Exmo. Senhor Ministro das Finanças,
Tomei conhecimento através da Comunicação Social que o Governo indemniza certas Empresas que, tendo sido concebidas para um determinado número de utentes, estão a funcionar, vá lá saber-se porquê, a meio gás. Soube também que estas indemnizações são calculadas a partir do número de utentes previsto inicialmente e o número que, na verdade, a empresa consegue angariar.
Ora a minha Empresa foi projectada para receber cerca de cem utentes mas, infelizmente, ainda só conseguimos cinquenta pelo que venho por este meio, junto de V. Exa., reclamar a minha quota-parte de indemnização.
Não o vou maçar com a descrição das inúmeras providências que já tomei para resolver a situação; das dores de cabeça que tenho tido; das noites de insónias; das faltas de ar… Mas não posso deixar de manifestar o meu desagrado perante a falta de informação! Soubesse eu da existência, da possibilidade, de um contrato desta natureza e não me teria preocupado como me preocupei; não me teria esforçado como me esforcei; não teria, em suma, posto em causa a minha saúde, física e mental.
Assim, agradeço desde já toda a celeridade na resolução deste problema, que não é só meu é de todos já que as Empresas são o sal de Portugal, e digo «sal» no sentido figurado evidentemente – naquele sentido em que o Padre António Vieira a ele se referiu, e apresento os meus melhores cumprimentos certa de que, esta noite, dormirei muito mais descansada.
De V. Exa.
Atenciosamente
Atenciosamente
Esta sua criada
2 comentários:
O País dos Mamões. É qie não há outro nome.
Diz quem conheço e conhece - ex-funcionária da CP, REFER e afins - que o contrato com os comboios da 25 de Abril são vergonhosos. É uma impossibilidade matemátiva que aqueles comboios, na máxima capacidade, viajando com intervalos o mais pequeno possível entre eles (o que já acontece em hora de ponta), atinjam os valores de utentes previstos. É triste, mas estas notícias nunca são notícia, até porque este contrato, por ex., já data da inauguração do comboio da Ponte... Acho que também devia ter feito um, sem dúvida, Antígona. É que sem eles há maçada a mais e, pasme-se, pode até não haver tanto lucro para pagar prémios (de produtividade)!
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