nosso desejo de controle, ainda que a nossa vista pouco alcance e, de vez em quando, só para podermos ter consciência da sua imensidão, surge uma revelação capaz de nos espantar – alguém da família é, há anos, responsável pela educação dos filhos de um outro alguém, filho, por sua vez, de outros alguéns que fizeram, em tempos passados mas marcantes, parte das nossas vidas. Eram os filhos pequenos ainda. Tão pequenos, que nos nossos corações jamais cresceriam. E agora, no entanto, são já pais cujos filhos aprendem pelas palavras de um outro recente membro familiar, na cabeça de quem não existe, entre nós e os seus educandos, qualquer espécie de elo. Como se engana!
 
Vivemos no centro de uma teia que não construímos mas que não deixa, por isso, de ser real. E, sempre que insistimos em tomar para nós os louros de todos os nossos feitos, algo nos é revelado. E espantamo-nos com as coincidências cuja existência nos interessa defender.
 
As redes sociais são, para quem estiver atento, instrumentos capazes de nos surpreender nesse campo. Alguma vez lhes aconteceu descobrir que um amigo de infância, ligado ao grupo dos amigos de infância, afinal trata por tu um outro amigo, ligado a um grupo que julgávamos tão distante dos nossos amigos de infância quanto a Lua está da Terra? Pois pode não acontecer todos os dias, mas acontece. E são estes pequenos acontecimentos que vão salpicando a vida aqui e ali – alguns de forma tão discreta que chegam a passar despercebidos -, que me permitem vislumbrar, levemente, muito levemente, a imensidão desta trama que é o mundo e a vida.
 

1 comentário:

Majo disse...

De fato, o mundo pode ser uma vasta trama para quem não tem medo de viver intensamente.
"Audaces fortuna juvat"...
A vida é nuito curta e merece ser vivida com audácia. Devemos concentrarmo-nos no essencial que é sempre muito simples e não no surpéfluo que pode ser complicado.

Abraço