Diz-se que atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher. Perdão! Parece que “atrás” deixou de ser politicamente correcto – ao lado, ao lado é melhor – ao lado de um grande homem está sempre uma grande mulher.
E ao lado de uma grande mulher? Está, ou alguma vez esteve, um grande homem? Sei, por exemplo, que a Amália Rodrigues foi “discretamente” casada com um personagem que poucos conheciam e que a Isabel Allende, casada também, se dá “ao luxo” de um isolamento bianual para poder escrever o que escreve. Ou, pelo menos, dava. Não tenho acompanhado a obra dela, pelo que não sei se tem escrito ou não. Mas, sinceramente, não sei se se podem considerar grandes mulheres… Das grandes mulheres da História parece que não rezam companhias estáveis. Isabel I, por exemplo, nunca chegou a casar.
Seja como for, sempre foi, e continua a ser, muito mais fácil, e “aceitável”, a progressão da carreira masculina no seio do casal, já que esta implica preciosas dádivas de tempo, naturalmente “roubado” à família. À mulher continua a caber o papel daquela “que se adapta”. Há excepções, evidentemente, creio até que as haverá mais nestas novas gerações. A minha e as anteriores são verdadeiras desgraças e é por isso que eu não me entendo com companheiros. Não que seja, ou tenha pretensões a ser, uma grande mulher, mas porque tenho traçado, ao longo dos últimos anos, o meu próprio caminho e não estou disposta a abdicar de nenhuma das suas parcelas. Quem quiser caminhar ao meu lado é bem-vindo, quem achar que para isso acontecer eu terei de me “adaptar”, desengane-se. Já dei para esse peditório e saiu-me caríssimo! Para além de que, provavelmente, o meu amor se gasta diariamente por aí, pelos meus filhos, pelos meus pais, pela minha família enfim; pelos livros que leio (e pelos que escrevo e hei-de escrever); por todas as crianças com quem trabalho; pela minha aposta académica… É muito, reconheço. Mas pergunto-me se mais alguma vez ele será “suficiente” para corresponder a uma única pessoa. Em particular a alguém da minha geração que acredita que a “necessidade” do outro é vital numa relação, quando eu acredito que a vitalidade está na partilha de duas almas completas, verdadeiramente autónomas e independentes.
Assim sendo, retorno à minha condição anterior, que aliás já tinha tomado por certa, e dou por terminada mais esta tentativa de vida “acompanhada” na certeza de que valeu a pena; na esperança de não ter magoado ninguém – não foi, nunca é, minha intenção – e na consciência de que o perpetuar deste meu, mais ou menos, solitário caminho, se vai afirmando cada vez mais com o decorrer dos anos.
E ao lado de uma grande mulher? Está, ou alguma vez esteve, um grande homem? Sei, por exemplo, que a Amália Rodrigues foi “discretamente” casada com um personagem que poucos conheciam e que a Isabel Allende, casada também, se dá “ao luxo” de um isolamento bianual para poder escrever o que escreve. Ou, pelo menos, dava. Não tenho acompanhado a obra dela, pelo que não sei se tem escrito ou não. Mas, sinceramente, não sei se se podem considerar grandes mulheres… Das grandes mulheres da História parece que não rezam companhias estáveis. Isabel I, por exemplo, nunca chegou a casar.
Seja como for, sempre foi, e continua a ser, muito mais fácil, e “aceitável”, a progressão da carreira masculina no seio do casal, já que esta implica preciosas dádivas de tempo, naturalmente “roubado” à família. À mulher continua a caber o papel daquela “que se adapta”. Há excepções, evidentemente, creio até que as haverá mais nestas novas gerações. A minha e as anteriores são verdadeiras desgraças e é por isso que eu não me entendo com companheiros. Não que seja, ou tenha pretensões a ser, uma grande mulher, mas porque tenho traçado, ao longo dos últimos anos, o meu próprio caminho e não estou disposta a abdicar de nenhuma das suas parcelas. Quem quiser caminhar ao meu lado é bem-vindo, quem achar que para isso acontecer eu terei de me “adaptar”, desengane-se. Já dei para esse peditório e saiu-me caríssimo! Para além de que, provavelmente, o meu amor se gasta diariamente por aí, pelos meus filhos, pelos meus pais, pela minha família enfim; pelos livros que leio (e pelos que escrevo e hei-de escrever); por todas as crianças com quem trabalho; pela minha aposta académica… É muito, reconheço. Mas pergunto-me se mais alguma vez ele será “suficiente” para corresponder a uma única pessoa. Em particular a alguém da minha geração que acredita que a “necessidade” do outro é vital numa relação, quando eu acredito que a vitalidade está na partilha de duas almas completas, verdadeiramente autónomas e independentes.
Assim sendo, retorno à minha condição anterior, que aliás já tinha tomado por certa, e dou por terminada mais esta tentativa de vida “acompanhada” na certeza de que valeu a pena; na esperança de não ter magoado ninguém – não foi, nunca é, minha intenção – e na consciência de que o perpetuar deste meu, mais ou menos, solitário caminho, se vai afirmando cada vez mais com o decorrer dos anos.
3 comentários:
Querida Antígona, um lindo texto, que confesso, não esperava ler. Ainda assim, entendo-te na perfeição. Não sei se trilharei sozinha para sempre. Mas sei que não trilharei nunca ao lado de quem de alguma forma me pear as pernas. A propósito, comecei ontem a nova etapa. Voltei à escola e estou feliz:) Apesar de sozinha de novo, espero que tb estejas. A propósito, já tarda a jantarada. Bora começar a pensar nisso??
Bora lá :):):)
Bem, Antígona, adorei o texto. Contudo, o meu lado de macho não ficou indiferente à provocação, que me agrada - o homem por trás da mulher - eh eh eh. Ui, que me gusta :)
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